Capítulo 1

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- Julie -

Terminava de arrumar as minhas malas, não conseguia sentir nada, vivia ultimamente em um piloto automático. Meus devaneios foram cortados por um grito impaciente vindo do andar de baixo.

— Hija! Eu vou perder o voo, seja mais rápida!

— Já vou! — gritei em resposta sentindo lágrimas contidas escorrendo em minha bochecha.

— Mãe... — sussurrei enquanto apertava a corrente que eu nunca tirava do meu pescoço na esperança de receber algum conforto ou alguma merda de sinal.

— Hija! — gritou mais uma vez — Vamos logo!

Respirei fundo, peguei as malas e saí daquele quarto sem olhar para trás.

***

Meu pai me deixou na porta e praticamente não se despediu, só disse que o assistente dele já tinha resolvido tudo na diretoria. Não me importava com essa distância em que eu ele criamos, eu até prefiro que seja assim. Eu senti um calafrio percorrer meu corpo, encarei com mais atenção a estrutura do colégio e puta que pariu... que lugar enorme. Ao entrar no hall de entrada me senti perdida em tudo, talvez isso seja bom, estar em lugar em que talvez ninguém te conheça. Um recomeço?

— Você sempre fala sozinha? - disse uma voz brincalhona atrás de mim.

Ao me virar vejo uma garota que aparentava ter a minha idade, seu cabelo tinham dreads, acompanhado de algumas mechas coloridas.

— Desculpa! — cocei a nuca — Não percebi que estava pensando alto.

— Tudo bem — deu de ombros — Eu sempre falo sozinha, a verdade é que todos temos nossos fantasminhas para conversar — riu. De certa forma a garota tem razão, mas o que ela não sabe é que os meus fantasmas me abandonaram também — A propósito me chamo Flynn, você deve ser nova, certo?

— Sou a Julie — respondi retribuindo o aperto de mão.

— Gostei de você e se eu gosto de alguém é porque é o dia de sorte dessa pessoa. Agora venha que eu vou te mostrar tudo — ela me puxou com as malas sem dar tempo para que eu pudesse responder qualquer reação.

- Luke -

— Levante flor do dia! — Reggie pulou em cima de mim — É dia de conhecer os novatos.

— Me acorde quando terminar o discurso do Bobby — respondi com a voz sonolenta, afundando minha cabeça no travesseiro.

— Depois eu que sou ranzinza aqui — Alex bufou e eu o conhecia o suficiente para saber que já estava arrumando a sua gravata.

— Acorde, Lucas! — Reggie insistiu — Quero contar a novidade logo!

— Pode ser uma Coca-Cola...

— Ele não está falando de café da manhã, cacete — Alex tirou as minhas cobertas — Como você é preguiçoso!

— Mas que porra Brad Pitt Junior! — gritei.

— Fala isso de novo e eu nunca mais passo cola de prova pra você.

— Posso falar ou não?

Esfreguei a mão no rosto e me sentei, olhei para o relógio.

— Conta logo — revirei os olhos — Posso dormir mais cinco minutos.

— Você tem que se arrumar ainda.

— Por Deus, é só colocar o uniforme, não tem segredo - rebati.

— Minha mãe vai gravar uma música com latino Ray Molina! — gritou me fazendo levar um susto e despertar de vez.

SÁLVAME | JUKEWhere stories live. Discover now