Capítulo 2

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- Eu me sinto um idiota - disse Noah dando uma olhada no salão de festas da associação de ex-alunos da faculdade pelo vidro da cozinha. A equipe do bufê estava acendendo o candelabros e verificando as taças de cristal. Na imensa cozinha em que ele e Josh esperavam, havia várias mesas postas com frutas bem lavadas e diferentes tipos de entradas. Noah não fazia a mínima ideia do que entram feitas aquelas entradas e se tinham de ser servidas de alguma forma especial. Tudo o que pedia era simplesmente que suas taças de champanhe não caíssem da bandeja.
Josh não estava conseguindo colocar as abotoaduras. A faixa do seu smoking alugado não parava de cair, pois o velcro não estava funcionando direto. Um de seus sapatos pretos e engraxados, um número menor que o dele, estava amarrado com cadarço roxo improvisado. Josh era um amigo de verdade, pensou Noah, por concordar com essa situação.
- Lembre-se, a grana é boa - disse Noah. - E nós vamos precisar dela para a próxima competição de natação.
- É, se sobrar algum dinheiro depois de a gente pagar pelo prejuízo - reclamou Josh.
- Vai sobrar tudo - respondeu Noah, confiante. Será que era muito difícil equilibrar uma bandeja por aí? Ele e Josh eram nadadores. Seu equilíbrio atlético natural foi responsável pelas mentiras sobre sua experiência como garçom durante a entrevista no bufê. Tinha sido muito fácil conseguir esse trabalho.
Noah pegou uma bandeja de prata e a usou como espelho.
- Não pareço um idiota. Estou com cara de idiota.
- Você é um idiota - disse Josh. - E é bom ir logo sabendo que não sou tão tonto para acreditar nessa sua historinha de conseguir dinheiro para a próxima competição de natação.
- Do que você está falando?
Josh pegou um espanador e o colocou na cabeça, como se as fibras fossem cabelos.
- Oh, Noah - disse, com a voz afetada. - Que surpresa encontrá-lo no casamento da minha mãe!
- Cala a boca, Josh.
- Oh, Noah, deixa essa bandeja para lá e vem dançar comigo - Josh sorriu, passando a mão no cabelo de espanador.
- O cabelo dela não é assim.
- Oh, Noah, acabei de pegar o buquê da minha mãe. Vamos fugir e nos casar.
- Eu não quero casar com ela! Só quero que ela saiba que eu existo. Só quero sair com ela. Só uma vez! E se ela não gostar de mim, então...
Noah deu de ombros, como se não tivesse a mínima importância, como se a maior paixão que já sentira na vida pudesse desaparecer do dia pra noite.
- Oh, Noah, eu vou chutar o seu...
A porta da cozinha se abriu. - Cavalheiros - disse monsieur Pompideau - os convidados já chegaram e estão prontos para ser servidos. Que sorte a nossa contarmos com a presença de dois garçons tão experientes, justamente para nos auxiliar hoje!
- Ele está sendo sarcástico? - perguntou Josh.
Noah revirou os olhos e eles se apressaram em ir atrás dos outros garçons, que já se posicionaram em suas bases.
Nos primeiros dez minutos, Noah ficou de olho nos outros garçons trabalhando, tentando aprender sua função. Sabia que garotas e mulheres gostavam de um sorriso, e fazia uso disso, especialmente quando o caviar que estava servindo saiu voando, como se fosse um peixe bem desenvolvido, indo parar bem no colo de uma senhora.
Perambulou pelo imenso salão de festas, procurando por Sina, sempre olhando enquanto os homens de barriga grande continuavam esvaziando suas bandejas. Dois deles passaram por ele resmungando alguma coisa, mas ele nem tomou conhecimento. Seu pensamento estava focado em Sina. E se ficasse cara a cara com ela, o que iria dizer? Aceita um croquete de camarão? Ou posso sugerir le ballé de crabbe.
