Capítulo 17

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Jeon Jungkook

Passei o resto do meu fim de semana tentando imaginar minha reação a Jimin em minha cabeça. Por que de repente eu sinto essa atração por ele? Ele é lindo, com longos cabelos escuros e grandes olhos azuis. Há algo nele, algo que não consigo entender, mas seja o que for, isso me leva até ele.

    E ele está aqui agora.

    — Mundo pequeno — eu digo quando os caras estão longe e não podem ouvir.

    — Sim. — Ele prende uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Como está o Jonnie?

    Posso sentir o sorriso quando ele pergunta.

    — Ele está bem. Está com minha mãe. Ela vai cuidar dele para mim. — Estou falando mais do que ele perguntou.

    — Você tem sorte por ele estar com a família. A maioria dos bebês não tem essa sorte.

    — Sim, mas me sinto mal. Meu pai está aposentado há apenas alguns anos, e eu sinto que estou prendendo os dois novamente.

    — Duvido. Em primeiro lugar, ele é adorável, e pelo jeito que sua mãe estava falando no fim de semana, ela está amando ser vovó. Parece que seu pai também.

    — Você falou com a minha mãe? — Quando foi isso? Como eu não sabia disso?

    — Sim, Jinyoung e eu almoçamos com ela e Lisa no shopping. Achei que tivéssemos contado.

    Ah, merda. Lisa disse que ela os encontrou, mas não mencionou que mamãe estava junto. Por que odeio o fato de ele ter encontrado minha mãe sem que eu estivesse junto? Minha mãe a conhece — Jimin e Lisa se formaram juntos, e estamos numa cidade pequena —, mas, ainda assim, sinto que deveria estar lá com ele, para que eu o apresentasse, não Lisa.

    — Sim, é isso que eles me dizem.

    — Bem, se você perguntar aos meus pais, eles dirão que esse é o objetivo da aposentadoria. No entanto, parece que estou acabando com os planos dele. — Ele ri.

    — Não está pronto para encontrar alguém? — pergunto. Que diabos? Por que estou bisbilhotando sua vida? Não é da minha conta, mas quero a resposta.

    — Não é isso. Mas está difícil.

    Seus olhos parecem perder um pouco do brilho. Agora quero saber o que — ou quem — dificulta as coisas para ele. Ou dificultou. Ele está saindo com alguém? Por que a ideia de ele ser de outro cara me incomoda?

    — Difícil?

    Ele ri.

    — Sim, sabe como é, um namorado pior do que o outro. Tenho me dado conta disso depois de tantos tombos.

    — Namorando? — Eu preciso saber.

    — Não.

    — Eles eram idiotas. — Eu deixo escapar as palavras sem pensar. Não poderia ter sido mais sincero, mas deveria ter ficado calado.

    Ele cora.

    Que docinho.

    — Eu deveria concordar, embora tenha certeza de que por motivos diferentes.

    — Independentemente disso, eles eram uns idiotas — digo novamente.

    — Ei, Jungkook, vamos? — Heesung grita pela porta da frente.

    — Eu preciso ir. Está tudo certo, mas te ligo se acontecer alguma coisa.

    — Está bem. — Ele olha para o relógio. — Merda, eu preciso começar a trabalhar. Tenha um bom dia, Jungkook.

    Eu o vejo pegar sua bolsa e sair correndo da casa, e então fico olhando para a porta por vários minutos, paralisado. Quando Jisung entra na minha frente, eu saio do meu transe.

    — Tudo bem? — ele pergunta.

    — Sim. Vocês descarregaram tudo?

    Ele assente.

    — Ele é bonito. — Ele aponta com a cabeça em direção à porta.

    — Ele é — eu concordo. Ele é mais do que bonito, é lindo pra caralho, e doce demais.

    — Você acha que pode me dar o número dele? — É o quê?

    — Não — eu rosno.

    — Cara, para com isso. Isso não vai interferir no trabalho, prometo.

    — Por que vocês dois estão demorando tanto? — Mark pergunta.

    — Estou apenas tentando fazer com que Jungkook me dê o número de Jimin — Jisung diz a ele.

    — Isso aí. — Heesung estende o punho para Jisung dar um soquinho nele.

    — Isso não vai rolar, porra — eu digo, minha voz baixa e irritada.

    — Vamos lá, cara. Por que você está tão mesquinho? — Soobin pergunta.

    Eu olho para ele.

    — A menos que... — Mark bate o dedo no queixo. — Você queira Jimin.

    Sim.

    — Ele é neto de um cliente — eu digo para despistar.

    — Que besteira — Jisung dispara de volta, e todos concordam.

    — Como posso entrar em um relacionamento agora? Meu filho precisa de mim. Eu tenho que ser mãe e pai, e é uma luta diária do caralho. Não tenho espaço para mais nada agora.

    Heesung cruza os braços sobre o peito.

    — Quem disse alguma coisa sobre relacionamento?

    Porra!

    — Esse não é seu modus operandi, cara — Mark aponta. — Como eu disse, isso é besteira. — Jisung sorri.

   — Estamos perdendo tempo — digo, tentando mudar de assunto. Qualquer outro que não seja sobre Jimin e eu.

    — Você não parecia se importar muito quando você e o sexy Jimin estavam batendo papo — Heesung acusa.

    — Temos um cronograma a cumprir — digo, ignorando sua piadinha.

    — Jungkook e Jimin sentados num banquinho, trocando beijinho — Soobin canta.

    Eu dou um soco em seu ombro, impedindo-o de terminar sua musiquinha.

    — Trabalho — digo. Eu não fico ali para ouvir outras de suas zombarias e vou até minha caminhonete. Eu pego a pasta com os detalhes das reformas e tento pensar no que precisa ser feito. O aqui e agora, é nisso em que preciso me concentrar. Jimin é lindo, mas falei sério quando disse que precisava aprender a cuidar do meu filho. Claro, estou bem até agora, mas já faz uma semana. Uma semana inteira, e apenas três desses dias, eu fiquei sozinho com ele. É cansativo e assustador demais. Sou homem o suficiente para admitir isso.

    Preciso aprender a cuidar dele, ter certeza de que ele tem o que precisa. Talvez, depois disso, eu possa viver um pouco para mim. Agora, porém, vivo para ele — meu carinha.

REALIDADE INESPERADA - Jikook - HIATUSWhere stories live. Discover now