Em Nome do Pa*

Parte 3 - O beijo

Zoro

— Eu falei sério! De verdade! Sério mesmo!

Pressiono as mãos contra os ouvidos, soltando a bíblia no colo.

— Sanji! É madrugada! Dá pra você parar de gritar?!

O demônio se agacha ao lado da cama, puxando a franja pra trás, os olhos fixos na minha boca, meu lábio estremece sob a atenção dele. Devagar, eles sobem até os meus, o olho azul tornado vermelho vibrante.

— Eu vou morrer — ele sussurra, deslizando a língua pelo lábio superior.

— O quê?!

— Vou morrer se você não me ajudar... Você quer que eu morra?

Meu corpo fica completamente dormente, como se não pertencesse a mim. Ele se aproxima, ficando com o rosto a centímetros do meu.

Não quero que ele morra. O pensamento é intrusivo, abusado e ridículo.

— O quê... o que eu tenho que fazer pra te ajudar?

— Isso — e a boca dele está na minha.

Um beijo. Acho que isso é um beijo. Tem um demônio me beijando. Sanji suspira, sentando no meu colo, as mãos pressionadas contra as laterais do meu rosto.

Quê? O que eu devia fazer?

Movo meus lábios contra os dele também, apoiando a mão na lombar dele por reflexo, hesitando apenas por um segundo antes de puxá-lo na minha direção.

— Você nem sabe porque fez isso, não é? — pergunta, me beijando de novo sem me dar tempo de responder — Nem sabe o que está sentindo...

O demônio roça o corpo contra o meu, escorregando as mãos até a minha nuca, disparando arrepios por minha pele.

A língua dele me invade a boca, tocando a minha e sumindo de novo. Minha cabeça está rodando. Um frio se espalhando em minha barriga. Não consigo respirar.

Tão subitamente quanto se aproximou, Sanji se afasta, depois de lamber meus lábios em deleite. Os olhos ainda brilhando vermelhos.

Com um sorriso de canto, ele leva as mãos até os botões da camisa, pronto pra desabotoá-los quando as unhas os fazem arrebentar.

A gola da peça estremece repetidamente, atraindo meu foco para a pele pálida e cheia de pintas. Resfolego, meus dedos se contraindo, seguro os impulsos como se fossem eles nos meus punhos.

— Ah, isso vai ser muito-

— Sai de perto de mim agora — murmuro, e ele quase voa até o outro lado do quarto, obrigado a obedecer.

— Quê?

A raiva em sua voz me devolve o resto dos meus sentidos, pisco, clareando a visão.

— O que deu em você?! Por que fez isso?!

A boca dele abre e fecha repetidamente como um peixinho, os olhos arregalados.

— Idiota maldito! Você é mesmo um demônio! — sem pensar, pego a bíblia, jogando-a na direção dele.

Ele a pega no ar, se recuperando.

— Você jogou a porra de uma bíblia em mim?! Não quer que eu morra, mas tenta me matar?!

— É só um livro!

— É uma bíblia — rosna, jogando-a pra longe.

Antes que eu perceba, nos encontramos no meio do quarto, nossos peitos se tocando, as respirações exaltadas se misturando.