A beira da Morte

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O carro capotado do pai já estava começando a pegar fogo quando tiraram ele dele lá.

Os bombeiros haviam chegado 20 minutos depois do acidente, foi sorte o combustível ter explodido logo depois deles conseguirem tirar o pai do carro quase todo em chamas. Reanimaram seu coração ,mas o pai continuava apagado. Era melhor assim, ter alguém naquele estado acordado atrapalharia os profissionais.

Infelizmente o motorista do caminhão, que por acaso já era um senhor de idade, cabelos grisalhos e a barba fechada quase inteira branca, não teve a mesma sorte. Após ter fechado o pai na rua, o carro batendo na lateral da roda do caminhão o fez perder o controle e tombar. Os bombeiros não conseguiram chegar antes dele virar "carvão". O cheiro de carne queimada impregnou no ar, e os curiosos em todos os cantos da rua espiando. Muitos ficaram chocados, chorando mesmo não conhecendo nenhum dos dois. Alguns ainda tentavam ganhar seguidores gravando lives do acontecido. A polícia tentava os conter, mas não adiantava, todos da cidade já saberiam no final da noite o que aconteceu.

Os bombeiros se apressavam para levar o Pai para o hospital. Gritavam uns com os outros a todo momento.

Ao chegarem no hospital já era de madrugada. Entraram com pressa e corriam pelo corredor. O melhor amigo do pai estava indo embora quando o viu na maca. Os olhos castanhos do amigo se arregalaram com se o globo ocular fosse sair para fora. Por incrível que pareça, o rosto branco igual papel do amigo estava mais branco ainda.

- MEU DEUS! O QUE ACONTECEU COM ELE! RESPONDAM CARAMBA!!!- o amigo gritava desesperado, chegava perto dos bombeiros.

- Ele não tem tempo para isso. Precisa de cuidados médicos imediatamente, OU ELE VAI MORRER!- dizia o capitão dos bombeiros, tinha aparência de um tio de filme antigo com aquele bigode grosso e postura de autoridade. Sua pele morena brilhava em meio as luzes do hospital por causa de seu suor.

- Ok! Tá.....eu cuido dele.- o amigo então pegou na borda da maca e o puxou para seu lado. Continuou empurrando com velocidade até chegar à um quarto livre.

- PRECISO DE SUPORTE AQUI. LOUIS, RAY E CASSIDY! AQUI! AGORA!- gritava para os estagiários do trabalho como se aquele dia fosse o mais importante de suas vidas.

Por conta de guerra entre gangues na cidade, o hospital sempre estavam lotado. Os únicos médicos nos quais ele poderia contar eram esses três.

Claro. Não eram os mais apropriados para o caso,( era melhor que nada) mas todos os outros médicos(as) e enfermeiros(as) estavam ocupados, cuidando de feridas de bala, concussões ou até cirurgias de estrema importância, como transplantes, afinal nem todos ali presentes para receberem tratamento eram membros de gangues. Muitos cidadãos comuns estavam lá.

Os três então foram ao seu lado e começaram a ajuda-lo na cirurgia. Havia muitos cacos de vidro presos na pele do pai, alguns eram relativamente grandes e precisavam de uma atenção maior. Além dos cacos de vidro, o pai apresentava sinais de lesões graves, costelas quebradas além de uma provável concussão.

- Já era. O cara já tá morto, não tem como ele sair dessa. Ai meu deus.....- dizia Louis com os olhos esbugalhados. Louis era um médico em treinamento que costumava ser muito pessimista, e não insistir muito em coisas que não acha necessidade.
Apesar de ser pessimista, era um excelente médico.
O problema era que constantemente ele se vangloriava de ter um pai cuja importancia no hospital  era muito grande, pois fazia  doações "gordas" ao hospital.
Havia sido praticamente empurrado pelo "papai" em alguns dos degraus da vida, mas a medicina era algo na qual ele conquistou sozinho, sem apoio do pai, que queira que ele seguisse os passos dele para ser dono das empresas que estavam no nome da família à gerações. Diferente dos pais ele quis um emprego no qual ele pudesse ajudar as pessoas e não apenas ganhar um fortuna e ficar sentado em uma poltrona de coiro. Tinha cabelo meio castanho claro, de olhos claros, parecia jovem pra idade dele. Nem sequer parecia se barbear. Usava roupas que estivessem na moda do momento, um belo padrão.

-Cala a boca filhinho de papai. Não pode simplesmente dizer que o homem não tem chance. Controla a tua língua! - Ray dizia olhando com raiva para Louis. Ele era o tipo de cara que ficava no fundão da sala na escola. Diferente de Louis, Ray era um rapaz que ralou para chegar onde estava, era esforçado e não parava de tentar até conquistar o que queria.

Uma vez Ray fez uma senhora de 60 anos voltar após ter uma parada cardíaca. Ficou fazendo massagem cardíaca por minutos sem desistir, mesmo todos a volta dizendo para parar. Ganhou muito prestígio dentro do hospital, mas ainda haviam pessoas que o olhavam torto por conta de seu passado de delinquente. Tinha cabelo de topete, preto, piercing acima e abaixo da sobrancelha. Seus olhos de cor preta deixava ele assustador, suas roupas eram diferentes dos padrões da sociedade.  Costumava usa fones de ouvido nas cirurgiasv para não ter que ficar muito nervoso. Os médicos superiores não reclamavam, pois não incomodava ninguém. Os pacientes mais jovens e adultos  adoravam ter consultas com ele, os velhos (por algum motivo) não gostavam.

- O Ray tem razão. A gente não pode desistir- Cassidy falava com calma e colocava a mão direita no ombro de Louis. Ela era uma garota muito bonita e inteligente. Aquele ditado:"toda loira é burra!" não se encaixava para ela. Tirava uma das maiores notas em provas e passou com nota quase máxima nas provas da faculdade. Recomenda pelo próprio prefeito da cidade e dita como uma das médicas mais promissoras da história da cidade. Sua família não era nem rica nem pobre. Sem privilégios e muitos insultos ela teve em sua vida. Além de inteligente, era muito empática e era do tipo que lideraria qualquer grupo. Loira, dos olhos azuis e seus corpo esbelto chamava muita atenção por onde passava.

-Vocês três. Chega de papo, vamos logo com isso ok?-dizia o amigo ainda meio apressado.

Os três então começaram a ajudar como suporte, observavam, tiravam cacos, suturavam e davam palpites dá melhor decisão a ser feita. Era complicado, pois o pai estava a beira da morte. Ele teve sorte( ou ajuda do carinha lá de cima) por ter chegado a tempo no hospital.

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Enquanto isso......

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O garotinho estava ainda mais desesperado pela demora do pai. Não conseguia parar de chorar e tremer. Os gritos de dor da mãe continuavam, e ele não podia fazer nada, afinal era só uma criança.

Mas como toda criança é, o garotinho, com sua curiosidade não se segurou e foi ver o que estava acontecendo pois os gritos haviam parado por alguns segundos.

Subiu as escadas lentamente, abrindo a porta devagar.

A criatura estava segurando a mãe pelo pescoço por uma das mãos grandes com aqueles dedos longos e afiados. O garotinho não sabia o que  fazer, ficando em choque quando o monstro enfiou os longos dedos na barriga da mãe, arrancando suas tripas e o sangue jorrando no tapete do quarto. O monstro largou o corpo da mãe agora morto no chão, mas antes do garoto entrar no quarto ele havia feito outra coisa.

O monstro havia devorado os sonhos da Mãe mesmo ela estando acordada. O Corpo da mãe caído no chão estava seco, com uma cor meio roxa. A criatura havia consumido tudo o que fazia ela lutar pela vida, fazendo lea desistir de lutar.

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