0.5 - No consequences

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And I know that you see what you're doing to me


Marlene McKinnon acordou e precisou apenas de alguns segundos para recordar-se de que dormira com Sirius Black, afinal o cheiro de limão e eucalipto invadiram as suas narinas. E, ao perceber que ele não estava deitado ao seu lado quando esticou o braço e encontrou uma cama fria, a loira quase pensou que o desgraçado havia se esgueirado sorrateiramente para fugir da manhã pós-sexo e precisou de alguns segundos para perceber que não faria sentido Sirius ter feito isso, já que estavam no apartamento dele.

Foi então que, sentando-se apressadamente, Marlene abriu bem os olhos, tentando acordar por completo para absorver a realidade que batia em sua cara.

Geralmente, a pessoa que acordava no meio da madrugada e deslizava para fora do apartamento o mais rápido possível para não lidar com a dolorosa manhã pós-sexo era... ela. O seu corpo parecia ter um alarme próprio todas as vezes que a McKinnon dormia fora de casa. Não importava onde ela estava, fosse na casa de algum ficante, ou até mesmo de Lily, Marlene sempre acordava por volta das seis horas da manhã. O seu próximo passo era rabiscar um bilhete qualquer, deixando o seu número de telefone (ou, dependendo de como a noite anterior ocorrera, um falso) e então sair o mais rapidamente do local.

Mas, naquele dia, Marlene não acordara subitamente às seis da manhã. Pelo contrário, dormiu confortavelmente bem até às onze e meia. A compreensão lhe atingiu em cheio, de modo que a McKinnon sentiu que precisava gastar alguma energia. Por isso, levantou-se, primeiro procurando as suas roupas. Gemeu baixinho ao lembrar-se que, embora a sua calcinha, a legging, as meias e os coturnos possivelmente estivessem por ali em algum lugar, o seu sutiã e a sua regata deveriam estar em algum lugar entre a sala e o quarto, e estar vestida apenas na parte de baixo não era lá muito diferente do que estar nua.

Acabou encontrando uma muda de roupas largas e duas toalhas e, embora tenha ficado agradecida pelo gesto de Sirius, notou que não encontrava as suas roupas em lugar nenhum, exceto pelos seus coturnos, que estavam arrumados ao lado de uma cadeira. O quarto de Sirius era incrivelmente organizado para o que Marlene achava que encontraria. Ele falara do Potter, mas aparentemente prezava por um ambiente limpo e arrumado tanto quanto o amigo. Se as roupas de Marlene não estavam à vista, só deveriam estar sendo lavadas, o que dificultaria a sua saída daquele apartamento em muitos graus.

De súbito, Marlene estancou os pés no chão, ao ver o seu reflexo no espelho comprido na porta do guarda-roupa do Black. Ela estava um caco. Nem mesmo a sua maquiagem guerreira resistiu e começava a dar sinais de alguns borrados aqui e ali. O seu cabelo era um emaranhado de nós, o seu corpo tinha marcas e um rastro de gozo seco estava em parte de seu queixo, pescoço e peito.

A McKinnon arfou, as memórias da noite anterior a atingindo em cheio. Céus, estava acabada e sequer havia sido fodida pelo Black. Marlene só podia imaginar o estado em que ficaria quando aquilo acontecesse.

Ela quase se engasgou com a própria saliva, a mente voltando a acelerar à milhão.

"Quando" aquilo acontecesse. Por Deus, ela já estava contando com possibilidades futuras e não com "se". "Se" era algo muito melhor, uma constante na vida de Marlene, ainda mais quando se tratava de romances. "Se estivermos juntos até lá, com toda certeza iremos ao casamento de sua irmã" (terminaram bem antes do tal casamento). "Se sairmos novamente, eu com certeza mostro o meu piercing escondido" (o coitado não viu nem o par de piercings no seio, que dirá o debaixo).

Mas "quando"? Marlene fugia de pessoas que usavam esse termo. "Quando você conhecer os meus pais, vou fazer questão de dizer que você ama filmes clássicos de terror, meu pai vai amar você" (essa, com certeza, era a pior e a que fazia Marlene inventar desculpas das mais esfarrapadas). "Quando você conhecer o meu rato de estimação, vai perceber que são animais tão dóceis quanto cães" (ela passava, obrigada). Essas foram apenas algumas dentre tantas frases assustadoras que faziam planos hediondos para o futuro. E agora ali estava Marlene. Dizendo "quando", mesmo que em uma frase que não lhe causasse repulsa alguma, afinal, transar com Sirius Black não seria nada menos que maravilhoso, ela tinha certeza.

Bulletproof | BlackinnonOnde histórias criam vida. Descubra agora