Capítulo 128 :

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Beatriz: Não quer comer nada? — perguntou assim que Carla chegou na sala. Ela balançou a cabeça.

Carla: Não, quero ir para o velório agora. Alguém viu minha bolsa e a chave do carro?

Thaís: Está aqui. Mas você pode vir comigo, pode descansar um pouco.

Carla: Tudo bem, não tenho cabeça nenhuma para dirigir agora. — deu de ombros e olhou para frente, encontrando Arthur a olhando. Quando desviou o olhar, encontrou Júnior em sua frente.

Júnior: Meus pêsames Carla. — ele a abraçou e Carla respirou fundo, tentando manter a calma.

Thaís olhou a cena respirando fundo. O susto de chegar e ver Júnior sentado no sofá da sala, já tinha sido o bastante. Rafael bufou e virou a cara.

Júnior: Estou aqui para qualquer coisa.

Carla: Obrigada Júnior, mas a única coisa que vocês poderiam fazer por mim é me dar paz. Apenas isso. — deu um sorriso e ele assentiu. — Vamos Thaís? — perguntou e ela assentiu, levantando do sofá junto de Rafael. — Você vem comigo Lucas?

Lucas: Vou com meu pai. — respondeu seco e Carla engoliu em seco. Alice fez uma cara feia para ele e levantou do sofá.

Alice: Pois eu vou com a sua mãe. Idiota. — disse a última palavra apenas para ele ouvir.

Arthur abaixou a cabeça, lamentando pelo comportamento de Lucas. Alice saiu junto de Carla, Thaís e Rafael.

Arthur: Se eu vir você tratando a sua mãe mal mais uma vez, você não vai morar nem no Alasca, me entendeu? Ou você esqueceu que você só vai se ela deixar? — puxou ele pelo braço e Lucas abaixou a cabeça.

Lucas: Eu estou te ajudando.

Arthur: Pois se meta com seus problemas que os meus eu resolvo. Entendido? — saiu da sala irritado.

Seus nervos estavam a flor da pele e seu coração pesado de culpa por não ter ficado para se despedir de Helena. Ela era também sua avó, era uma mulher maravilhosa, era uma das pessoas com o melhor coração que ele já conheceu. Estava sem paciência alguma para lidar com seus problemas, para aguentar os ataques de Lucas. Entrou em seu carro com Júnior e logo depois chegou o filho.

Júnior: Você precisa ficar calmo antes que mate alguém.

Arthur: Não consigo.

Júnior: Eu falei que você ia ver que também está errado nessa história. Dói ver a pessoa que a gente gosta sofrer, não é?

Lucas: E desde quando você gosta de alguém Júnior? — ironizou.

Júnior: Se me consta é hora de criança dormir e se não for possível, ficar caladinho. — olhou feio para Lucas que revirou os olhos. — De boa cara, não fala com a sua mãe daquele jeito não. Ela está tão triste, não merece isso. Vocês estão tratando ela como se ela tivesse traído alguém, por favor...

Arthur: Júnior, o Lucas já entendeu e não é hora nem momento para discutir a minha relação com a Carla. Se vocês não se importam com a morte da Helena, eu me importo e muito. Então vamos parar de falar e respeitar, por favor.

Após isso, todos ficaram em silêncio até o local onde seria o velório. Haviam várias pessoas e o clima estava péssimo. Arthur entrou e logo viu Carla olhando o caixão com a senhora. Ela chorava de um modo que partia o coração dele. Queria fazer algo. Quando se aproximou para tirar ela dali, Anne a abraçou e foi andando com ela para fora do salão. As coisas estavam realmente diferentes ali, Anne e Beatriz dando apoio para Carla era algo realmente incomum. Boninho se aproximou dele e lhe deu um tapinha no ombro.

Boninho: Vai falar com a Carla. Ela precisa de você.

Arthur: Todo mundo está tirando ela de mim, ninguém deixa eu me aproximar.

Boninho: Ela é sua esposa, você tem direito nela mais que qualquer outro aqui, acorda Arthur. — revirou os olhos.

Arthur assentiu e primeiro foi perto do caixão, ver Helena ali tão pálida e sem vida lhe deu arrepios. Rezou um pouco para ela e se despediu, guardaria recordações boas dela. Saiu para uma parte aberta do salão, onde logo viu Carla sentada bebendo algo em uma xícara, ao lado dela estava Anne e Júnior. Do outro lado afastado dos três Thaís e Rafael conversando. Ele se aproximou de cabeça baixa e sentou- se em uma cadeira perto de Carla. Ela nem olhou para ele. E Júnior sorriu, o encorajando.

Arthur: Carla... Eu sinto muito pelo que aconteceu com sua avó. — disse baixo e ela apenas assentiu. Ele viu uma lágrima escorrendo pelo rosto dela.

Carla: Isso iria acontecer algum dia, eu só não esperava que fosse agora, tão rápido. — mais algumas lágrimas escaparam e Júnior ofereceu o lenço dele.

Carla aceitou e limpou o rosto. Quando ergueu o rosto, a primeira coisa que viu foi em um segundo plano Thaís olhando para Júnior e ele também olhava, sem demonstrar emoção alguma. Rafael percebeu e rudemente segurou o rosto de Thaís virando para o outro lado. Ela deu um tapa na mão dele e então os dois começaram a brigar.

Carla: Não acredito nisso. — tampou o rosto com as mãos. Aquele era lugar para brigar? Nem ao menos respeitavam sua avó. Rafael levantou da cadeira e saiu do salão, deixando Thaís sozinha.

Arthur: Até quando esses dois vão brigar pelos mesmos motivos?

Anne: Por que não terminam logo? Acho que o amor já acabou a muito tempo.

Carla: Se me dão licença, eu não estou em um momento junte Thaís e Júnior. Por isso quero que todo mundo vá para o inferno. Com licença. — levantou de sua cadeira e saiu de perto de todos, voltando para perto de sua mãe que recebia as pessoas.

Arthur: O que aconteceu com ela? — perguntou a Anne.

Anne: Ela está machucada e quer ser respeitada. Coisa que ninguém está fazendo. Com licença. — levantou também e seguiu o mesmo caminho de Carla.

Arthur: Vê se pelo menos você faz alguma coisa certa. Vai lá falar com a Thaís. — deu um tapa nos ombros de Júnior e saiu de perto também.

Júnior olhou para Thaís e ela estava com as mãos na grade olhando para a paisagem. Levantou e foi até ela, em silêncio se colocou ao seu lado. Thaís o olhou, mas voltou a olhar para frente.

Júnior: Sei que a Dona Helena é muito importante para vocês, tem alguma coisa em que eu poderia ajudar você? — perguntou casualmente e Thaís o olhou novamente.

Ele também a olhou e entendeu o porque de mesmo do que tinha acontecido, ter ido atrás dela novamente. Aqueles olhos claros e brilhantes dela o deixavam louco. Ela começou a chorar e para a surpresa dele, a única coisa que ela fez foi o abraçar. Ele não sabia por qual motivo ela estava fazendo aquilo, mas sabia que estava fazendo bem para ambos. Durante muito tempo ficaram ali sem falar nada, apenas ouvindo os soluços de Thaís. E ele não estava se importando com aquilo. 

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Arthur: O Piloto II 🏁Onde histórias criam vida. Descubra agora