Eu estou amando uma mulher há dois anos que nem sequer sabia disso.
Hoje será mais um dia em que vou vê-la diante de mim sem poder abraçá-la, tocá-la, beijá-la e fazer tudo o que minhas inseguranças não permitiam.
Mesmo ouvindo cochichos de que eu era um maluco, arrogante e sem noção, eu admirava a minha linda secretária. Mas, ninguém realmente sabia como me sentia quando escutava esses tipos de insultos. A maioria deles não me afetava, no entanto, quando se tratava de ofensas vindo das pessoas que eu amava, tinha a sensação de que a qualquer momento iria cometer uma loucura contra mim mesmo.
Suguei o ar fortemente, colocando a calça social preta de todos os dias, seguida do meu paletó e sapatos caros que brilhavam mais do que o sol. Abri meu porta relógios em cima da cabeceira tirando um rolex submariner verde o colocando no pulso esquerdo. Sem pressa, terminei de me arrumar e saí do quarto passando pela cozinha e me encontrando com Maitê. Minha segunda mãe.
Ela trabalhava aqui em casa desde que perdi a minha mãe biológica, e só de lembrar desse dia perturbador, me dói por inteiro. E como dói. Se não fosse essa senhora na minha vida, acho que nem estaria vivo para contar a minha história.
― Bom dia, Mai.
― Bom dia, Enzinho. ― a mulher negra, de meia idade, se virou para o fogão. ― Vai ficar para o café da manhã? Tem suquinho na geladeira, e já já o seu bolo de banana fica pronto.
Disfarcei um sorriso com o apelido e modo carinhoso que ela me travava, mesmo sabendo que eu não gostava muito quando dizia isso. Também, não me incomodava a ponto de reclamar.
― Na verdade não, vim apenas beber uma água. Preciso chegar um pouco mais cedo hoje no trabalho e com essa chuva é melhor eu me adiantar.
― Nada disso, senta aí que você vai comer pelo menos uma fruta para não ficar doente!
― Não me trate como um bebê, Maitê. Alice me serve café todas as manhãs. Com fome eu não vou ficar, pode ter certeza disso. ― a tranquilizei, recebendo um olhar de desconfiança.
― Vou acreditar que essa Alice é uma boa moça e vai te forçar a engolir alguma coisa. ― riu baixinho, colocando alguns pães sobre a mesa de mármore no meio da cozinha. ― Ah, se lembre que essa semana você tem consulta com uma nova psicóloga e precisa continuar tomando seus remédios, meu filho. Já tomou algum hoje?
― Você sabe que eu não vou comparecer, já é a quinta vez que você tenta me empurrar para uma dessas e eu sempre dou um jeito de escapar. Quanto aos meus remédios, eu estou tomando sempre que acordo.
O que parcialmente não era mentira. Só os tomava quando me vinha à memória, e isso acontecia desde que a minha bipolaridade foi diagnosticada como o tipo 1 pouco antes da minha mãe falecer.
Eu tinha por volta dos meus dezenove anos, e para mim, esses remédios nunca serviram de nada. Além de me deixar depressivo e nervoso, eles prejudicavam a minha libido na hora do sexo. Claro que isso foi antes de conhecer a minha Alice. Quando comecei a observá-la de longe sentia uma ereção tão dolorosa, que, às vezes, a impressão que passava na minha cabeça era de que meu membro iria acabar rasgando a calça.
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU AMOR IMPOSSÍVEL - livro 1 da série: Os Avellar
Romance(NOVA VERSÃO EM BREVE) +16 | Um amor que aos poucos tentará se encaixar de alguma forma, mesmo com vários problemas e dificuldades no caminho. Sendo o melhor arquiteto que a cidade de Nova York já viu, Lorenzo Avellar com seu teor de bipolaridade ir...