capítulo 8

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Lucas começou a chorar de novo e logo os pais de Oliver chegaram também.
- Cadê o meu filho?
- Calma. Ele tá passando por uma cirurgia, é o que sabemos até agora.
Disse a mãe de Lucas.
- Ai meu Deus...
- Vamos aguardar mais informações.
Minutos depois Samuel chegou com os outros.
- Eae cara...
- Ele tá sala de cirurgia.
- Todos se abraçaram, Eva e Sara choravam e Lucas tentava se controlar. Sua cabeça parecia que ia explodir, seu coração batia tão rápido que ele achava que a qualquer momento ia sair do seu peito.
Quase 4 horas depois o médico veio trazer notícias.
- A cirurgia foi um sucesso...
Era notável o alívio no rosto de cada um ali presente.
- Mas ele ainda não acordou, ele perdeu muito sangue e é um milagre ele estar vivo depois de ser atingido na barriga, foi muita sorte a bala não ter atingido órgãos mais importantes.
Agora só quem é da família pode entrar no quarto.
logo todos começaram  a ir embora.
- Você não vem Lucas?
- Eu vou esperar um pouco mais.
Passado alguns minutos os pais de Oliver foram falar com Lucas.
- Vá pra casa querido.
-E quando ele acordar?
- A gente liga. Obrigada por estar lá, é uma pena que gente se conheça assim. Ele fala muito de você.
- Sério?
- Sim. Muito obrigada.
- Eu não fiz nada.
- Fez oq pode. Vai pra casa, você está cansado, seus pais também.
- Tá.
Lucas foi pra casa com seus pais, tomou um banho e se livrou de todo aquele sangue.
- Filho, Cadê a roupa?
- Tá aqui.
- Vou colocar na máquina.
Lucas vestiu uma roupa limpa e se jogou na cama. Aquela cena horrível se repetia em sua mente.
No dia seguinte ele não foi para escola mesmo não podendo entrar no quarto de Oliver a qualquer hora. Ele quero ficar no hospital mesmo assim.
- Oi, como ele tá?
- Bem. O pior já passou. Não pode perder aula, querido.
- Eu não estou com cabeça pra escola.
- Entendemos .
Lucas passou a manhã no hospital e só pode entrar no quarto a tarde, junto com os outros.  Oliver ainda não tinha acordado.
Mas estava liberado para receber visitas .
No dia seguinte Lucas não foi pra escola, passava horas no hospital do lado da cama de Oliver. As vezes Samuel, Eva, Felipe e Sara apareciam lá e os outros também.
- Os médicos  disseram que ele sabe que estamos aqui.
- Sim..por isso devemos conversar sempre com ele.
- Ok. Eu vou falar com ele então.
Disse Samuel se sentando na beira da cama onde estava o amigo, e falou baixo.
- Cara?... lembra quando éramos crianças e você empurrou a Eva e ela caiu nos degraus, e aí ela quebrou o braço?
Todos deram um meio riso e Samuel continuou.
- Vocês ficaram um mês sem se falar. Pq ela ficou fora da apresentação idiota de balé... E quando ela voltou a falar com você, te deu um soco no nariz... Aí ela disse " Agora estamos quites".
Todos caíram na risada.
- Eu nem me lembrava mais disso.
Disse Eva.
- Bom pessoal. Tenho que ir, tenho aula de espanhol hoje.
- Nossa, Sério?
- infelizmente, alguém me dá uma carona?
- Eu dou, Sara. Mais alguém tá indo agora?
Perguntou  Samuel.
- Eu.
Felipe disse erguendo o braço.
- Beleza. Vamos Eva, Lucas?
- Meus pais me mandaram uma mensagem. Estão vindo me buscar... sabem que eu ñ estou indo pro colégio, alguém deve ter ligado pra eles da escola...Então..
- Ok. Boa sorte.
-Valeu.
Lucas ficou ali do lado de Oliver segurando a sua mão imóvel. Parecia sem vida, mais pálido do que o normal.  Mas continuava quente, era assim que Lucas tinha certeza dentro dele de que Oliver não estava completamente morto.
Logo os seus pais chegaram, ele não disse nada e foi para o carro, enquanto eles conversavam com o pai de Oliver.
