C A P Í T U L O 89

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CHRISTIAN ANDERSON

     Termino de enrolar um baseado fininho com o restante de maconha que eu tinha guardado.

     O Dr. Andrew receitou uma quantidade pequena só pra começar, o suficiente para três baseados fininhos. Eu não usei um segundo, mas "emprestei" pro Nate no sábado, porque ele estava sofrendo com uma puta dor no joelho do jogo de sexta-feira, e ele estava sem erva. Agora eu só tenho esse último aqui, e se eu quiser continuar o tratamento, vou precisar me consultar com o Dr. Andrew de novo. Não sei se estou preparado para ouvir umas verdades nuas e cruas sobre minha teimosia.

     Mas talvez amanhã eu esteja.

     Foi decidido por mim mesmo e somente por mim mesmo, que hoje eu vou curtir. Vou me deixar levar pela necessidade de ser um adolescente fazendo merdas em festas sem supervisão adulta. Já consigo sentir o gosto da batida de cereja, o suor escorrendo pela nuca enquanto danço bem agarradinho com minha garota, e a boca da Sam deslizando no meu pau quando a gente se trancar no banheiro. Os planos são esses. Esquecer e aproveitar. Não é difícil, eu só preciso de um pouco de erva e uma boa dose de álcool.

     E quando amanhecer...

     Amanhã eu quero ser sincero com a Sam sobre como estou me sentindo e toda essa palhaçada. Estou disposto a ajeitar as coisas. Jogar as cartas na mesa. Ela quer me ajudar? Porque eu quero que ela me entenda. Vamos...como é que se diz? Ah, é, discutir a relação. De um jeito bom, não ruim.  Apesar de eu estar tendo problema, nosso namoro está indo bem. Muito mais do que só "bem", não precisamos tentar consertar isso. O que a gente precisa é de sinceridade. Eu não tenho sido sincero com ela, e isso não é estar sendo justo nessa relação. Não tem como ela entender como eu me sinto, se eu não digo a ela como eu me sinto.

     Por mais chocante que isso possa ser, o Nate tem razão. Eu preciso falar com ela. Usar palavra. Me comunicar. O problema é que quando penso na Sam sabendo de todas as minhas emoções por trás da ansiedade – o Spencer, o futebol, meu avô, o medo de estragar tudo e todas as outras 500 coisas que eu penso em um dia –, sinto um frio na barriga, umas borboletas ruins que me deixam ainda mais ansioso. Com ainda mais medo.

     De duas, uma; isso vai levar nosso namoro há um novo patamar, mais maduro, mais íntimo e mais forte. Ou vai destruir tudo o que construímos até este exato momento da linha do tempo.

     Estou distraído quando ouço uma única batida na porta, e nem se eu tivesse o sentido aranha seria capaz de me preparar rápido o suficiente com a entrada repentina – e sem noção – da Mona.

     — Tian.

     Eu me assusto com sua voz, deixando o baseado escapulir de meus dedos e cair no chão. Rapidamente me agacho para pegá-lo antes que ela veja, sem mesmo nem sair da cadeira, e quando vou me levantar, acho batendo com a cabeça na porra da mesa.

     — Ai, porra. — Resmungo, passando a mão sobre o local da batida. — O que você quer, Mona?
     — Maconha.

     Quê?

     Giro na cadeira, na direção da porta onde ela ainda está parada, arregalando os olhos. O baseado eu escondo atrás de mim, como uma criança escondendo o biscoito que ela está comendo antes do jantar.

     — Como? — Pergunto, nervoso
     — Você tava bolando maconha. — Mona sorri maliciosamente — Você é maconheiro, Tian?

     Não respondo imediatamente. Eu hesito, pensando em algo para dizer, até que algo me vem em mente.

All For You #3 [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora