Capítulo 29 - One Last Breathe

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Depois de toda a discussão, digo, toda a conversa pouco amigável, onde quem queria mostrar mais poder sobre a vida da Lyn, Kev e Anthony conseguiram tirar meus sogros de casa, trazendo um pouco de paz e sossego, dentro daquilo que poderíamos ter, claro.
Lyn acabou adormecendo, e sinceramente, fiquei até feliz com isso, por mais que tenha sido todo o cansaço que fora causado pelo desmaio e pelas discussões aqui, pelo menos ela iria ter um pouco de sossego. E eu, claro, aproveitei esse meio tempo para fazer aquilo que julguei todos por fazerem: falar por ela.
Vejam bem, a Lyn estava cansada, travando uma briga com uma doença onde, nas últimas semanas, eu e Gabi éramos as únicas que sabíamos, claro que, Kevin estava agindo por trás dentro dos limites, mas a gente não tinha conhecimento dessa façanha dele. Nota mental, não confiar em ex-militares.
Voltando ao que interessa, ela precisaria de todas as pessoas que a amam e todo o suporte que pudermos dar, mesmo que ela não peça. E é ai que eu entro, isso não me torna diferente dos outros e nem quero um troféu por isso, tudo o que eu quero, e que no fim do dia, ela se sinta acolhida, independente de quanto tempo ainda teremos com ela.
- E ai? – falei, interrompendo a conversa dos meus dois amigos e de Haylley – Será que eu poderia conversar com vocês?
- O que? Vai dizer que tem mais coisa escondida? – Erick disse, um pouco irritado.
- Olha, vocês podem ficar putos comigo, eu não ligo, de verdade. Eu não quero pedir pra vocês me apoiarem nem nada, mas quero que pensem, e muito, no que vão fazer e falar, não por mim, mas pela Lyn.
- Você acabou de fazer todo um discurso..
- É, Erick. Me chame de hipócrita se quiser. Eu já falei, eu estou cagando e andando para o que vocês vão falar sobre mim. Eu não sou o ponto principal disso aqui, ela é. E ela não vai dizer, ela não vai pedir e ela vai a cada dia mais se afastar de vocês, como ela já tem feito. - que vontade de socar a cara desse garoto.
- E o que você sugere? – Senhor, três pessoas na sala e a única que realmente quer me ouvir é a garota que eu queria que sumisse.
- Olha, pra você, eu sugiro que você resolva aquela questão, você sabe. Eu queria me estapear por dizer isso, mas no fim do dia, a gente sabe o quanto a Lyn confia em você, Hay. Ela está em uma situação em que, veja bem, Erick e Brook trocaram diversas farpas com ela por minha causa, e com tudo o que estava acontecendo, ela meio que não acredita muito no suporte que eles possam dar. Ela está assustada, e não é pra menos, você sabe que nem em um milhão de anos eu abriria esse espaço pra ti, mas isso está além, muito além, da nossa rinha. Mas a gente sabe também, que aquele assunto pendente não vai deixar com que ela lhe dê abertura.
- Eu não tô entendendo bem, Anny. Você quer que eu resolva justamente o que fez com que nós terminássemos?
- Sim e você sabe bem o porquê. Nós duas, eu e você, passamos por diversas coisas com ela, em suas diferentes complexidades. E apesar dos pesares, da mesma forma como ela nunca me odiou, eu tenho certeza que contigo é a mesma coisa. Não estou dizendo pra você dar em cima dela de novo, porque ai a coisa vai mudar o rumo e eu vou ter que mostrar meu lado doido, – ela riu, enquanto os outros dois observavam sem entender nada – é só que, você esteve do lado dela, por muito tempo, e independente de qualquer outra coisa, sabe, é disso que ela precisa agora. Ela tem que tomar uma decisão e eu sei que assim como eu, você não vai fazer essa escolha por ela, vai apenas estar ali, apoiando.
- O que te faz pensar que eu não sou capaz de apoiar minha amiga também?
- Erick, com todo respeito, vai se foder. Você, assim como os pais dela, acha que sabe o que ela precisa, ou o que ela quer. Desde que eu e ela nos reaproximamos, tudo que tem feito é mandar indireta e não teve a decência de sentar e conversar, de escutar o que ela tinha pra dizer. Sabe quantas noites ela dormiu chorando, porquê tava com medo? Sabe quantas vezes ela quis contar pra ti mas estava machucada demais pra acreditar que você a escutaria? Não, você não sabe. Eu sei, porque foi eu e a Gabi que passamos por tudo isso com ela.
- Mas isso não foi uma escolha minha.
