Sinto Sua Falta

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Já se passou um dia, estamos à caminho do enterro. Não consegui dormir pregar os olhos desde que tudo aconteceu, dona Júlia está mais melancólica do que antes, acho que sua ficha já caiu, seu Pedro como sempre não esboça nenhuma reação.
Quando chegamos lá, outros parentes e amigos dele já estavam lá, eles estavam à nossa espera para começar o enterro, nunca tinha visto tantas pessoas chorando em um único lugar. Assim que entramos, os abraços seguidos de choros desesperados começaram.
- Oh Julia minha querida, eu sinto muito. - disse a tia Fernanda enquanto abraçava dona Júlia chorando.
- Obrigada minha querida, ele vai fazer muita falta. - respondeu dona Júlia separando um pouco o abraço.
Seu Pedro se sentiu em um canto isolado, acho que ele iria chorar mas seu irmão João, apareceu para abraçá-lo e dizer:
- Como você tá meu mano?
- Estou tentando seguir em frente, essa noite foi difícil, Júlia não parava de chorar.
- Esse primeiro momento é difícil mesmo Pedro, nós não conseguimos expressar nossos sentimentos direito por causa do nosso pai, mas você não precisa segurar esse sentimento irmão, pode colocar pra fora.
Essa foi a frase que seu Pedro precisava escutar, ele começou à chorar desesperadamente, ele parecia uma criança assustada, nunca o vi daquele jeito, até dona Júlia se assustou ao vê-lo assim.
Alguns minutos depois, o enterro começou, o caixão foi levado até a cova, pelo caminho dona Júlia e a tia Fernanda foram orando até o local. Quando chegamos até lá, seu Pedro chorou desesperadamente novamente e saiu correndo de lá, dona Júlia foi atrás dele para acalmá-lo.
Após o enterro, deixei dona Júlia e seu Pedro em sua casa no começo da tarde, então fui para a minha casa pois iria receber uma visita, minha mãe.
Quando eu cheguei em casa, tentei arrumar o máximo possível para evitar comentários indesejáveis da minha mãe, ela adora comentar sobre as coisas que eu faço ou deixo de fazer na minha casa.
Assim que terminei de arrumar tudo, e ela chegou, já reclamando da cor do tapete da entrada.
- Nossa filha não tinha outra cor de tapete na loja não?
- Oi pra você também mãe.
Eu tinha feito alguns biscoitos de chocolate e um bolo de laranja, porque eu sei que ela adora minha comida, pelo menos é o que ela diz pra mim.
- Esse bolo que você faz é tão bom minha filha.
- Obrigada mãe.
- Fiquei sabendo o que aconteceu com seu amigo, sinto muito
- É, ta sendo difícil
- Mas olha pelo lado bom, pelo menos vc se livrou daquele moleque, eu tenho certeza que ele mexia com drogas
- Como que é??
- Eu tô falando alguma mentira? Ele era só problema, não sei porque você tinha amizade com ele, e te avisei milhares de vezes que..
- CALA A BOCA
- Tá louca menina?? Tá gritando comigo por quê? Me respeita, eu sou sua mãe
- sai da minha casa...
- Fala alto, engoliu a língua?
- Sai da minha casa agora.
- Você tá louca??
- Eu disse pra sair da minha casa, agora. Eu não admito que você fale mal do meu melhor amigo depois do que aconteceu com ele, ainda mais dentro da minha casa. Saí daqui.
- Você vai se arrepender
Ela saiu e bateu a porta com força, assim q eu escutei o barulho da porta, desabei. Chorei até minha cabeça doer, e a única coisa que eu conseguia pensar era "Por que ela é assim??? Por que tudo na minha vida é um problema pra ela?? Se fosse com a minha irmã, ela seria muito mais compreensível, oq tem de errado comigo??"
Fui pro meu quarto e não saí de lá até anoitecer, estava com fome. Pedi uma pizza não queria cozinhar, não estava bem pra isso. Depois que a pizza chegou liguei a televisão e coloquei um filme, nem sabia qual era, só sabia que era triste, precisava chorar mais um pouco.
Acordei com um sol da janela no meu rosto, acabei dormindo no sofá, minhas costas doíam pelo mal jeito. Me levantei e fui até o banheiro, meu cabelo estava horrível, então entrei no banho para lavar, a água estava quente o suficiente para me esquentar naquela manhã fria de domingo, acho que vou ter que secar meu cabelo com o secador, odeio fazer isso mas eu era obrigada à fazer.
Assim q sai do banho, fiz um café, estava morrendo de fome, esquentei uma fatia de pizza que sobrou de ontem à noite, estava mais gostosa do que ontem, - louvado seja o micro-ondas -, no meio do café eu me lembrei que eu tinha um compromisso, tinha reunião do conselho na faculdade. Vou ter que encontrar com aquela imbecil da minha ex, ela ainda acha que eu estava errada por ter terminado com ela depois de descobrir que ela me traiu, aquela idiota.
Chegando na faculdade vi uma movimentação estranha, estava cheia de pessoas na porta e na recepção, quando eu entrei as pessoas abriram a passagem para mim e eu vi a cena mais constrangedora que eu poderia presenciar, minha ex com uma cartaz enorme escrito "volta comigo, por favor" e segurando um buquê de rosas enorme.
- Ela chegou pessoal - gritaram todos que estavam na recepção.
Ela se ajoelhou e com a aliança na mão disse
- Aceita voltar comigo?
- Que porra é essa, Eduarda?

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