Durante o caminho até o hospital, Alexia Collins contou à Adam Ruzek que odiava usar o sobrenome do pai, preferindo usar o sobrenome Martin de sua mãe. Contudo, sabia que seria mais fácil para algum conhecido de Mia identificá-la, pois era o mesmo da irmã.
Enquanto dirigia, o policial ouviu atentamente a garota contar como foi difícil chegar em Chicago, os perrengues que passou e o alívio ao encontrar uma localização, mesmo que não fosse exata, de sua irmã mais velha.
Mesmo ainda tentando associar os últimos acontecimentos, Adam tentava não pisar em ovos com a mais nova, percebendo que ela falava sem parar por estar nervosa.
Ao pararem na recepção do Chicago Med, Adam cumprimentou Maggie com um leve sorriso e explicou rapidamente o que estava acontecendo antes de pedir para visitar Mia. A enfermeira assentiu positivamente em resposta, dizendo à Adam que o colega detetive dele estava como acompanhante da garota há algumas horas, fazendo o loiro deduzir que era Antonio Dawson.
Quando entraram no corredor da UTI, Alexia sentiu o coração disparar e a respiração falhar, já fazia muito tempo que não via a irmã e saber que ela estava gravemente ferida não melhorava a situação. Adam afagou as costas da jovem gentilmente, encorajando-a, e Alexia forçou um sorriso que pareceu mais uma careta nervosa.
— Halstead? — A voz de Adam Ruzek era um misto de confusão e choque quando entrou no quarto e se deparou com Jay Halstead. O detetive parecia não dormir bem há dias, usava um casaco preto e touca, o distintivo preso na calça e as olheiras aparentes no rosto. — Não sabia que estava aqui — o policial decidiu que era melhor não questionar o que o amigo fazia ali, sabia como ele se sentia em relação ao acontecido e não queria fazê-lo reviver a situação mais do que o necessário. Jay deu de ombros, olhando de Ruzek para Alexia, arqueando uma sobrancelha ao analisar a garota. — Essa é a Alexia — limpou a garganta antes de prosseguir pausadamente — Collins — Jay franziu o cenho. — A irmã mais nova da Mia.
— Detetive Jay Halstead — o homem esticou a mão para ela, após alguns segundos de silêncio, e Alexia a apertou, torcendo para que ele não sentisse o suor frio que se acumulava em sua palma.
A jovem mulher preferia olhar para os olhos azuis e preocupados do detetive do que para sua irmã pálida e desacordada naquela cama de hospital, sendo monitorada por aparelhos.
— Alexia... Lexi Collins — claramente nervosa, colocou uma mecha loira que havia soltado de sua trança para atrás da orelha. — Ela vai ficar bem? — Lexi finalmente focou os olhos azuis acinzentados em Mia, suspirando e abraçando o próprio corpo, rezando por uma resposta positiva.
— O Dr. Choi veio aqui mais cedo e está otimista, disse que a Mia teve uma melhora considerável nas últimas horas — Jay suspirou, sentindo-se aliviado pelas notícias serem boas. — Will acha que ela pode acordar muito em breve.
Adam respirou fundo, sentindo como se meia tonelada tivesse sido tirada de seus ombros, e se aproximou da cama, depositando um beijo doce na testa de Mia.
— Você vai sair dessa — sussurrou, acariciando a bochecha dela com o polegar, algo que tinha feito tantas vezes, algo que ela adorava. — Vamos te dar um minuto, Lexi. — Adam olhou para Jay, que assentiu em resposta e tocou o ombro de Lexi de forma complacente, antes de sair junto com o policial.
— Ei, mana — receosa, Lexi se aproximou da cama, sentindo os dedos trêmulos e o estômago dando piruetas. — Quanto tempo — sentiu uma lágrima rolar por sua bochecha.
Mia sempre fora forte, guerreira, era doloroso vê-la naquela situação. Ao segurar a mão da irmã, Lexi notou uma cicatriz de queimadura em seu braço, próxima à tatuagem de um cavaleiro com uma espada que ela havia feito no mesmo dia que Lexi decidiu que queria marcar a silhueta de Jim Morrison na pele. Com a lembrança, a mais nova sorriu.
