Mais uma fanfic kagehina

Capítulo 2

Quando Hinata se mudou para o Brasil, foi quando eu soube. Sabia que quando a dor que eu senti quando ele foi para o outro lado do mundo não era só porque, em três anos, ele tinha se tornado o meu melhor amigo ou porque eu sabia que a ligação e sintonia que eu tinha com ele, não existia com nenhum outro membro do time (e de outros times também), não importava quem fosse, ou porque ele era a pessoa que conhecia o meu pior lado e ficou por tempo o bastante, para conhecer o melhor (a maioria das pessoas desiste antes de me conhecer mais profundamente e eu admito que leva um bom tempo).

A questão é que eu só percebi isso depois de semanas que ele estava lá. Não foi nem como nos filmes de romance em que o cara descobre no último instante e se declara pouco antes da outra pessoa partir. Ele já tinha partido e não tinha previsão de retorno. E, sinceramente, eu não sei se teria coragem de admitir e dizer isso em voz alta, ainda mais para ele. Imagina só, eu dizendo que me apaixonei por ele. Provavelmente, só iam deixar as coisas estranhas. Eu sabia que Hinata gostava de caras, e de garotas, a maioria de nós do time sabia, ele não negava ou escondia, nem nada. A forma simples de enxergar as coisas não era só no vôlei, Hinata era simples com todo o resto e extremamente honesto, então se ele gostava de alguém, ele simplesmente gostava, sem ficar pensando muito sobre os problemas ou o futuro. Eu também nunca guardei segredo sobre mim, eu só acho que era difícil para os outros me imaginar apaixonado ou ficando com alguém, nem eu conseguia me imaginar.

Então, eu não me arrependi de não ter falado nada, até porque as nossas conversas melhoraram depois que ele se mudou. Nós conversávamos quase todo dia, eu era a primeira pessoa para quem ele contava qualquer coisa e ele era essa pessoa pra mim. Parece mentira, mas não. Ele dizia bom dia e eu, boa noite, ele dizia boa tarde e não respondia, porque era madrugada e eu estava dormindo. O que eu não consegui lidar, por um bom tempo, foi a saudade. Hinata me ensinou essa palavra em português, "saudade", era o que eu senti por muito tempo, sempre que pensava nele. Mas, com o tempo, foi ficando mais fácil. Eu me acostumei com a ausência dele e com a nova forma de presença na vida um do outro que nós criamos.