- É claro que foi, cara! Se você toma atitudes, bem idiotas por sinal, que a afastam, o que você acha que vai acontecer?
- Erick, eu acho que ela tem razão. – Haylley disse.
- Duas vezes no mesmo dia? – falei, espantada.
- Bizarro, eu sei, mas é verdade. Eu sou muito grata por vocês torcerem pela nossa história, mas, no fim das contas, o que eu fiz foi pior do que a traição de Anny. E convenhamos, Erick, você não deveria julgar essa parte já que sabia disso e não contou.
- Ouch.
- A questão é, todos nós já erramos com ela. E isso não é uma competição do menor ou maior erro. Conhecendo bem a Lyn, e todos nós conhecemos, ela não vai pedir, ela não vai falar se tem algo incomodando, ela simplesmente vai seguir o caminho dela, de forma solitária, porque a gente ta aqui, discutindo coisas idiotas. Então, é, a Anny está certa. Até porque, a própria Anny não é de ferro também, não existe uma comparação, não está fácil pra Lyn, mas certamente não está pra ela também.
- O que vocês duas sugerem então?
- Que todos nós paremos de brigar, a gente pode se odiar internamente, não tem problema. E sinceramente, vai doer em todos nós, seja qual for a escolha dela. Porque vocês acham que isso ainda não foi definido? Ela está com medo, de não viver os sonhos dela, mas ao mesmo tempo, ela não quer nos ver sofrer. O que precisamos fazer é, estar aqui, independente do que aconteça, pra ela e por ela. Porque a guerra maior vem ai, os pais dela não vão aceitar tão fácil.
- Droga. – Erick disse – Eu sou um idiota.
- Tudo bem, todos somos.
- É, isso me lembra que eu tenho que resolver algumas questões... Anny, será que posso falar a sós contigo?
Dei de ombros, nós saímos do apartamento, porquê sabia que era um assunto delicado e que o fofoqueiro do Erick não iria se conter. Por mais que eu quisesse colocar essa questão num outdoor, a melhor maneira de lidar com isso agora, era deixar que cada peça se encaixasse em seu lugar. Eu só espero que no fim, eu esteja certa, e que a Lyn me ame mesmo. Caramba, muito difícil fazer esse rolê de coisa certa puta merda.
- Diga. – Me sentei num banquinho que tinha ali na área comum do condomínio.
- O que você sabe sobre essa história?
- Tudo.
- E você acha que tudo bem eu resolver isso e continuar na vida dela? - dei de ombros, já havia discutido essa parte na minha cabeça milhões de vezes.
- Sinceramente, Hay, nesse ponto, tudo que eu quero fazer é melhorar os últimos meses de vida dela. Obviamente eu não espero que você tente reconquista-la nem nada do tipo. Eu não sei, de verdade... – tive que parar por uns segundos para engolir o choro – Eu não sei quanto disso é do tumor e quanto disso é do coração dela. Mas eu não aguento mais ver ela sofrendo por inúmeras coisas e ao mesmo tempo preocupada com a vida dela e com os outros. Pra mim, o que realmente importa, é dar uma qualidade de vida, segurança e paz. Sabe?
- Eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas eu me enganei ao seu respeito. Você pode ter seus defeitos mas é muito lindo ver o que está fazendo por ela. Não sei se, no seu lugar, eu faria o mesmo.
- Eu vou até fingir que não ouvi isso, porque tudo bem querer se enganar, mas todos sabemos no fim do dia, que por mais que isso possa ser errado e machuca-la, Lyn é uma pessoa muito passiva e que treme na base só de pensar em chatear ou contrariar as expectativas de alguém. Então, é, você faria o mesmo sim, talvez um pouco mais educada e menos grossa do que eu, mas faria.
- Os meninos não sabem, né? – fiz que não – Honestamente, me admira muito você ter guardado esse segredo sabendo que isso facilitaria sua vida.
- Isso não é sobre mim.
- E depois, o que a gente faz?
- Eu espero continuar sendo a namorada e você a ex maluca que não sai do pé dela, pra eu poder seguir feliz a minha vida.
- Eu estou falando sério.
- Eu sei. Eu só não consigo pensar no depois, porque dói imaginar um depois em que ela não exista mais em nossas vidas. Dói pensar que amanhã eu posso acordar e ela não. E meu Deus, você era a última pessoa com quem eu queria desabafar sobre isso, mas eu sinto que estou sufocando o tempo todo com esse medo. Então, é... Eu prefiro só viver todo dia ao lado dela, como se fosse... – engoli em seco outra vez, mas com as lágrimas vencendo.
- O último. – ela completou.

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