— Sei que não vai parar de lutar, conheço você, mas preciso que se esforce mais um pouco — a voz da jovem era embargada, mesmo com o sorriso ainda no rosto. — Preciso que volte para mim.
***
— Você sabia? — Jay Halstead indagou, encostando na parede ao lado de Adam Ruzek.
Os dois homens não paravam de olhar, através do vidro, para dentro do quarto, onde Lexi segurava a mão de Mia e acariciava seu cabelo ruivo.
— Eu não fazia ideia — Adam deu de ombros, meneando a cabeça negativamente, e passando a mão no cabelo loiro. — Mia nunca comentou sobre ter uma irmã mais nova.
— E como sabe que a garota está dizendo a verdade? — A postura de detetive estava presente conforme Jay abaixava o tom de voz, arqueando uma sobrancelha quando Ruzek o fitou.
— Além da semelhança física? — Jay deu de ombros. — Ela mostrou algumas fotos, das duas juntas, na infância e adolescência. E isso — o loiro apontou na direção do quarto, fazendo o amigo a olhar para as duas, era impossível negar que havia uma conexão muito forte ali — não é algo que se vê todo dia. — Halstead e Ruzek ficaram em silêncio por alguns segundos, apenas observando, até que Lexi se aproximou da porta e encostou no batente, cruzando os braços e olhando para os dois.
— Eu sei o que estão pensando — os dois homens a fitaram, curiosos. — Uma garota surge do nada e diz que é irmã da sua namorada e da sua amiga — Lexi apontou para Adam e depois para Jay.
O detetive torceu os lábios em uma careta casual, mas Adam balançou a cabeça, negando que fossem namorados, mesmo sabendo que era o que mais queria. Lexi ignorou o gesto, mesmo querendo rir dele.
— O que querem saber? — Olhos azuis acinzentados fitaram os azuis claros de Jay.
— Por que só procurou por ela agora? — Halstead cruzou os braços, esperando por uma resposta. Lexi olhou para Mia antes de começar a falar.
— Na verdade, estou procurando ela há meses — suspirou, como se falar sobre o assunto causasse dor física nela. — Não somos filhas da mesma mãe, mas infelizmente, ou felizmente, vai saber, compartilhamos o mesmo pai. Mia já deve ter dito o quão babaca ele é — os dois assentiram, prestando atenção nas palavras dela. — Mia tinha acabado de fazer dois anos quando eu nasci, nosso pai e a mãe dela estavam separados quando ele se envolveu com a minha mãe, Lea Martin, a melhor amiga de Sara Price, mãe da dela. — Lexi soltou uma risada baixa ao ver a surpresa na expressão dos homens parados à sua frente, dando de ombros antes de continuar a contar sua história. — Ele me registrou, mas nunca foi um pai presente, na verdade, alguns meses depois do meu nascimento, implorou para retomar o casamento com a Sara, e como ela sempre preferia acreditar no lado bom das pessoas, acreditou nas promessas vazias dele.
— Sinto muito? — Adam murmurou, recebendo uma careta dela em resposta, demonstrando que ela não se sentia mal por não ter muito contato com o pai. — Como vocês duas se aproximaram? — Lexi percebeu o quão interessado o policial loiro de olhos castanhos estava no assunto, se questionando se Mia sabia o quão "caidinho por ela" ele estava.
— A Sara sempre soube da minha existência, e nunca escondeu isso da Mia, ela achava importante que nos conhecêssemos, que soubéssemos da verdade. O que ela não sabia era que seríamos grandes amigas. — O sorriso de Lexi não chegou aos olhos, algo que fez Jay, subitamente, ter vontade de abraçá-la e consolá-la. — Ela e minha mãe nunca mais voltaram a ser amigas como antes, mas era impossível não notar o quão felizes ficavam pela minha relação com a Mia, mesmo que isso causasse mais brigas entre Sara e Nicholas, nosso pai.