"É triste sentir que tudo na minha vida está desmoronando e não ter ninguém para estender a mão para me ajudar".
Olá, meu nome é Ally Wanda, e este é meu sétimo dia na terapia. Parece pouco, mas para mim, é como se cada sessão revelasse uma camada daquilo que tento esconder até de mim mesma. Minha mente... é um lugar caótico. Ela é povoada por tantos mundos diferentes, onde cada um reflete um pedaço de mim que, às vezes, nem reconheço. Há dias em que esses mundos colidem e tudo parece se encaixar, mas em outros... é como se cada um deles quisesse me puxar para um canto diferente, e eu fico sem saber quem sou ou o que sinto de verdade. Viver assim, nessa constante alternância entre momentos de lucidez e de escuridão, é como andar sobre gelo fino. A cada passo, não sei se vou afundar ou seguir em frente. O que me assusta é essa incerteza que carrego, como se o meu bem-estar fosse algo frágil, que pode desmoronar a qualquer instante. E o mais cruel de tudo isso é saber que essa instabilidade não afeta apenas a mim. Ela reverbera nos outros, nas pessoas que se importam, e isso me faz sentir como se fosse um peso. Como se, de alguma forma, eu estivesse arrastando todos para o meu próprio caos. Hoje, antes de vir para o consultório, fiz algo que não fazia há seis anos: vesti um vestido. Um simples vestido rosa-claro que ia até o joelho. Ele estava ali, esquecido no fundo do armário, como um vestígio de uma vida que parece distante, uma versão de mim mesma que eu quase não lembro mais. Quando o coloquei, senti uma mistura de insegurança e coragem. Era como se, por um momento, eu quisesse acreditar que poderia voltar a ser aquela pessoa que vestia vestidos sem pensar duas vezes. Mas, ao mesmo tempo, havia uma vulnerabilidade. Talvez, mais do que o vestido, eu estivesse tentando vestir uma sensação de normalidade que não me pertence mais.
— Ally, hoje você está radiante. Esse vestido realça algo em você que vai além da aparência... é como se estivesse se permitindo brilhar de uma maneira diferente. Claro, você sempre foi linda, mas hoje... hoje há algo especial. Está realmente deslumbrante.
— Obrigada, mas, para ser honesta, eu não me sinto bonita com esse vestido. Aliás, eu não me sinto bonita em nenhum vestido. É como se não fosse eu, sabe? Acho que sou mais eu mesma quando estou de calças... me sinto mais protegida, como se elas escondessem algo com o qual eu não sei lidar quando estou assim.
— Mas por quê, Ally? Você está simplesmente maravilhosa com esse vestido. Suas pernas, o jeito como ele te veste... está tudo perfeito. Eu sei que pode ser difícil acreditar, mas, honestamente, ver você assim é incrível. É como se eu pudesse ver uma versão sua que estava escondida. Estou realmente adorando te ver desse jeito.
— Eu me sinto magra demais quando uso vestido. Quer dizer, eu já sou muito magra, mas quando estou assim, parece que minhas pernas ficam ainda mais finas, mais expostas. Para ser sincera, eu nunca gostei do meu corpo. Acho que sempre foi assim, desde que me lembro... É como se eu nunca tivesse conseguido enxergar algo em mim de que realmente gostasse.
— Ninguém nasce odiando o próprio corpo ou a si mesmo, Ally. Essas são coisas que a vida e as pessoas ao nosso redor acabam nos ensinando, pouco a pouco. Em algum momento, você foi levada a acreditar que não era suficiente, e isso se enraizou em você. Mas a verdade é que essa visão não é sua, foi imposta... e o mais difícil é desaprender isso.
Ela tinha dito uma verdade, como sempre faz. As pessoas, de fato, me ensinaram a odiar meu corpo. Mas, pensando bem, não foram só as pessoas... foi a sociedade inteira. Somos bombardeados, desde pequenos, com padrões que nos fazem acreditar que não somos suficientes. E, para mim, isso começou na escola. Eu lembro de me olhar no espelho e me comparar com as outras meninas, que pareciam tão perfeitas, tão distantes de quem eu era. Cada uma delas parecia personificar o que a sociedade dizia ser "belo", e eu? Eu me sentia pequena, inadequada. Foi ali que comecei a carregar esse peso, esse ódio silencioso por algo que nunca deveria ter sido uma questão: o meu corpo.
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Os pensamentos de Ally
Teen FictionEm Londres, Ally é uma jovem que carrega o peso da solidão e da tristeza. Afetada pela depressão e ansiedade, ela sempre acreditou que a solidão era sua única companhia. No entanto, um evento desencadeante a leva a perceber que, para mudar sua reali...