Capítulo 4 - Queime meu Livro Sagrado

58 12 66
                                    

Betina cerrou os olhos, tentando enxergar os contornos à distância.

Judah e Amélia seguiam em sua frente, montados em cavalos que pareciam maiores que a picape de Victor.

- Aquilo é um... Castelo!?

- Sim. - Judah respondeu.

- Seu castelo?

- O castelo de Zagayah.

- Que você é rei? - Betina mais afirmou que perguntou.

- De onde eu sou rei.

- E você a rainha. - Betina apontou para Amélia.

- Não, eu só sou a filha de um cara muito, muito rico.

- Na terra mágica chamada Évora. Eu estava fugindo da Redenção e atravessei um portal para uma outra dimensão.

- O povo está tão confuso quanto você, - Amélia olhou para trás com um sorriso - com suas roupas.

Betina olhou para baixo, o short que terminava muito antes da metade de sua coxa, e a blusa que expunha parte de sua barriga.

Se enrolou um pouco mais na capa de Amélia.

- Eu moro em um lugar muito quente. - Ela sussurrou.

- Não precisa se preocupar, - Amélia continuou - só tem um tempo que alguém atravessa o portal. Décadas.

- Nos últimos cinquenta anos, apenas duas pessoas atravessaram. - Judah falou - Você e esse homem.

- Que vocês odeiam?

- Que era um filho da mãe asqueroso, e aparentemente espalhou nossa língua pelo seu mundo. - Judah replicou.

- A ilha está habitada? - Amélia perguntou.

- Não parecia. - Betina disse - O guarda falou que é para onde levam curiosos... Eu não sei.

- Você quer voltar para casa? - Judah perguntou.

- Tem algum outro portal? Não quero voltar para a ilha.

- Não. - Amélia respondeu.

Judah parou o cavalo, e se inclinou para o lado, sussurrando no ouvido da noiva. Amélia se virou para ele com os olhos cerrados.

- Não temos certeza se...

Judah deu de ombros.

- Podemos tentar.

Betina olhava de um para o outro, uma mão segurando a capa ao redor de si, a outra tentando guiar o cavalo.

- Conversaremos com Ric e Agnar sobre. - Ela respondeu, e Judah assentiu.

- Você ficará conosco até pensarmos em uma forma segura de te mandar de volta, ok? - Judah falou.

- No castelo? - Betina apontou - Com esses vestidos?

- No castelo, - Amélia respondeu - com vestidos com menos camadas porque eu sou a noiva do rei.

Betina soltou uma risadinha.

- Nada impede que você use calças, - Amélia continuou - só algo que cubra sua barriga.

Betina se encolheu mais dentro da capa.

- Ela está brincando com você. - Judah a tranquilizou, descendo do cavalo, estendendo uma mão para a noiva, e, então, ajudando Betina.

Amélia poderia estar brincando, mas, conforme eles entravam no castelo e os pares de olhos se cravavam nela, Betina chegou à conclusão que teria se sentido menos julgada se Fábio tivesse mostrado o vídeo dela rebolando no chão durante o culto enquanto seu pai falava.

A Canção da PenumbraOnde histórias criam vida. Descubra agora