Capítulo 02

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No fim da tarde, de uma segunda-feira, uma tempestade se abateu, acompanhada de trovões e raios que iluminavam o céu negro. Bryan e eu estávamos confortavelmente instalados no sofá da sala, imersos em um filme, enquanto aguardávamos o retorno de nossos pais do trabalho.

— Bryan, não é melhor desligarmos a televisão? Está trovejando muito — avisei, com uma pitada de temor na voz. Sempre tive medo de dias assim.

— Logo na parte boa do filme? — ele questionou, perplexo. Porém, logo percebeu a inquietação nos meus olhos. — O que foi? Está com medo? Venha aqui, não vai acontecer nada — continuou, se aproximando. Ele lançou o braço em volta dos meus ombros, enquanto começava a acariciar meus cabelos, um gesto familiar que sempre me acalmava em dias tempestuosos.

— Nossos pais estão demorando — murmurei, tentando desviar o pensamento da tempestade.

— Devem ter parado em algum lugar até essa chuva passar — ele disse, com a confiança de quem sabia que tudo ficaria bem.

— Devemos ligar para eles — insisti.

— Está bem, fique aí — respondeu, caminhando até a mesa. Pegou seu celular e, após alguns minutos, recebeu a confirmação de que nossos pais haviam estacionado o carro e entrado em um restaurante para se abrigar da chuva. — Viu? Não precisa se preocupar, eles estão bem — disse, sorrindo enquanto depositava um beijo suave em minha testa.

Bryan começou a comentar sobre o filme, mas um estouro repentino do lado de fora fez o coração disparar em meu peito. A luz da casa se apagou, mergulhando-nos na escuridão.

— Minha nossa! — exclamava, com os olhos arregalados.

— Calma, Valentina — soou a voz de Bryan, serena e tranquilizadora. Ele me abraçou com força. — Vamos para o quarto. Você pode dormir comigo até esses raios passarem.

— Não precisa pedir duas vezes — respondi, aliviada. Ligamos a lanterna do celular e nos dirigimos para o quarto dele. Logo, nos acomodamos, cada um em sua cama. Eu tentei focar em algo além da tempestade, buscando o sono enquanto a chuva ainda caía lá fora.

Horas depois, acordei com a sensação de que tudo havia se acalmado. Levantei-me para beber água e, ao retornar, avistei nossos pais entrando pela porta.

— Boa noite, querida — disseram em uníssono, com a voz cheia de alívio.

— Boa noite — respondi, sorrindo. Meu pai fechava o guarda-chuva, enquanto minha mãe passava as mãos pelos cabelos encharcados, tentando enxugar as gotas que insistiam em escorregar.

— Seu pai e eu tomamos um belo banho — disse ela, gargalhando. Olhei para suas vestes molhadas e não consegui conter as risadas.

— Tomem um banho logo, antes que peguem um resfriado. Bryan e eu compramos pizzas, se vocês quiserem, estão guardadas na geladeira.

— Você e seu irmão estão com maus hábitos alimentares — advertiu minha mãe, com um olhar brincalhão. — Terei que estabelecer algumas regras e mudar para uma alimentação mais saudável. Mas pizza em uma noite assim não está nada mal, não é, querido? — Ela olhou para meu pai, que sorriu em concordância.

— Tem toda razão, querida — disse ele, lançando um beijo suave na testa dela. — E digo isso nos dois sentidos — ele acrescentou, sorrindo.

— Eu vou voltar a dormir — respondi, esvaziando o copo d'água que havia preenchido. — Dormem bem, amo vocês!

— Também te amamos, filha — disseram em coro, enquanto eu me despedia e caminhava até o meu quarto.

Ao fechar a porta, um sentimento de segurança envolveu meu coração. Apesar da tempestade lá fora, a calorosa presença da minha família sempre me trazia paz. Era uma noite como tantas outras, mas cheia de promessas e novos começos.

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( Livro 02)  Um Encontro InoportunoOnde histórias criam vida. Descubra agora