— Como? — Franzi o cenho para ele, sem entender direito o que tinha dito.
— Comece a correr agora, era uma fada da lua! — Ele me olhou e vi que estava pálido e tremendo.
O brilho surgiu novamente, mas dessa vez bem em nossa frente. Eu virei automaticamente o rosto na direção da luz e me arrependi amargamente. Uma mulher de dois metros de altura brilhava. Ela nos olhava com dúvida, sua pele toda reluzia como se fosse um diamante no Sol, seus olhos estavam vermelhos e sua boca, lívida, aberta. Seus dentes eram grandes e pontudos, como se fossem de um tigre. Com as asas abertas e os pés descalços, ela rosnou em nossa direção, fazendo minhas pernas tremerem.
Começamos a correr e ela a voar em nossa direção. Ouvi outro rosnado e Yuri me jogou para o chão. Ela passou voando e parou na porta da hospedaria.
— Droga! — Yuri xingou. Ele direcionou a luz da lanterna para dentro da casa que estava ao nosso lado, a fada emitiu um grunhido e impulsionou seu corpo para frente. — Venha! — Ele me puxou para dentro da casa, e fechou a porta em seguida.
Ouvimos por uns dez minutos o som das unhas da fada arranhando a porta de madeira da casa que havíamos invadido, mas ela não tentou abrir a porta em nenhum momento. Não tínhamos encontrado as chaves e, no pânico, ficamos o tempo todo segurando a porta com nossos corpos.
— Acho que ela se foi — ele sussurrou, acendendo novamente a lanterna.
— Será que ela pegou os outros? — indaguei sussurrando.
— Não. Uma única fada não conseguiria fazer isso.
— Mas e se ela não for a única?
Ele fechou a cara e passou os olhos pela casa. Tudo estava arrumado, como se a pessoa que ali morasse tivesse saído e já voltasse. Ele se levantou e começou a caminhar, eu continuei sentada de costas para a porta, até que ele voltou com um molho de chaves nas mãos e a trancou.
— Mas e se os donos voltarem? — perguntei, levantando-me.
— Não acho que vão voltar — Yuri respondeu, sem virar-se para mim. Seus olhos percorriam a casa.
Meu coração se apertou.
— Venha! Vamos olhar pela casa, ver se encontramos algum vestígio que nos dê uma pista.
Olhamos por todos os cômodos e nada, parecia que a qualquer momento os donos da casa entrariam, mas ninguém apareceu. O Sol surgiu entre as colinas e a cidade continuou vazia.
— Como pode mais de duzentas pessoas desaparecerem assim? — perguntei, olhando pela janela.
Yuri apareceu por trás de mim e sentou ao meu lado. Ficamos observando a rua vazia por mais de meia hora. Estávamos cansados, com sono e com fome. Resolvi procurar algo na cozinha. Encontrei frutas, pães, frios, sucos e leite. Comemos em silêncio. Quando terminamos, Yuri levantou-se e tomou a liderança.
— Temos que achá-los. Vamos!
Levantei-me e o segui, afinal, ele era a única pessoa que eu tinha naquele momento, já que todos tinham sumido. Eu sabia que deveríamos ficar juntos e descobrir o que estava acontecendo.
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Fadas da Lua
FantasyConto* Sinopse: Para Ane, fadas eram os seres mais mágicos e puros dos contos de infância. Elas eram perfeitas e bruxas eram feias e corcundas. Mas ao entrar na adolescência, Ane descobre que é uma bruxa, assim como a mãe e a avó. Próximo ao S...