🌸. Bandage on the shot

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Sakura

A única reação que meu corpo conseguiu esboçar diante daquele momento foi o de choque. Fiquei estática, sem conseguir falar ou me mexer por alguns minutos. E estranhei a paciência do Sasuke em relação a isso. Ele não falou nada, só ficou me fitando pacientemente como se já estivesse esperando que isso acontecesse.

O que eu deveria fazer agora? Bancar a covarde e sair correndo? Ou simplesmente optar por falar o que eu estava sentindo há dias?

— Eu nunca fui sua, Sasuke. — minha boca falou por si só. — Se você jogaria todo o seu futuro fora por mim, saiba que eu não faria o mesmo por você... eu jamais me trocaria por alguém. Irei sim para Cambridge e não será as migalhas dos seus sentimentos que me fará mudar de ideia.

Eu quase voltei atrás no que disse. O olhar magoado que Sasuke me lançou quase me fez repensar as palavras e beijá-lo ali mesmo. Mas eu não faria isso. Seria traição com os meus princípios. Tenho certeza que ele não se encontra mais magoado que eu.

— Dói ouvir isso, Sakura. — sua voz estava falha, como se estivesse segurando o choro.

Mantive minha postura de durona e sustentei o seu olhar.

— Você quer falar de dor? — falei entre dentes enquanto segurava minhas lágrimas de raiva. Por que eu tenho que ser tão chorona em momentos errados? — Não foi você que foi humilhado na frente de dezenas de pessoas que provavelmente estavam te chamando de vadia nos pensamentos. Você mentiu para mim e deixou que todos me atacassem naquele dia, nem se atreveu a me defender!

Ele me olhou abismado. Suas mãos puxaram o cabelo com força para trás e então soltou uma lufada de ar alta.

— Então o problema todo gira em torno disso? Eu não ter te defendido? — Sasuke franziu as sobrancelhas como se estivesse irritado. — Podemos ir até Massachusetts agora mesmo e te defendo na frente de quantas pessoas quiser.

Ri em descrença. Segurei o choro com todas as minhas forças, mas ainda sim lágrimas traiçoeiras desceram pelas minhas bochechas.

— Você é tão egoísta, Sasuke. Vai se ferrar.

— Não me importo com isso. Me chame do que quiser. Só me diga o que preciso fazer para ter você de volta.

Franzi os lábios. Deus...

— Não precisa fazer nada. Todo esforço que você fizesse seria em vão porque nada me faria voltar para você.

Nos encaramos por alguns segundos até que girei os calcanhares e saí dali segurando as lágrimas traiçoeiras. Venha atrás de mim, meu subconsciente gritou desesperado, mas Sasuke não veio. Fiquei torcendo para que suas mãos me parassem. Virei o corredor e isso não aconteceu.

(🌸)

As mãos da minha mãe faziam um carinho tão gostoso que já cheguei a dizer que elas eram uma ótima cura para qualquer decepção amorosa; do grau mais leve até o mais alto. Mas elas não estavam surtindo o efeito que eu desejava. Porque meu coração estava acabado de verdade; ele não estava quebrado, mas sim fragmentado de uma forma tão intensa que seus pedaços pareciam grãos de areia.

— Se sente disposta para ir ao baile agora? — mamãe perguntou depois de um certo tempo. Suas carícias cessaram e agora ela me encarava com aquele típico olhar de mãe cansada.

Me afundei ainda mais nas cobertas.

— Eu quero que o baile se dane. — resmunguei.

Fiquei absorta nos meus pensamentos —algo que agora acontecia com frequência — e não percebi minha mãe sair de fininho do quarto. Ela e o papai vem se esforçando para levantar o meu astral desde o acontecimento Massachusetts; devo ressaltar que sem nenhum sucesso.

          

Fiquei ali, brincando com a borda do meu travesseiro, quando algo pequeno se chocou contra a minha janela. Da primeira vez, não dei muita importância. Mas na terceira, me levantei decidida a espancar o pirralho que estaria jogando pedrinhas ali.

Empurrei a trava com força e uma pedra minúscula acertou minha testa em cheio.

Naruto pôs a mão na boca e arregalou os olhos.

— O que você pensa que está fazendo? — perguntei irritada enquanto massageava o local atingindo.