Sim, isso iria impressioná-la.
Que tipo de pessoa ele tinha se tornado? Por que ele, Noah Urrea, o cara do rosto que estava pendurado nos armários de centenas de garotas (tudo bem, talvez estivesse exagerando) precisava impressioná-la? Uma garota que não tinha interesse em ter a foto dele, nem a de mais ninguém, colada em seu armário, pelo que ele podia perceber. Ela passava pelos mesmos corredores que ele, mas era como se vivesse em um mundo totalmente diferente.
Tinha prestado atenção nela no primeiro dia em que chegou em Oregon. Não era só sua beleza exótica, seus louros cabelos, e seus olhos verdes meio acinzentados, que não o deixava parar de olhar, desejando tocá-la. Era a maneira como ela não ligava para as coisas que a maioria ligava - a maneira como prestava atenção na pessoa com quem estava conversando, sem ficar olhando dos lados para ver se tinha alguém por ali; a maneira que se vestia diferente de todo mundo; a maneira como se entregava a uma canção. Um dia, ficou parado na porta da sala de música, maravilhado. É claro que ela nem percebeu sua presença.
Foi então que ele a viu. Estava de cor-de-rosa - muito cor-de-rosa, e tinha uma espécie de glitter cor-de-rosa que não parava de cair dos seus ombros.
Josh passou perto dele. Noah virou-se rápido demais e eles deram uma cotovelada. Oito copos chacoalharam na bandeja, derrubando vinho tinto.
- Que vestido! - disse Josh, abafando o riso.
Noah deu de ombros. Sabia que o vestido era brega, mas não estava nem ai. - Ela vai acabar tirando.
- Amigão, você está bem ousado, hein?
- Não foi isso que eu quis dizer. O que eu...
- Pompideau - avisou Josh, e os dois dispersaram-se rapidamente. Entretanto, o maître pegou Noah pelo braço e levou para a cozinha. Quando Noah voltou, tinha nas mãos uma bandeja cheia de legumes e um potinho de patê - coisas que não derramavam. Percebeu que alguns convidados pareciam reconhecê-lo e, rapidamente, desviavam-se de seu caminho quando se aproximava. O que significava que estava com a bandeja sempre cheia para lá e para cá, mal precisava olhar para onde estava indo, e tinha tempo suficiente para prestar atenção na festa.
- Ei, ssssssenhor nadador. Ssssssenhor nadador.
Era alguém da escola que estava chamando por ele, talvez um dos amigos de Bailey. Noah nunca gostou das garotas e rapazes que andavam com Bailey. Todos tinham dinheiro e se gabavam por isso. Faziam coisas realmente estupidas e estavam sempre procurando novas emoções.
- Nadador, nadador, você é sssssurdo? - disse o rapaz. Alex Mandon, rosto cumprido e cabelos castanhos, encostado na parede, segurando o castiçal.
- Desculpe - disse Noah. - Você está falando comigo?
- Eu conheço você, Demolidor. Eu conheço você. É isso que você faz quando não está nadando? - Alex soltou o castiçal e cambaleou.
- É isso que eu faço para poder ter dinheiro para nadar - respondeu Noah.
- Ótimo. Vou te ajudar a conseguir maisssss dinheiro para nadar.
- Como?
- Vou fazer com que não desperdice mais seu tempo, Demolidor, vou te dar uma grana para você pegar uma bebida para mim.
- Eu acho que você já tomou uma bebida - Noah olhou para Alex de cima abaixo.
Alex fez que ia dar um soco nele, mas deixou pra lá.
- Na verdade você já tomou quatro bebidas - Noah se corrigiu.
-Essa é uma festa particular. Menores de idade podem beber. Festa particular ou não, vão sssservir o que quer que seja, a quem quer que o velho May queira que seja ssssservido. Ele compra todo mundo, sabia?
Bailey havia aprendido com o pai, pensou Noah. - Então, tá. - disse em voz alta. - O bar é logo ali - tentou ir embora, mas Alex se colocou bem na frente dele. - O problema é que eles não me deixam beber mais.
Noah respirou fundo. - Eu preciso beber, Demolidor. E você precisa de grana.
- Eu não aceito gorjetas - disse Noah.
Ele começou a rir. - Bem, talvez você não tenha conseguido nenhuma. Já percebi como está todo desajeitado para lá e para cá. Mas acho que, ssssssse te oferecessem, você pegaria.
- Sinto muito.
- Nós precisamos um do outro. Nós temos uma escolha. Podemos ajudar um ao outro ou machucar um ao outro - disse Alex.
Noah não respondeu.
- Entende o que eu quero dizer, Demolidor?
- Eu entendo o que quer dizer, mas não posso ajudá-lo.
Alex deu um passo para frente. Noah deu um passo para trás. Alex deu um passo para frente.
Noah ficou tenso. O amigo de Bailey era peso-pena perto dele. Tinham a mesma altura, mas ele não era nem de longe do mesmo tamanho que Noah. Mesmo assim, o cara estava bêbado e não tinha nada a perder - nada como uma bandeja cheia de legumes.
Tudo bem, pensou Noah. Se tirasse o corpo rapidamente, Alex cairia de hoelhos e daria com a cara no chão.
Mas Noah não havia contado com um dos noivos passando por ali na mesma hora. Ao ver essa aproximação, pelo canto de olho, teve que ser rápido e mudar de direção. Acabou esbarrando em Alex, que estava embriagado. Aipo e couve-flor, cogumelos e pimentões, brócolis e vagens foram arremessados para o lustre, e acabaram caindo em vima dos noivos.
E foi aí que ela olhou para ele. Sina, a garota do glitter. Na mesma hora seus olhos se encontraram. Ela virou seu olhos para a direção de sua mãe. Noah tinha certeza de que ela finalmente sabia da sua existência. Ele tinha também plena certeza de que ela nunca sairia com ele. Jamais.
- Talvez você esteja certa, Sina - sussurrou Sabina, enquanto olhavam os legumes crus espalhados pelo salão. - Fora da água, Noah é bem desajeitado.
O que ele estaria fazendo ali? - Sina perguntou a si mesma. Por que não continuou na piscina, que era o seu lugar? Sabia que sua amigas ficariam totalmente convencidas de que ele a estava seguindo, e isso a deixava envergonhada.
Heyoon foi atrás delas, pisando em um tomate com seu salto alto. - Talvez seja assim que ele ganhe dinheiro - disse Heyoon, interpretando o rosto confuso de Sina.
- Jogando brócolis na noiva? - Sabina balançou a cabeça em negativa.
- Aquele nadador lindinho está com ele também - continuou Heyoon. Seu cabelo tingido estava todo para cima, fazendo com que parecesse ainda mais com uma corujinha fofinha.
- Nenhum dos dois tem a mínima ideia da função de garçom - Sabina percebeu. - Estão fazendo um bico - Sina suspirou.
- Acho que o Noah está duro - disse Heyoon.
- Você está falando de dinheiro ou de amor pela Sina? - perguntou Sabina, e as duas riram.
- Ah, dá um tempo, Sina - disse Heyoon, tocando de leve em seus braços.
- É engraçado. Aposto qye os olhos dele ficaram arregalados quando viu seu vestido - Sabina arregalou os olhos e começou a cantarolar a música tema de "E o vento levou".
Sina riu. Sabia que parecia uma Scarlett O'Hara coberta por glitter. Mas era o vestido que a sua mãe tinha escolhido especialmente para ela.
Sabina não parava de cantarolar.
- Aposto que os olhos de Bailey se arregalaram quando ele viu o que você não está usando - disse Sina à sua amiga, esperando que, assim, ela calasse a boca. Sabina estava usando um vestido preto, decotado, superjusto.
