02 | Minha dona?

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Eu estou amando uma mulher há dois anos que nem sequer sabia disso

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Eu estou amando uma mulher há dois anos que nem sequer sabia disso.

Hoje será mais um dia em que vou vê-la diante de mim sem poder abraçá-la, tocá-la, beijá-la e fazer tudo o que minhas inseguranças não permitiam.

Mesmo ouvindo cochichos de que eu era um maluco, arrogante e sem noção, eu admirava a minha linda secretária. Mas, ninguém realmente sabia como me sentia quando escutava esses tipos de insultos. A maioria deles não me afetava, no entanto, quando se tratava de ofensas vindo das pessoas que eu amava, tinha a sensação de que a qualquer momento iria cometer uma loucura contra mim mesmo.

Suguei o ar fortemente, colocando a calça social preta de todos os dias, seguida do meu paletó e sapatos caros que brilhavam mais do que o sol. Abri meu porta relógios em cima da cabeceira tirando um rolex submariner verde o colocando no pulso esquerdo. Sem pressa, terminei de me arrumar e saí do quarto passando pela cozinha e me encontrando com Maitê. Minha segunda mãe.

Ela trabalhava aqui em casa desde que perdi a minha mãe biológica, e só de lembrar desse dia perturbador, me dói por inteiro. E como dói. Se não fosse essa senhora na minha vida, acho que nem estaria vivo para contar a minha história.

― Bom dia, Mai.

― Bom dia, Enzinho. ― a mulher negra, de meia idade, se virou para o fogão. ― Vai ficar para o café da manhã? Tem suquinho na geladeira, e já já o seu bolo de banana fica pronto.

Disfarcei um sorriso com o apelido e modo carinhoso que ela me travava, mesmo sabendo que eu não gostava muito quando dizia isso. Também, não me incomodava a ponto de reclamar.

― Na verdade não, vim apenas beber uma água. Preciso chegar um pouco mais cedo hoje no trabalho e com essa chuva é melhor eu me adiantar.

― Nada disso, senta aí que você vai comer pelo menos uma fruta para não ficar doente!

― Não me trate como um bebê, Maitê. Alice me serve café todas as manhãs. Com fome eu não vou ficar, pode ter certeza disso. ― a tranquilizei, recebendo um olhar de desconfiança.

― Vou acreditar que essa Alice é uma boa moça e vai te forçar a engolir alguma coisa. ― riu baixinho, colocando alguns pães sobre a mesa de mármore no meio da cozinha. ― Ah, se lembre que essa semana você tem consulta com uma nova psicóloga e precisa continuar tomando seus remédios, meu filho. Já tomou algum hoje?

― Você sabe que eu não vou comparecer, já é a quinta vez que você tenta me empurrar para uma dessas e eu sempre dou um jeito de escapar. Quanto aos meus remédios, eu estou tomando sempre que acordo.

O que parcialmente não era mentira. Só os tomava quando me vinha à memória, e isso acontecia desde que a minha bipolaridade foi diagnosticada como o tipo 1 pouco antes da minha mãe falecer.

Eu tinha por volta dos meus dezenove anos, e para mim, esses remédios nunca serviram de nada. Além de me deixar depressivo e nervoso, eles prejudicavam a minha libido na hora do sexo. Claro que isso foi antes de conhecer a minha Alice. Quando comecei a observá-la de longe sentia uma ereção tão dolorosa, que, às vezes, a impressão que passava na minha cabeça era de que meu membro iria acabar rasgando a calça.

          

― Sei que está mentindo e eu só quero o seu bem, menino. Não tente ir contra os médicos.

― Não precisa se preocupar com isso, Mai. Tenha um bom dia. Te amo e se cuide. ― dei um jeito de fugir dela, dando um beijo em sua cabeça e indo em direção a garagem.

Escolhi meu carro rotineiro, e graças a Deus em pouco tempo havia chegado ao trabalho, passando pela mesa de Alice e notando que a mesma ainda não havia chegado.

Ah, mas ela vai me ouvir!

O caminho para a minha sala foi curto. Cheguei na esperança de dar continuidade ao projeto no qual eu estava empenhado a terminar o quanto antes, porém, nada me deixava tão irritado quanto pensar nos atrasos de Alice, tudo bem que ninguém é pontual e ela só se atrasou duas vezes em dois anos, mas isso era algo que eu não admitia dentro da minha empresa.

Ela era como se fosse minha dose diária de café, se eu não a tomasse sentia que tudo ia dar errado.

Detestava quando algo não saía do jeito que eu planejava, mesmo o culpado sendo eu.

Lopez foi uma das únicas mulheres que me passou confiança, ela começou a trabalhar para mim há cerca de dois anos e desde que a contratei, sabia que seria uma das poucas pessoas naquela entrevista que teria coragem de entregar cem por cento do que eu esperava, isso sem contar a sua beleza. Era e ainda é tão linda que meu corpo ardia em apenas imaginá-la. Porra, me deixava inerte saber que ela foi feita para mim, até mesmo o jeito que conversava comigo era diferente.

Se essa mulher soubesse que eu enlouquecia com cada gesto seu, eu estaria nas suas mãos. A deusa tinha um poder emanando sobre mim, e nem se dava conta.

Ela era minha, mas ainda não sabia disso.

Posso até não tê-la de verdade, no entanto, que mal tinha sonhar que nos meus pensamentos já estávamos casados? Nenhum!

Passei a mão na testa voltando ao meu trabalho. Tentei focar nos papéis para não pensar mais em Alice, contudo, ouvi batidas na porta e percebi que não era quem eu esperava.

― Entre.

― Reunião, chefe. ― Matt, um dos assistentes da empresa, me encarava com um certo ar de desespero.

― Reunião do quê? Não estou sabendo de nada.

― É de última hora. Vim te chamar porque só falta o senhor, e a sua secretária ainda não chegou para dar o recado.

O rapaz bem vestido se referia a Alice tão apaixonadamente que a raiva me consumiu, quase me fazendo voar da minha cadeira contra o seu pescoço. Larguei tudo o que fazia e saí até essa maldita reunião, mas não antes de olhar com frieza para o homem jovem e ridiculamente baixo parado na porta.

Depois que entrei na reunião, escutei tudo o que tinha para ouvir dos dez homens engravatados, e o que mais me surpreendeu foi a cara de pau de cada um quando afirmei que não faria nada do que disseram. Eu mandava aqui, eu decidia o que era bom para todos.

― Vocês acham o quê? Que não estou apto para trabalhar na minha própria empresa?

― Finalmente nos entendemos. O senhor mesmo pode dar uma olhada, a procura pelo escritório tem sido baixa durante esses onze meses. Se continuarmos assim, vamos à falência. Para nossa sorte, temos uma filial no Canadá com o projeto que pode mudar o rumo das duas empresas, isso se o senhor não colocar tudo a perder. ― Elton, o mais velho dali, era o que respondia por todos.

― Não vou colocar nada a perder e não vamos falir!

― Nova York é uma cidade cara, não acha que podemos manter esse edifício sem grana, não é?

MEU AMOR IMPOSSÍVEL - livro 1 da série: Os AvellarWhere stories live. Discover now