Os pais de Lucas conversavam com ele no caminho pra casa, mas ele não disse nada para se defender. Apenas segurava as lágrimas que insistiam em cair.
Quando chegaram em casa Lucas quebrou o silêncio.
- Eu... Eu amo ele..
Os pais dele olharam um para o outro e depois para o garoto .
- Nós sabemos, também amamos ele...
- Não, Mãe...
Lucas fez uma pausa respirou fundo e continuou.
- Eu e o Oliver temos um lance. Me desculpem por ñ ter contado antes, me desculpem por ser uma decepção....
- Filho, Você não é uma decepção. A gente ama você, não importa o que vc faça. vamos sempre amar vc... A sua orientação não nos decepciona, amamos você.
- Sim. Filho, nunca pense que vamos amar menos você. Vem cá.
Os três se abraçaram e choraram, depois riram e tudo ficou bem.
No dia seguinte lucas foi pra escola e só depois passou no hospital.. Ele ficou horas sentado do lado da cama de Oliver, levou os deveres de casa pra lá, estudou para provas e nesse meio tempo descobriu também que Oliver tinha transtorno bipolar, então se pegou pesando que talvez Oliver estivesse com ele por que naquele momento era o que ele achava que queria, e não  conseguia mais esperar pra ter certeza disso.
- Oliver, acorda por favor.
Lucas se sentou do lado de Oliver e segurou uma de suas mãos.
- Eu não aguento mais ficar sem você... só abre os olhos pelo amor de Deus...
Lucas se levantou e virou as costas para sair do quarto quando ouviu uma voz baixa.
É o máximo que consegue?
Lucas se virou tentando conter a emoção, mas era evidente que ele não conseguiria.
- Cara, Você acordou. Caramba...
- É, parece que sim.
Lucas abraçou Oliver que pareceu não gostar muito. Ele deu um beijo em seus lábios..
- Vou avisar os seus pais e todo mundo.
Logo estavam todos no quarto, empolgados e Lucas não conseguia disfarçar o desconforto e foi chamado no canto por Samuel.
- Eii, que cara é essa?
- nada.
- Como assim nada? Todo mundo já percebeu.
- É que... ele.. sei lá, parece estranho...
- Ele acabou de acordar de um coma. É normal.
- É.
- Não pira com aquele lance, tá?
Um dia depois Oliver teve alta e Lucas parecia estar pisando em ovos perto do garoto. Tudo que ele falava Oliver dava respostas curtas e começou a evitar ele.
- Filho, o lucas tá aí de novo.
- Fala que eu tô cansado, mãe.
- Ele já ligou mil vezes.
- Mãe!!!
- Ok.
Lucas voltou pra casa e se trancou no quarto o resto do dia. No dia seguinte quando chegou na escola todos já estavam lá no grupinho. Ele foi diretamente abraçar Oliver que não muito empolgado, deu um beijo rápido em Lucas e se afastou um pouco.
- Eu vou pra minha sala.
Lucas saiu rápido e deixou todo mundo conversando baixinho.
Perguntou Eva e Oliver respondeu grosso.
- O problema é que perdi todas as avaliações importantes, eu levei a porra de um tiro. E ele acha que tá tudo bem, mais  não  está tudo bem. Esse é o problema !!!
Lucas havia voltado pra buscar um livro que tinha deixado com a Eva e ouviu tudo. Todos ficaram parados olhando um pra cara do outro sem saberem o que dizer até o próprio lucas quebrar o silêncio.
- Eu sei, Oliver. Eu sei que você levou a porra de um tiro. Eu sei pq eu estava a menos de 100 metros de você, e eu vi e ouvi muito bem. Eu tava lá quando a ambulância chegou e te levou desacordado pro hospital, tinha sangue em minhas roupas. O seu sangue. A minha mãe lavou elas, mas eu não consigo usá-las pq eu ainda sinto o cheiro de sangue. Mesmo a minha mãe tendo colocado litros de amaciante nelas. Eu sei muito bem que não tá nada bem, na verdade com você nunca esteve!
- Ah! É mesmo? Agora você acha que sabe tudo sobre mim?
- para gente, já chega.
Falou Eva .
Lucas sacudiu a cabeça negativamente e saiu dali, foi se sentar no ginásio e Samuel foi atrás dele.

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