- Onde está minha jaqueta? - Finn perguntou enquanto se ocupava em revirar o guarda-roupas.
Mesmo para um dia de verão, o sol parece um pouco mais quente.
- Finn... - Levantei e sentei na ponta da cama, passando as mãos no rosto. - Que horas são?
- Oito e sete - Falou despreocupado. - Vou dar uma saída, mas preciso da minha jaqueta.
- COMO ASSIM OITO E SETE, PORRA? - A tranquilidade acabou, eu corri para o banho.
- Eu ia te acordar - Ele entrou no banheiro, arrumando o cabelo. - Mas você só voltou para nosso quarto às quatro da manhã, achei que soubesse da hora.
- Ela vai me matar - Desliguei o chuveiro e corri para procurar minha saia. - Ela vai me matar.
- Quem vai te matar? - Finn cruzou os braços e ficou me olhando sério. - E essa pressa?
- Minha chefe - Eu andava de um lado para o outro. - Nunca vi uma mulher tão impaciente.
- Eu já - Sorriu. - Vem cá, relaxa.
- E você? - Calcei minhas sapatilhas às pressas. - Vai pra onde?
- Ah, você sabe... Mas volto depois.
- A casa da Mary parece mais interessante do que arrumar um emprego - Suspirei. - É, o que eu posso fazer à respeito?
- Millie...
- Estou atrasada - Peguei as chaves do carro.
/
- A chefe está uma fera - Noah corria para me acompanhar pelo corredor. - O que aconteceu?
- Noah, é sério. Não quero conversar agora.
- Está bem, sabe onde me encontrar.
Corri para minha mesa e o computador parecia demorar horas para ligar, mesmo que fossem apenas alguns segundos.
- Vai, vai... - Bati no aparelho.
Assim que ele ligou, vi a resposta de Sadie pelo e-mail e um documento que veria ser entregue hoje até o meio-dia.
10:48.
- Brown - Os saltos de Sadie faziam mais barulho, ela se aproximou da minha mesa e me encarou. - Na minha sala.
Senti minha boca seca, eu estava nervosa demais para falar qualquer coisa então apenas assenti. Ela saiu na frente e fui atrás dela.
- Feche a porta. - Mandou assim que estávamos na sala.
Sadie respirou o fundo antes de continuar.
- Pelo amor de deus, sente-se. - Indicou a cadeira em frente a sua mesa.
- Escuta, Sad- Senhorita Sink, eu não tinha a intenção de me atrasar, nem faço ideia de como isso aconteceu, eu perdi o alarme e então a jaqueta, eram oito horas e...
- Está bem, está bem, chega.
- Eu vou ser demitida?
- Seu atraso foi sim algo que me fez questionar sua competência... - Ela se levantou e começou a andar pela sala, agitando seus cabelos. - Mas não foi por isso que te chamei aqui.
- Não?
- Não.
Suspirei aliviada, achei que estava por um fio.
- Nossa conversa de ontem me fez pensar em algo - Sadie pegou um caderno e caneta preta, voltando ao seu lugar. - Irei fazer uma pesquisa.
- Que tipo de pesquisa?
- Você reclamou de algumas coisas aqui da empresa... - Ela se encostou na cadeira e colocou seus pés em cima da mesa. - E eu imagino que todos os funcionários tem alguma sugestão. Então, eu preciso da sua ajuda.
- Perguntar a cada um como eles querem melhorias aqui?
- Pensei em chamar um por um na minha sala.
- Bem, isso levaria muito tempo. E seria cansativo.
- Aceito sugestões. - Ela me encarou enquanto mordia a tampa da caneta.
- Eu acho que... - A encarei de volta. - As pessoas se sentiriam mais confortáveis e seriam realmente sinceras se não estivessem olhando para você.
- O que quer dizer?
- Faça uma urna e deixe papéis ao lado dela.
- Como nas eleições... - Sadie balançou a cabeça positivamente e então colocou no seu caderno. - Assim todos falariam abertamente, não hesitariam.
- Exato.
- Você... Trabalha aqui há quanto tempo?
- Três anos. - Eu tinha vinte e um anos quanto cheguei aqui. Era tudo tão novo e eu estava desesperada por uma vaga em qualquer lugar. Acho que aquela chuva caiu em boa hora.
- Me surpreende que você ainda não tenha se matado enquanto... - Suspirou - trabalha nesse lugar.
- Se isso tivesse acontecido eu nunca iria saber que novidades me esperavam.
- Você pode buscar um café para mim? Por favor. - Ela continuou dando pequenos giros na cadeira.
- Certo - Me levantei, irritada. - Irei trazer seu café.
- Muito bem.
/
Noah dava piscadas lentas, quase dormindo enquanto eu contava sobre minha conversa com Sadie.
- Concordo. - Falou enquanto mastigava seu sanduíche.
- Você ouviu o que eu falei?
- Se quer saber a verdade... - Ele virou a xícara de café na sua boca. - Amy está me deixando maluco.
- O que foi agora?
- Está me massacrando por passar muito tempo no trabalho - Passou as mãos no rosto, acordando. - Tenho que fechar o escritório toda noite, chego em casa e me deparo com ela segurando uma garrafa de vinho tentando me seduzir.
- Finn está... - Não quero falar qualquer coisa, preciso medir as palavras. - Bem, é difícil.
- Só deixa ver no que vai dar.