- Eu espero que sim.
- E falando no diabo... - disse Heyoon. - Finalmente te achei, Sina - o tom de Bailey era quase íntimo. Sabina virou-se para ele, que pegou no braço de Sina. - Nossa presença é aguardada na mesa principal.
De braços dados, Sina seguiu com ele, desejando que fosse Sabina em seu lugar. Sua mãe viu os dois se aproximarem, sorrindo para Sina e seu vestido, que mais parecia um merengue de framboesa.
- Obrigada - disse Sina quando Bailey puxou a cadeira para que se sentasse.
Ele sorriu para ela - o mesmo tipo de sorriso secreto que tinha visto pela primeira vez em uma competição de natação -, inclinou-se, seus lábios ficaram muito próximos do seu pescoço, e disse: - O prazer é meu, madame.
Sina sentiu sua pele se arrepiar. Ele está fazendo um joguinho, disse a si mesma. Jogue com ele. Desde a competição de natação, sempre a provocava e tentava ser amigo dela, e sabia que deveria dar a ele algum crédito por isso; mas preferia o velho e frio Baileym
Ela tinha entendido completamente sua postura fria quando chegou à escola. Sabia que deveria ter sido um terrível choque quando ele descobriu que Alex estava se mudando com sua prole do apartamento de Norwalk para um que seu pai havia alugado em Oregon, e estava fazendo isso para iniciar os preparativos do casamento.
O romance entre Matt e Alex começará havia muitos anos. Mas romances eram romances, diziam as pessoas, e Matt e sua mãe faziam um par romântico muito estranho: o presidente muito rico e distinto de uma faculdade e sua esposa cabeleireira. Quem iriq imaginar que, anos depois do caso de amor deles, anos depois de Matt ter se divorciado, ele e Alex iriam oficializar o casamento?
Tinha sido um choque para Sina. Seu pai havia morrodo quando era criança. Ela havia crescido fundo a mãe ter um namorado atrás do outro, pensou que seria sempre assim.
Sina inclinou-se na mesa para dar um olhada na sua mãe. Matt olhou para ela e sorriu, em seguida deu uma cotovelada de leve em sua nova esposa. Alex sorriu para Sina. Ela estava tão feliz. Anjo do amor, rezou Sina em silêncio, proteja a mamãe. Proteja a todos nós. Faça de nós uma família forte e amorosa.
- Será que eu preciso dizer que eu seu glitter está caindo na sopa? - Sina voltou-se para trás. Bailey sorriu e ofereceu um guardanapo a ela.
- Esse vestido ainda pode te meter em encrencas - provocou. - Quase deixou Noah Urrea cego.
Sina percebeu que estava chorando. Ela queria mostrar para Bailey que a culpa era do Alex, e não... - Coitadas das pessoas que serão servidas por ele hoje à noite Ele e aquele outro atleta - disse Bailey, ainda sorrindo. - Espero que não sejamos nós.
Os dois deram uma olhada pelo salão.
Eu também, pensou Sina, Eu também.

          

Um pouco depois da chuva de legumes, o maître disse a Noah que podia ir embora, e seria melhor que saísse de lá imediatamente. Cansado e humilhado, teria adorado partir, mas tinha prometido dar uma carona para Josh. Então ficou perambulando pela cozinha até entrar um depósito em que pudesse se esconder.
Estava escuro e tranquilo por lá, as prateleiras estavam cheias de caixas e enlatados. Noah tinha acabado de se acomodar em uma caixa de papelão quando ouviu um ruído atrás dele. Ratos, pensou, ou ratazanas. Não estava nem aí. Tentou se consolar, imaginando-se no algo de um pódio, ganhando o primeiro lugar, a bandeira dos Estados Unidos sendo hasteada ao som do hino nacional, e Sina assistindo a tudo o ela TV, triste por ter perdido a chance de sair com ele um dia.
