CAPÍTULO 1

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  O falecimento inquieta as almas dos mais próximos a nós que tenta entender o motivo da sua perda, que se diga de passagem é considerada como a lei natural da vida, mas que quando é tirada de nós antes da hora, deixa apenas a escuridão das incertezas. Minha função é encontrar a causa do óbito, e desvendar os autores de tal crime.

- Erick Ferraz

Acordo com o som do rádio ecoando pelo apartamento e me vejo diante da mesa da cozinha. Observo a garrafa de vodca sobre a mesa e ainda um pouco desnorteado me sirvo mais um drinque.

Apanho a aspirina na pia da cozinha. Coloco o remédio no interior da boca e dou um gole em minha bebida.

Volto para a sala. Em frente à mesa de centro analiso toda a documentação do meu trabalho espalhado sobre o móvel. Passo as mãos sobre os cabelos tentando aliviar minha frustração.

Respiro fundo e acendo mais um cigarro. Esfrego os olhos voltando a minha concentração para essa nova investigação. Apanho a papelada e leio o padrão do assassino, interligando as mortes pela sua origem.

As vítimas eram homens caucasianos, com cerca de quarenta e cinco anos de idade, todos os cinco com cargos políticos e foram encontrados amarrados na cama de motéis diferentes, com quarenta facadas no abdômen, e seus órgãos genitais foram cortados. Essas são as únicas informações que os conectam no momento.

Sem testemunhas, fitas de vídeo ou qualquer coisa que diga quem é esse desgraçado que está dificultando meu trabalho que normalmente é fácil. Só preciso coletar informações, fazer a rotina padronizada e uma narrativa se constrói sobre as evidências do crime, mas não houve material algum coletado na cena do crime que nos leva até esse assassino e por enquanto não encontrei outras locações relacionadas as vítimas.

Dou uma tragada no cigarro e observo atentamente as fotografias dos cadáveres sobre a mesa. Ao analisar mais de perto finalmente encontro algo peculiar na barriga de cada um. Todos estão marcados em sua carne com a letra "A". Essa assinatura do assassino pode ser uma grande pista.

De repente meu celular toca. Tento ignorar a ligação porque minhas forças se concentram em permanecer no mesmo lugar, mas o barulho do aparelho continua a ecoar pelo cômodo e sem paciência o apanho na mesa da cozinha.

— Policial Rubens falando. — Me pronuncio com a voz cansada.

— Tentei te ligar o dia todo, mas seu celular estava fora de área. — A voz da minha parceira soa do outro lado da linha.

— Ana, você sabe que não gosto de conversas, enquanto avalio as pistas... — Repreendo-a, mas ela me interrompe com uma voz alegre.

— Por isso mesmo que estou te ligando, encontrei uma pista! — Posso imaginar o rosto feliz dela nesse momento, e dou risada.

— O que descobriu? — Respondo, tentando não transmitir a minha exaustão em meu tom de voz.

— Todas as vítimas frequentavam o clube "Drink Dance" localizado no bairro águas claras. — Comenta em êxtase com sua descoberta. — Isso quer dizer que...

— Nosso assassino trabalha lá. — Completo o raciocínio antes dela continuar.

— Ou assassina! — Reitera. — Por isso que adoro esse trabalho. — Complementa animada.

— Claro, já estou saindo, me encontre na frente do shopping que vamos juntos para lá. — Respondo ela, tentando controlar o peso da minha voz.

— Espera aí... Você está sem se alimentar mais uma vez, não é? — Seu tom muda de alegre para irritadiço no mesmo segundo. — Meu Deus, não acredito! Vá tomar um banho, que estou a caminho, prepararei algo decente para você colocar no estômago.

A PROTETORA (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora