Diego
Abracei Luana e sorri olhando a forma como ela me encarava.
- Eu disse que você não ia escapar.
- Você é maluca Luana. - respondi sorrindo.
- Você se casa com minha priminha sem sal hoje e duvido que sua lua-de-mel será parecida com o que fizemos essa noite. - sorriu cheia de malícia.
- Não quero falar da Anahí menos ainda desse casamento de fachada.
- Tudo bem eu aceito continuar sendo sua amante, duvido que Anahí ira se importar, afinal a culpa é dela. - riu debochada e me beijou.
Correspondi o beijo e a virei ficando em cima dela.
- Onde foi que paramos?
Luana riu e me puxou pelo pescoço me beijando. O telefone tocou nos interrompendo.
- Ah deixa, não é nada demais.
- Pode ser importante. - respondi e atendi. - Alô? - ouvi atentamente e fiquei sério. - O que? Como assim Anahí fugiu?
Acordei com a luz do sol e o barulho de mar preenchendo meus ouvidos.
"Onde eu to!", pensei me sentando na cama.
O quarto era gigantesco, branco com tons de lilás e azul e todos os móveis eram feitos de madeira muito bem trabalhados dando um ar de sofisticação e luxo ao lugar.
A porta se abriu e dei um pulo com o susto. Alfonso apareceu usando chinelos, bermuda e uma regata. Estava incrivelmente lindo com ar despojado me lembrando o rapaz que conheci na faculdade. Tentei esconder a tristeza, a saudade e o amor que sentia por ele por trás da raiva.
Sem dizer nada ele se aproximou com uma muda de roupas na mão e um par de sapatilhas.
- Pensei que fosse querer arrancar esse vestido.
Reconheci as roupas, eram minhas.
- Há mais no armário. - apontou deixando em cima da cama.
- Onde conseguiu minhas roupas? - o encarei séria.
- Sua mãe me ajudou... Ela veio me procurar ontem e quando mostrou que estava do meu lado, contei meu plano pra ela e ela concordou e me ajudou em muitos aspectos.
- Vocês dois enlouqueceram, não acredito que minha mãe caiu no seu papo. - respondi com desprezo.
- Ficar aqui vai fazer bem para você, vai te ajudar a refletir.
Ri debochada e o encarei com desdém.
- Você me seqüestrou e me trouxe pra esse lugar contra a minha vontade, sabia que o nome disso é sequestro? Quando derem por minha falta a polícia vai vir atrás de você e te prender sabia?
- Bom não será considerado sequestrado se todos estiverem achando que a noiva desistiu do casamento para ficar com o cara que ela verdadeiramente ama. - ele cruzou os braços e sua postura relaxada me irritou.
- Ninguém vai acreditar nisso. - bufei.
- Nem se eles virem uma carta escrita por você mesma explicando os motivos por ter fugido? Ainda mais se quem encontrar essa carta e confirmar toda a história for sua mãe. - ele sorriu se aproximando.
Me levantei da cama e o empurrei furiosa. Sai do quarto e vi como aquela casa era enorme.
- Ninguém vai acreditar em você, eu vou agora mesmo desmentir toda essa história.
Meus pés descalços e os de Alfonso atrás de mim eram os únicos sons, além do barulho do mar. Abri a porta e me assustei quando vi que os dois degraus de madeira davam no chão de areia de frente pro mar. Ergui o vestido e desci as escadas olhei em volta procurando pessoas, ruas, um hotel, mas tudo que vi era areia, o mar e árvores. Segui na direção das árvores, com certeza o hotel ficava atrás delas.
- Any se eu fosse você não fazia isso. - Alfonso alertou.
Não dei ouvidos à ele e me embrenhei na mata, havia uma trilha o que facilitou o serviço. O vestido que eu usava logo começou a ficar marrom na barra e rasgou quando a barra prendeu-se num galho.
- Merda de vestido! - xinguei, devia ter me trocado antes.
Sai de trás das árvores e cheguei na praia. Olhei pra trás e vi a casa e Alfonso vindo na minha direção. Todo aquele trabalho para andar no meio das árvores havia sido em vão.
- Caso ainda não tenha notado estamos em uma ilha Any, a costa com os hotéis esta bem longe daqui.
- Alfonso me leva de volta. - cruzei os braços me sentindo ridícula.
- Não até você mudar de ideia. - me olhou com aquela determinação ferrenha.
- Sou uma excelente nadadora sabia? - ergui o queixo e empinei o nariz.
- Não duvido, mas não acho que tenha preparo físico para nadar 35 quilômetros até a costa.
Meu queixo caiu e fechei a boca na mesma hora.
- Venha vamos tomar café. - estendeu a mão um sorriso amigável nos lábios.
- Café? Mas...
- Você dormiu as últimas 14 horas Any. - concluiu.
- O que? - me calei e fiz as contas.
A última vez em que estive acordada foi quando Alfonso me levou da loja de vestidos, meu horário era às 17 horas, então se haviam passado 14 horas... Ah droga era o dia do meu casamento.
Por isso o sol estava tão forte e o dia tão claro, já havia anoitecido e amanhecido de novo.
- São sete e meia da manhã. Manhã que seria do seu casamento. - Alfonso esclareceu.
Anahí me empurrou e marchou direto pra casa, na verdade correu até lá. A segui e ela entrou furiosa indo até o quarto, abriu o guarda-roupa e começou a tirar as roupas e jogar em cima da cama.
- Me leva embora, como eu faço para sair daqui?
- Eu não vou te levar embora. - respondi firme.
- Você não pode me obrigar a ficar aqui, Alfonso pelo amor de Deus, isso que você ta fazendo é uma loucura.
- Eu já fiz coisa bem pior acredite. - comecei a perder a paciência.
- Eu só quero ir pra casa. - suspirou parando de fazer o que estava fazendo e saiu do quarto.
- Você não vai, eu não passei os últimos cinco anos distante de você, te protegendo pra você estragar tudo.
- Me protegendo? Você passou cinco anos sem me dar noticia. - rebateu furiosa, vi seus olhos marejarem.
- Porque eu estava te protegendo, porque essa foi a exigência do seu pai. - devolvi.
Minha intenção era contar tudo à ela e não dava pra adiar mais, a hora tinha chegado.
- Do meu pai? O que meu pai tem haver com isso?
- Você estranhou em ter arrumado dinheiro do nada para viajar, pois bem, foi seu pai quem me deu.