- Sou um idiota - disse, segurando a cabeça com as mãos. - Poderia ter qualquer gatota que quisesse e...
Sentiu uma mão encostar de leve seu ombro.
Noah olhou para cima e viu garoto pálido, de rosto triangular. O garoto, que parecia ter 8 anos, estava todo arrumado, o nó da gravata bem feito, e o cabelo todo cheio de gel. Devia ser um dos convidados do casamento.
- O que você está fazendo aqui? - Noah quis saber.
- Será que você conseguiria arrumar um pouco de comida para mim? - perguntou o garoto.
Noah franziu a testa, irritado por ter de dividir seu esconderijo, um lugar aconchegante par chorar as mágoas por um de Sina. - Por que você mesmo não pega sua comida?
- Eles vão me ver - disse o garoto.
- Mas eles também vão me ver!
O garoto fez uma cara de decepção. Seus olhos mostravam insegurança e gavião uma ruga no meio das sobrancelhas.
Noah usou um tom mais gentil. - Parece que eu e você estamos na mesma situação: nos escondendo.
- Estou com fome. Não tomei café da manhã e nem almocei. - disse o garoto.
Pela fresta da porta, Noah via od outros garçons entrando e saindo. O jantar começava a ser servido.
- Pode ser que tenha algo no meu bolso - disse ao garoto, tirando do bolso croquete de caranguejo amassado, alguns camarões, três pedaços de aipo rechados, um punhado de castanhas e um alimento não identificado.
- Isso aí é sushi? - perguntou o garoto.
- Agora você me pegou. Tudo isso aí caiu no chão e eu coloquei no meu bolso, e sei lá por onde é que esse casaco ando, pois é alugado.
O garoto concordou com a cabeça e ficou examinando as opções que Noah havia lhe oferecido. - Gosto de camarão - disse, pegando um, cuspindo nele e depois limpando‐o com os dedos. Fez isso com cada camarão que pegou, fez o mesmo com o croquete de camarão e também com o aipo. Noah ficou imaginando se ele iria cuspir em cada pedacinho de castanha. Perguntou-se qual teria sido o problema daquela criança para ela ficar o dia inteiro sem comer, escondida dentro de um quarto escuro.
- Então - disse Noah. - Acho que você não deve gostar muito de casamento, não é?
O garoto olhou para ele. Depois, deu uma mordida no alimento não identificado.
- Você tem nome, garoto?
- Sim.
- O meu nome é Noah. Qual é o seu?
O garoto deixou de lado a entrada não identificada e partiu para as castanhas. - O que eu queria mesmo era jantar - disse. - Estou com muita fome.
Noah olhou pela fresta. Os garçons entravam e saiam apressadamente da cozinha. - Há muita gente lá - disse.
- Você se meteu em encrencas? - perguntou o garoto.
- Uma encrenquinha. Nada sério. E você?
- Ainda não - disse o garoto.
- Mas vai se meter?
- Assim que me encontrarem.
Noah fez que sim com a cabeça. - Acho que você já percebeu que não pode ficar aqui para sempre.
O garoto semicerrou os olhos e começou a examinar as prateleiras do quarto escuro, como se estivesse considerando mesmo ficar por lá.
Noah, gentilmente, colocou a mão no braço do garoto.
- Qual é o seu problema, amigão? Quer falar sobre isso?
- Gostaria mesmo de jantar - disse o garoto.
- Está bem, está be! - disse Noah, irritado.
- E também gostaria de sobremesa.
- Você vai comer aquilo que eu conseguir pegar - repreendeu Noah.
- Tudo bem- respondeu o garoto, de maneira obediente.
Noah suspirou. - Não liga para mim. Estou de mau humor.
- Eu não ligo - disse o garoto, suavemente.
- Veja, amigão - disse Noah. - Só um garçom na cozinha e um monte de comida. Você vem comigo? Ótimo! Lá vão eles. Invasores, aos seus lugares, preparar...

