vinte e dois

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Esqueci do Thunderbird por dias.

Me despedi calorosamente de Louis no aeroporto, como se eu estivesse fazendo uma viagem de dois anos e não de dois dias. Pedi para Doris não esquece de pegar a receita com a avó, que aproveitasse o sorvete e que eu já estava ansioso para encontrá-la novamente. Por fim, um último tchau antes de me juntar a Niall e Declan.

Quase duas horas de voo. Greg nos buscou no aeroporto de Dublin e nos levou para a casa dos Horans.

O casamento dos primos do Niall foi agitado e perdurou do início da manhã dominical até o cair da madrugada, o que permitiu que Niall flertasse com uma das amiga da noite e evaporou da minha vista por um longo tempo e voltado com lábios inchados e levemente de batom vermelho.

Isso se repetiu umas duas, três vezes. 

A relação que tenho com os Horan é agradável. Normalmente, quando ele vai a Dublin, eu o acompanho, então já conheço boa parte da família ao longo de todos os no casamento, aniversários, dias de São Patrício e nascimento de sobrinhos - que por enquanto ainda é um, mas ouvi Greg comentar que quer lhe dar uma irmã, ou irmão. 

Não obstante, em diversos momentos eu desviava minha atenção de alguma conversa para olhar algumas fotos do Louis com suas irmãs que chegavam no meu celular e devolvê-las com fotos aleatórias.

Então, Louis precisou cobrir um plantão. As irmãs dele voltaram para Doncaster.

Às duas da manhã da segunda-feira, Niall, Declan e eu pegamos um avião de volta e pousamos em Birmingham pouco antes das quatro horas da manhã.

Foi só quando eu abri a caderneta, no dia seguinte, depois de ter colocado parte do sono em dua, que a vontade de - tentar - desvendar algo voltou à mente.

Também se fazem dias que não tenho um sonho qualquer, por isso nem me lembrava da caderneta. Mas agora, depois de ter comido um espaguete saboroso e tomado um banho que me lavou do dia cheio, abro o notebook na escrivaninha. 

Não tenho nenhuma dificuldade em reunir informações do carro no Google. Ford clássico, modelo Thunderbird cabriolet. Lataria vermelha, dois lugares, teto removível. Não é modelo europeu, é esportivo norte-americano. Primeira geração, ano 1955. Custa duas vezes o valor de um apartamento nos dias de hoje.

Quais lembranças dos sonhos eu tenho? Que era novo e bem preservado. Apreciado, por nós dois. Se contar o sonho que o encontrei arranhado, Louis disse que o mandaria para a funilaria bêbado de soberba. 

Está evidente que nos sonhos temos uma vida afortunada para ter um carro como esse, numa época como aquela - seja lá qual seja ela.

Se tenho que confiar nos meus instintos para encontrar respostas, eu preciso interpretar essa novidade… Se o carro é modelo 1955, eu já tenho uma perspectiva maior e melhor que antes.

Nunca cheguei a anotar número da placa, o que seria uma bela informação. 

Anos cinquenta. Anos de Ouro.

Menos de setenta anos atrás.

De 1955 para o ano em que nasci há uma diferença de mais de quarenta anos.

Mas esse foi o ano de lançamento do carro. Lembro dele novo, mas isso não significa nada. 

No entanto, deslumbro por longo tempo as fotos de Birmingham no século passado, dessa vez, procurando pelos anos cinquenta, sessenta e setenta

Não há muita diferença na cidade entre as duas primeiras décadas em comparação ao grande pulo dos anos sessenta para setenta. Quero dizer, em sessenta, a quantidade de prédios industriais é maior, e na década posterior triplica, assim como a qualidade das fotos. Poucas fotos dos anos setenta são em preto e branco.

Dream a Little Dream of Me • L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora