Narrador Onisciente
Depois daquele ocorrido, Kadu informou aos bombeiros tudo o que havia visto daquele confronto. Os bombeiros fizeram um relatório de ocorrência e ofereceram ajuda a Kadu, mas o mesmo recusou dizendo que estava bem.
Kadu saiu do parque sem acreditar no que havia acontecido. Ele mal sabia o que iria fazer, pois estava muito tenso. O pensamento dele dizia que o mais correto seria salvar o sr. Pinheiro, em contrapartida achava que poderia ser muito perigoso e ainda tinha dúvidas de onde poderiam ter levado o dono do parque.
Kadu pegou seu celular e entrou num site de notícias da cidade, com a intenção de encontrar informações. O incidente no parque estava na primeira página, logo Kadu supôs que seus pais já sabiam de tudo o que havia acontecido e que deviam estar muito preocupados.
Navegando pelo site, encontrou uma notícia que dizia no título: "Sequestros aumentam em Soralith, 5 pessoas desapareceram somente nesta semana". Kadu continuou lendo até que viu que 3 dos desaparecidos sumiram num dos bairros menos agitados de Soralith: Afonso Douglas. Para Kadu, isso era uma dica de onde poderiam ter levado o sr. Pinheiro. Ele também se lembrou de que nesse bairro existia um metrô que foi condenado por trilhos mal feitos. Esse lugar abandonado é rodeado de suposições que informam que fantasmas brancos tomaram conta dos trens. Kadu juntou todas informações em sua mente e para ele, tudo fazia sentido. Os fantasmas eram os criminosos de manto branco! Pensou Kadu.
Antes que pudesse pensar em como iria agir, a mãe de Kadu ligou preocupada:
- Kadu! Eu e seu pai vimos o que aconteceu no noticiário! Você está bem? Fizeram algo contigo?
- Eu estou bem, mãe. Não aconteceu nada comigo, pode ficar tranquila. Já estou voltando para casa. - Respondeu Kadu tentando acalmar sua mãe que estava claramente preocupada.
- Seu irmão tá indo te buscar.
- Não precisa mãe! Eu já estou chegando, não precisa disso!
- Kadu, já está de noite, ele está indo até você.
- Mas mãe, eu posso volt--
- Você acabou de sair de um confronto com uma organização criminosa! Joey vai te buscar e pronto. Espere por ele, por favor.
- Ok mãe...
- Se cuida, filho. Até logo.
- Tchau mãe, até.
Kadu desligou a chamada nervoso. Não se preocupe, mãe. Ele pensou, suspirando. Vai ser rápido.
E então Kadu seguiu caminho até o metrô condenado. Eram 19h30. No meio do caminho, ele encontrou um pedaço de madeira com um parafuso. Pegou para usar de arma, caso precisasse lutar.
Quando ele chegou no bairro misterioso, estranhou o fato de as casas estarem todas com as lâmpadas apagadas. A única coisa que iluminava o caminho eram os postes de luz. Ele avistou o metrô, mas decidiu se esconder para ver se iria ter algum movimento suspeito no portão. Depois de algum tempo, uma pessoa com manto branco saiu do metrô, olhando para todos os lados, visivelmente ansiosa. Kadu pulou instintivamente no sujeito e lhe deu uma forte paulada, o que foi suficiente para o mesmo desmaiar. Kadu pegou o manto da pessoa e vestiu.
Ele ajeitou o manto, vestiu o capuz e abriu o portão lentamente, para não fazer barulho. Kadu percebeu que o manto que havia vestido era um pouquinho diferente do que os criminosos usaram na invasão do parque. Seu manto tinha alguns detalhes em dourado.
Quando o portão enferrujado foi aberto, Kadu se deparou com um longo corredor iluminado por tochas. Ele seguiu as tochas enquanto observava o mofo e as rachaduras presentes nas paredes do metrô. A atmosfera era bem estranha por lá.
Depois de um tempo, Kadu acabou esbarrando em uma escada rolante que não estava funcionando. Desceu por ela cuidadosamente, um passo de cada vez, desviando das rachaduras. No fim da escada rolante, um sujeito muito alto, que estava vestindo um manto cinza esgarçado, olhou para Kadu, perguntando:
-Coé, Won! Tinha alguém do lado de fora?
Kadu sem saber o que responder disse:
- N-Não.
- Aconteceu algo contigo? Você não estava tão estranho hoje mais cedo...
Kadu ficou alguns segundos pensando no que responder, mas logo disse:
- Eu estou bem. O que você faz aqui?
- O general pediu para eu te chamar. Ele quer anunciar as boas novas... sabe como é, né?
Ok, eu tenho um mal pressentimento sobre isso. Pensou Kadu. Mas é tarde para voltar atrás...
- Vamos - Disse Kadu
Então o sujeito misterioso levou Kadu até outro portão, e antes de abrir disse a ele:
- Won, quando eu abrir esse portão, faça nossa dança da vitória, ok? Vai impressionar a todos!
Kadu nem conseguiu responder, pois estava muito nervoso e pensava que tudo aquilo podia ser uma armadilha.
O sujeito abriu o portão e logo em seguida fez a tal "dança da vitória", porém foi tão estranha que todos no salão começaram a rir.
Era essa a tal da dança? Pensou Kadu, confuso. Que graça tem em ficar apontando uma mão para o alto e outra pra baixo enquanto fica virando? Esse cara é tão estranho quanto esse lugar.
- Subam! - Disse um homem com manto branco e preto, que estava em cima de um palco, com um cálice em sua mão - Vamos apresentar nossa conquista!
- General Hokodan! Estamos subindo aí, parceiro! - Respondeu Gnok (O cara da dancinha) enquanto puxava Kadu até o palco
Kadu decidiu acompanhar ele, pois ainda não fazia ideia de onde o sr. Pinheiro poderia estar.
Quando Kadu e Gnok subiram no palco, o general Hokodan cumprimentou-lhes com uma saudação estranha, que consistia em deixar a mão aberta, mas com o dedo anelar abaixado. Em seguida o general declarou:
-Hoje será o nosso dia de glória!
Todos no salão fizeram o mesmo gesto de saudação.
Kadu percebeu lá de cima que a maioria das pessoas usavam mantos brancos, mas que existiam algumas exceções, como por exemplo, um hipopótamo humanóide com uma armadura da idade média.
- Depois de longos anos sendo a pior divisão da Dorokari, finalmente... finalmente... finalmente descobrimos uma forma de resgatar o grande mestre! Hoje, será um dia histórico! Pois, a partir de agora, nós, a quarta divisão, seremos os maiorais dessa droga! - Declamou Hokodan enquanto dava goles em seu cálice - Hoje temos o poder em nossas mãos! Nós seremos os responsáveis por resgatar o nosso mestre! Em breve, a única função da segunda divisão será limpar os nossos sapatos! Com a língua!