- Onde está o Philip? - perguntou Sina.
Os convidados já estavam no meio do jantar quando ela percebeu que seu irmão não estava sentado onde deveria estar. - Vocês viram o Philip? - disse, levantando-se do seu lugar.
Bailey fez com que ela se sentasse de novo. - Eu não me preocuparia, Sina. Com certeza ele está fazendo bagunça por aí.
- Mas ele não comeu nada o dia todo.
- Sendo assim, ele está na cozinha - disse Bailey.
Bailey não entendia. Seu irmãozinho estava ameaçando fugir de casa havia semanas. Ela tinha tentado explicar a Philip o que estava acontecendo e como seria bom eles mudarem para uma casa grande com uma quadra de tênis e vista para o rio, além de terem um irmão mais velho como o Bailey. Ele não acreditou em nada do que ela disse. Na verdade, nem mesmo Sina acreditava.
Ela empurrou a cadeira, rápido demais para que Bailey pudesse interrompê-la, e correu para a cozinha.

- Vai fundo! - disse Noah. Na caixa entre eles gavião uma enorme quantidade de comida - filé- mignon grelhado, camarão, vários tipos de legumes, saladas e pãezinhos de manteiga.
- Isso é bom demais! - disse o garoto.
- Bom demais? É um banquete! - disse Noah. - Coma! Vamos precisar ser fortes para conseguir pegar o sobremesa.
O garoto deu um sorrisinho que logo desapareceu.
- Quem meteu você em encrencas? - perguntou o garoto.
Noah terminou de mastigar e disse: - O maître, monsieur Pompideau. Estava trabalhando para ele e derramei algumas coisas. Sabe como é, deixei as calças de algumas pessoas molhadas - o garoto sorriu de novo, dessa vez o sorriso foi maior.
- Você molhou as calças do senhor Lever?
- Deveria ter feito isso? - Noah perguntou.
O garoto fez até sim com a cabeça e seu rosto brilhou ao imaginar a cena.
- Bem, de qualquer forma, Pompideau falou que eu deveria servir coisas que não derramassem. Imagine uma coisa dessa!
- Sabe o que teria dito para ele? - falou o garoto. A ruga na sua sobrancelha tinha desaparecido, estava engolindo a comida e falando com a boca cheia. Parecia muito melhor do que há 15 minutos. - Teria dito: Vá servir na sua orelha!
- Boa ideia! - disse Noah, pegando um pedaço de aipo. - Vá servir na sua orelha, Pompideau!
O garoto morreu de rir e Noah quebrou o aipo ao meio.
- Vá servir na sua outra orelha, Pompideau! - disse o garoto.
Noah pegou outro pedaço de aipo.
- Vá servir no seu cabelo, Diptidu! - gritou o garoto, deixando-se levar pela brincadeira.
Noah pegou um pouco de salada e jogou já cabeça. Só então percebeu que a salada tinha molho de vinagre.
O garoto jogou a cabeça para trás de tanto rir. - Vá servir no seu nariz, Dubidu!
Bem, por que não? - pensou Noah. Ele já teve 8 anos uma vez, e ainda se lembrava o quanto os garotos gostaram de caretas e melecas de nariz. Pegou dois camarões e colocou cada um deles nas suas narinas, deixando os rabinhos cor-de-rosa de fora.
O garoto quase caiu se tanto rir. - Vá servir nos seus dentes, Dubidu!
Colocou duas azeitonas pretas em cada um dos seus incisivos. - Vá servir no...
Noah estava tão concentrado arrumando o aipo e os rabinhos de camarão que não percebeu a fresta da porta se abrindo. Não viu quando o rosto do garoto se transformou.
- Vai servir onde, Dubidu?
Foi então que Noah olhou para cima.

Beijada por um anjo (adaptação) Onde histórias criam vida. Descubra agora