Águas passadas.

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''Uma folha que cai sobre a água e é levada pela correnteza, chega ao seu destino, isso é inevitável. Seja uma cachoeira, o fim do riacho, não importa. Mas, e se a correnteza dar meia volta?''

Não posso deixar o passado me abalar. Não importa o que me tornei, eu tenho um foco, certo? Eu tenho que concluir meu objetivo, eu devo fazer o que for preciso para conseguir conclui-lo. Devo esquecer minha infância, e tudo que aconteceu. O passado não nos molda, e sim um presente, pare de acreditar nesses contos de fadas estúpidos. Se concentre, Leonard.

Joguei a água fria do encanamento no meu rosto, e abri devagar meus olhos, lembrando de minha mãe, maldita seja aquela noite. Sai do banheiro, me deparando com o cadáver de Dionisio.

- Patético. - Dizia enquanto passava por cima de seu corpo sem vida.

Continuei o meu caminho, pegando o pote, e indo até o seu frigobar. Sobre ele, um guardador de facas, peguei uma e a guardei. Desci tranquilamente a escada, como se nada tivesse acontecido. Cheguei aonde tinha causado a briga anteriormente, agora só precisava descobrir aonde ele estava. Droga, não perguntei para aquele porco o nome do piloto, mas, não preciso me desesperar. Olhei em volta, era só procurar alguém fardado, um homem com roupa de marinheiro estava bebendo no bar, conversando com uma mulher jovem. Me aproximei, com as mãos no bolso.

- Licença, sou amigo de Dionisio, ele ordenou que me leve até a Doca, pelo submarino. Quero ver como é de baixo da água. Aqui estão as coisas.

- Ah, claro. - Disse um pouco desanimado, e tomou uma pausa. - Me dê licença, senhorita, foi um prazer te conhecer.

O homem se levantou, era um pouco menor que eu, tinha seus 30 anos, barba por fazer, olhos azuis, um rosto estreito, e um cabelo castanho, era um homem bonito. Ele se virou de costas, esperando que eu o acompanhasse, e assim fiz. Ele chamava um pouco de atenção, e eu também, coisa que não gostava muito. Chegamos a parte de fora da embarcação, e ele tirou do bolso algo que parecia um rádio, colocou perto dos lábios finos.

- Liberem o Submarino, central. Arraia 13.

Um guincho trouxe de cima o submarino, nem havia reparado nele anteriormente, fiquei um pouco surpreso para ser sincero. O guincho colocou ele na nossa altura, e o capitão abriu a porta, e entrei logo depois dele, fechando a porta, me sentando em uma cadeira encostada na cadeira. O guincho nos soltou, com uma queda um tanto brusca. Caímos na água e logo tomamos profundidade, com o homem no comando, que foi pilotando o veículo. Me sentei, olhando pela janela circular a pouca vida marinha que tinha no local. Pensava o que fazia com o homem, era apenas mais um para a enorme contagem de corpos. Lembro até hoje de meu primeiro homícidio, ou melhor, os.

15 de Maio de 2009.

- Corre, caralho! Ele tá vindo! - Disse acelerando os passos.

Disse para Italo, que corria ao meu lado. Olhando para trás, vi Pitolomeu correndo atrás da gente, ele era o mais rápido entre nós, e mais alto, mesmo sendo mais novo. Eu também sou extremamente rápido, mas não me comparo a Pitolomeu, ou Geometria, como a gente costuma chama-lo. Geometria joga basquete, por isso tem um fôlego de se admirar, é até assustador.

- Podem correr o quanto quiserem! - Ele chegava mais perto a cada milésimo.

Era polícia e ladrão, e bem... A gente levava bem a sério. Só faltava eu e Italo como ladrões. Egisto, Ademaro, Artemio, Adalrico e mais 3 que não faço questão de saber o nome já haviam sido capturados. Acazzio, Marco e Izaia surgiram na nossa frente e Izaia na direita, e Geometeria atrás. A gente estava cercado, olhei para a esquerda, único lugar que estava livre, a estação de trem abandonada. Para lá corri, pulando o muro.

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