Capítulo 16

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Com a restrição de saídas e convites, Katherine criou em sua mente as estratégias mais desastrosas ou toscas que pudessem salvar seu pescoço de uma maneira milagrosa. Vestiria-se de homem e entraria no exército britânico, roubaria o valor de seu dote e fugiria para a Grécia ou talvez informaria aos nobres da cidade de seu falecimento e viveria o resto de sua vida trancada na biblioteca da residência de seu irmão.

De forma alguma poderia ser descoberta como Sir King. Não que possuísse constrangimento de seus pensamentos expostos em papel, em grau nenhum, apenas não é palerma para crer que a sociedade a abraçaria quando descobrissem que Sir King é uma mulher.

Mulheres não nasceram para escrever ou qualquer outra coisa que seja necessário a cabeça. Mulheres não nasceram para fazer nada além de desfilar em um salão de dança, essa é a ideia difundida desde que o mundo é mundo e desde que criaram os espartilhos para aumentar o sofrimento feminino, obrigadas a não comer pouco mais que uma mordida de petisco em qualquer evento social, ainda que em sua própria residência.

Um noivado de negócios. Manter sua identidade em segurança ao passo que formaria sua própria fortuna não sendo mais enganada pelos homens da gráfica, talvez no futuro fazendo alguma diferença nessa sociedade machista e opressora, afinal, não se pode proibir uma mulher de sonhar.

O acordo é vantajoso demais para o perder assim, e a cada badalada do sino sua aflição apenas cresceu mais e mais. Andava de um lado ao outro do quarto com a roupa de dormir arrastando no solo e metade da unha de seu polegar torta pela mordida dos dentes fortes e seu cabelo mostrava estar com pouca vontade de colaborar consigo. Fazer algo, precisa fazer algo antes que a próxima badalada do sino indique o início do baile de Lady Ashley, porém a cada minuto que se passava sua desesperança cresceu até escutar pequenas batidas em sua janela com um intervalo de poucos minutos.

Observando o vidro, viu uma pequena pedrinha lançada na janela e rapidamente a abriu com receio de ser atingida em um próximo lançamento prematuro e, olhando para baixo, detectou ser seu terceiro irmão do lado de fora fazendo um sinal para que ela fizesse silêncio, posicionando o indicador entre os lábios.

Segurando-se em um galho da árvore ao lado de seu quarto, alcançou o topo e pulou para dentro do quarto da caçula, com um sorriso típico de suas travessuras.

— O que faz aqui? — olhou de cima a baixo suas vestes de gala.

— Não tem um baile para ir, pequeno gafanhoto? — levantou uma sobrancelha. — Nem George nem Lincoln estarão nesta noite. Não dizem que o que os olhos não vêem o coração não sente?!

— Sim, mas as damas fofoqueiras fazem questão de contar — cruzou os braços.

— E quem sabe de seu castigo além dos pertencentes dessa casa?! — comentou convencido de suas palavras.

Durante a juventude do quarteto. Lincoln passava a maior parte do tempo na sala de estudos, George brincava com alguns dos filhos dos criados quando Vince e Kate aproveitavam da própria companhia, elaborando traquinagens para chamar a atenção dos irmãos mais velhos na casa de campo da família. Ao final dessas brincadeiras de criança, o moreno sempre terminava com o bumbum vermelho e a pequenina tinha seu rabo de cavalo torto, no entanto, com o sentimento de dever cumprido. Uma dupla de idiotas.

— Está certo, ajude-me com meu cabelo enquanto me visto — virou de costas em direção ao espelho da penteadeira.

Acostumado com os dias da infância em que os três miúdos banhavam, vestiam e alimentavam a órfã recém-nascida — desconfiados dos novos empregados postos por seu tio —, o tenente opinou na escolha do vestido, selecionando um da cor negra com detalhes em dourados, vestimenta digna de realeza, como assim ele via sua preciosa irmãzinha.

Com uma lateral trançada no cabelo e um delicado enfeite de loureiro, desceu pela janela segurando os saltos, estendendo os braços para que ela saltasse em sua direção, segurando-a firme no ar com seu pulo e a ajudando a calçar os sapatos antes de entrarem na carruagem alugada, aguardando na rua da frente.

— Está me ajudando apenas para afrontar nosso irmão ou porque tem medo das damas com idade de casar? — burlou apoiando a cabeça na palma.

— Nunca iria a um baile sem minha fiel acompanhante — lançou uma piscadela.

— Deverá encontrar outra com pressa, irmão — comentou recordando do acordo firmado.

— Por que fazer algo tão desgastante quando tenho você? — com gentileza pegou sua luva e beijou o dorso de sua mão.

— Morderá a língua quando exibir pelos salões uma bela dama com aliança — zombou negando com a cabeça.

— Não brinque com uma coisa dessa — fez uma careta. — Nunca me casarei, muito menos com a garota nobre.

Antes que pudesse contestar uma afirmativa tão intrigante, a carruagem parou em frente uma enorme residência com as luzes acesas e alto som sendo escutado do lado de fora misturado com as mais distintas gargalhadas.

Ela respirou fundo pelo nervosismo. Não pelo evento, obviamente, mas pelo que essa noite representaria em sua vida e, segurando com força maior do que o normal o braço de seu irmão, adentrou o salão caçando com os olhos quem viria a se tornar seu futuro marido.

 Não pelo evento, obviamente, mas pelo que essa noite representaria em sua vida e, segurando com força maior do que o normal o braço de seu irmão, adentrou o salão caçando com os olhos quem viria a se tornar seu futuro marido

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