To Be a Rebel, It's an Honor

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Virgínia, EUA. 1607.

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Emily's P.o.v:

          Um raio de luz atinge meus olhos, fazendo-me apertar as pálpebras antes de abri-las relutante. Pisco algumas vezes, até focar na imagem de Susan erguendo uma lamparina na frente de seu rosto, direcionando o flash para mim. E sem que eu note, dois de seus homens se agacham ao meu lado para retirarem as algemas que prendem os meus pulsos, o que me surpreende. Não sei o que está acontecendo. Nem sei o que deu nela, mas o sorrisinho travesso em seus lábios não indica ser boa coisa.

                      一Levante-se, princesa! Vamos dar um passeio 一é só o que diz, antes de se virar e sair pela mesma porta que entrou.

          Os homens praticamente me colocam de pé, já que minhas pernas parecem mortas pelo tanto de tempo que ficaram baixadas e imóveis. Ambos também me carregam até o lado de fora do cativeiro, onde finalmente posso mirar a luz do sol. Ah, sol! O quanto penei pelo seu brilho...

           A líder está bem ao lado de Apollo, livre da carranca costumeira. Aparentemente desarmada e de braços abertos para uma nova tentativa. O que ainda não consegui adivinhar, é o que ela planeja, uma vez que, até o dia anterior, sua intenção era me matar.

                         一O que está acontecendo?一questiono, assustada. 一O que eu fiz?

                         一Perguntas erradas 一ela responde. 一Deveria questionar para onde vamos.

                         一Como assim? Não vai mais me manter presa?

                         一Calma lá... Tudo dependerá do seu comportamento. A finalidade pela qual te dei uma folguinha, se resume em te ouvir.

           Arqueio uma das sobrancelhas, sem entender.

                          一Perdão?

                          一Te ouvir. Não era isso que você tanto queria? Agora estou te dando a oportunidade de falar pelos cotovelos.

                          一Não faz sentido. Por que mudaria de ideia tão repentinamente?

                          一Na verdade, o Apollo quem me convenceu 一aponta o colega ao seu lado. 一Te matar seria um desperdício, já que se trata da dama das três coroas, portanto, entramos num consenso. Já que diz pensar como nós, queremos ouvir seus pensamentos.

           Estou sonhando? Como que o ser mais impiedoso desse lugar, simplesmente decidiu ter piedade de mim? Algo parece muito errado.

                        一Mas, antes... 一continua. 一Tomará um banho 一enrijece o nariz como se o cheiro não estivesse agradável, e não é para menos.

          Fiquei trancafiada por semanas, é óbvio que o meu odor não é um dos melhores.

                         一E onde eu faço isso?

                         一O Otto irá mostrá-la. Mas fique tranquila, terá toda a privacidade do mundo.

           O sorrisinho travesso outra vez, pendendo em seus lábios e dando margem a infinitas interpretações. Eu poderia estar caminhando para a minha própria cova, ou para um paraíso desconhecido, no qual somente ela saberia me guiar.

          O tal do Otto agarra o meu braço, direcionando-me para dentro do casebre, mais especificamente para um dos cômodos afastados. Somos só nós dois. O mesmo não solta uma palavrinha, pois está sob ordens expressas de sua chefe e deve obedecer. Ao invés disso, me leva até uma salinha, onde de longe posso ver uma enorme bacia com água e alguns sabonetes nojentos. Nunca em sã consciência me atreveria a passar aquilo no meu corpo, mas nas circunstâncias em que eu me encontro, não estou na posição de pestanejar.

Com amor, Emily - A história [Desfecho]Onde histórias criam vida. Descubra agora