I'm the problem, it's me

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Amelia Archeron:


Meus olhos se abriram devagar, mas meu corpo implorava para que eu não me levantasse. Tudo doía, dos pés a cabeça. Pensei em só ignorar a vida ao meu redor e todos os meus problemas, deitando aqui para sempre, afinal eu posso, sou imortal e posso fazer o que quiser com minha eternidade.

Então, minha barriga roncou.

Ainda não tinha me alimentado desde o pequeno pedaço de pão na pausa da viajem até Hybern. Minha garganta estava seca, eu preciso desesperadamente de água. Muita água. Poderia beber um balde inteiro se me dessem.

O quarto ainda estava escuro, as cortinas estavam fechadas e não entrava nem um tipo de luz pelas brechas. Sentei-me relutante, minha cabeça girou. Sabia que dormia a um bom tempo, afinal meu corpo estava esgotado.

Quando minha cabeça terminou de girar, resmunguei baixinho. Tirei a grande camada de cobertores macios de cima de mim.

Observei as pernas de meu novo corpo, mais firmes do que antes, maiores. Tentei movimenta-las, primeiro um pequeno movimento de cima pra baixo. Meu coração pulou quando senti os nervos de minha perna direita me respondendo, ainda estavam trêmulas, porém eu as sentia e conseguia move-las.

Fiz o mesmo com a esquerda, logo antes de me virar para beirada da cama e colocar meus pés no chão aquecido de madeira. A madeira do chão do quarto é clara, polida como um espelho, refletia meu rosto cheio — cada pequeno espaço de meu corpo agora tinha carne e era ainda mais curvilíneo, — e esperançoso.

Engoli seco e dei um impulso com as mãos apoiadas no extremo da cama; de pé, minhas pernas aguentaram com dificuldade se sustentarem.

Quase grito de alívio.

Mas não é o suficiente para me fazer sorrir, acho que nada seria nesse momento.

O primeiro passo foi seguido de outro, de outro, e eu — com as pernas tremendo como um bambu a cada passo — consegui chegar a porta esculpida de ônix.

Os corredores estavam mais claros do que meu quarto — escuro — por toda sua longa extensão haviam portas, afastadas uma da outra pelo grande tamanho dos quartos; também haviam móveis e obras de arte antigas; vasos mais velhos que países, eu suponho. As paredes eram carmesim escuro com detalhes em preto. Era luxuoso como tudo na Casa do Vento, cada detalhe bem pensado a perfeição.

Coloquei meu rosto para fora da porta e olhei para os dois lados, os corredores estavam vazios. Continuei a me apoiar nas paredes para andar, tentando ir até a cozinha.

Todos os lugares tiraram meu folego; mesmo não sabendo onde ir, perdida por aquele palácio — que tinha uma brisa de lar — , cheguei a cozinha mesmo assim. A cozinha era mais iluminada que o resto da casa, e tinha o espaço aberto até um sofá com poltronas e uma mesa de jantar vasta, para doze pessoas. Era também perto da entrada, a porta era no cômodo a uma abertura de distância.

Em cima do balcão marmorizado havia uma torta, torta de chocolate. Minha boca se encheu d'água e disparei com minhas fracas pernas até atrás do balcão, abrindo gavetas impacientemente até achar um garfo. Volto ao balcão rapidamente e me sento em cima dele com pernas cruzadas de borboleta. Me estico para pegar a torta a uns bons setenta centímetros de mim; coloco ela inteira então em meu colo e começo a devora-la.

Um gemido de satisfação sai de mim, aquela era a melhor coisa que já comi. Realmente, comida feérica tem um gosto completamente diferente, nossa comida devia ter parecido horrível para Feyre depois de comer isso! É espetal

Corte de borboletas da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora