Tento não encontrar defeitos em mim mesma enquanto olho no espelho. Eu tinha separado um vestido verde com o corpete salpicado de pequenos brilhos já há dois meses, pensando em usá-lo no baile. Na época me pareceu mais do que suficiente, justo em cima para ressaltar minha cintura, rodado na parte de baixo bem ao estilo de um baile digno de colégio. Mas agora eu que tinha um par de verdade e que não estava indo apenas para trabalhar, me parecia pouco. Aflita, resolvo deixar meu cabelo quase completamente solto prendendo apenas uma mecha única no meio, na linha na minha testa. A presilha dourada combinava com a costura do vestido e devo admitir que o tom verde do tecido ressaltava o verde musgo dos meus olhos. Mesmo calçando uma bota marrom de salto bonita eu não me senti elegante o suficiente para ir nesse baile. Mas agora era tarde para desistir, Tristan já deveria estar a caminho.
Assim que saio do quarto, quase esbarro no meu irmãozinho mais novo. Ele estava carregando um prato com um sanduiche pela metade no centro. Desvio dele, praticamente rosnando, só de pensar que molho de mostarda quase empesteou todo meu vestido:
-Nossa_ penso que ele expressa susto por meu olhar de brava, mas ele tem a visão fixa na minha roupa. Encara do meu cabelo até minhas botas_ você está parecendo outra pessoa.
Acho que isso foi um elogio. Sempre dizia que normalmente eu parecia uma esquisita ou coisa do tipo e agora não sabia que adjetivo usar para tentar falar mal de mim.
-Querida..._ a voz de Cornélio também tem admiração. Ele desponta pelo corredor, me fitando com a boca aberta_ está deslumbrante.
-Obrigada_ tento sorrir confiante, como sempre, mas meu olhar vacila. Seria o suficiente?
-Fiz alguns cupcakes, se quiser lanchar antes de sair_ ele aponta para o balcão da cozinha enquanto me acompanha até a sala e eu estico o pescoço para enxergar pequenos bolinhos Red Velvet sobre a mesa.
-Certo, mas estou sem fome_ murmuro, sentindo meu estomago embrulhar, de nervoso.
-Você está bem? _ a voz de Willy parece genuinamente preocupada_ está com uma cara estranha.
-O que? _ me volto para o pequeno espelho que ficava na parede da sala de estar e confiro se tinha alguma coisa errada com minha maquiagem.
-Ele quis dizer que parece meio petrificada querida_ Cornélio aponta_ está nervosa?
Antes que eu tenha chance de responder, uma batida soa na porta. Me dou conta de quem deve ser e arqueio as sobrancelhas. Meu irmão é mais rápido do que eu, correndo na direção da entrada, se apressando em destrancar e girar a maçaneta:
-Papai, tem um príncipe do lado de fora da nossa casa_ não detecto tom de piada na voz dele, mas mesmo assim torço o nariz por estar me deixando sem graça.
-Boa noite_ a voz de Tristan soa e sem perceber, Cornélio me ultrapassa, já chegando na porta e estendendo a mão para ele.
-Boa noite, sou o pai de Gwen_ ignoro meu pai adotivo e encaro meu par para o baile. Entendo porque Willy fez a piada sobre príncipes. Tristan estava vestindo um terno cinza levemente azulado que ressaltava a cor dos seus olhos azuis brilhantes. A calça preta era impecável e as mechas loiras do cabelo estavam perfeitamente ondulados, nenhum fio fora do lugar.
-É um prazer conhece-lo, senhor_ sua educação é ilustre, como naquele dia no Star Coffe quando o conheci_ Gwen está pronta?
Quando ele olha para mim não me movo. Continuo parada no meu lugar, petrificada. Ele realmente tinha conseguido se superar. Perfeito não seria uma palavra suficiente para descrever a aparência dele naquele exato momento.
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Exilados
FantasyEles são adolescentes normais estudando no ensino médio em uma pequena cidade no nosso mundo. Mas ao mesmo tempo não são. São habitantes cheios de poder do reino mágico de Meridiah, mas não fazem ideia disso. Eles não tem memória, pistas ou suas mag...