Ele caiu na gargalhada, mas logo parou ao ver a minha expressão de ódio.

— Precisamos conversar.

Ergui uma sobrancelha em deboche.

— E o que seria tão importante que te faria vir até a minha casa e atirar pedras na minha janela que nem o retardado que você é?

Ele pôs a mão no peito como se tivesse se ofendido com a minha fala.

— Você deixou os modos em Massachusetts? — Naruto perguntou rindo.

E então tudo aquilo me acertou em cheio novamente. Ouvir Massachusetts fazia com que meus olhos se enchessem de lágrimas automaticamente, e acho que Naruto percebeu.

— Não não não não! É brincadeira! Eu não disse Massachusetts, jamais falaria isso. — ele desistiu de tentar consertar a fala e suspirou. — Posso entrar? Brincadeiras à parte, eu preciso mesmo falar com você.

Suspirei cansada.

— Entra pela janela. Não quero que meus pais saibam que está aqui.

Coloquei a cabeça para dentro, mas ainda consegui ouvir a risada baixa do Naruto.

— Fique calma, amorzinho. — falou com dificuldade enquanto subia a minha janela. — Ninguém sabe sobre nós. É o nosso segredo.

Fechei os olhos junto de um suspiro profundo.

— Estou começando a me arrepender de ter te deixado entrar.

Naruto revirou os olhos e então se sentou na minha cama com um dos meus ursos no colo.

— Preciso que você perdoe o Sasuke, Sakura.

Olhei para o Naruto como se ele tivesse acabado de falar que o atual presidente desse país era um homem bom e merecia continuar no poder.

— Você ainda tá usando ecstasy? — perguntei surpresa. — Achei que tivesse parado com essas coisas.

Há um tempo atrás, Sasuke havia me falado sobre um lado do Naruto que eu não fazia ideia. O loirinho angelical já usou todos os tipos de drogas que alguém pode imaginar, mas ele era conhecido por ser o "garoto do ecstasy". Era sua droguinha favorita e o principal motivo das suas desavenças com o pai.

Ele franziu a testa.

— Não... — falou lentamente. — Não vou nem perguntar quem te contou isso. Mas qual é a da pergunta? Eu parei com essas coisas.

Dei de ombros.

— O que você falou não poderia sair da boca de alguém que está sã das ideias.

— Mas eu tô falando sério. — ele então se levantou da cama e se aproximou de mim. — O Sasuke tá arrasado. Uma prova disso é que o apartamento dele está pior que o meu quarto no quesito da bagunça.

Cruzei os braços.

— O certo seria ir atrás de uma faxineira e não de mim. — resmunguei enquanto me afastava.

Naruto pôs uma mão no meu ombro me mantendo no lugar.

— Sakura, eu não suporto a sua cara. Toda vez que te olho tenho vontade de girar dois espetos em brasa nos meus olhos. — falou extremamente sério e então me empurrou lentamente contra a parede. — Então se eu estou aqui no seu quarto, olhando pra sua cara de batata, e ainda por cima tocando em você, é porque é importante. Muito importante. Você tem que perdoar ele.

Fiquei desacreditada ao ouvir o que aquele palhaço falou. Sem pensar duas vezes, lhe dei um chute no estômago que o fez parar no chão.

Me aproximei do seu corpo e puxei a gola da sua camisa enquanto mantinha meu outro punho fechado no ar.

— Se você pensou que com essas palavras e o seu esforço de merda me faria voltar correndo pro seu amigo, você está muito enganado. — falei isso enquanto o chacoalhava com raiva. — Nem mesmo com as mais gentis eu voltaria para o Sasuke. Agora vaza da minha casa antes que eu te arremesse pela janela.

O soltei e fui na direção da janela para abri-la. Escutei o gemido de dor do Naruto enquanto empurrava a trava e olhava para fora na esperança de não encontrar nenhum vizinho fofoqueiro.

— Eu... — ele começou com a voz arrastada. — Eu não faço ideia do que está sentindo devido ao que aconteceu, só que... tenta perdoar ele, Sakura. Não sou a pessoa certa para te contar isso, mas ele te ama. Te ama muito. O que aconteceu em Massachusetts foi só um incidente infeliz que nenhum dos dois tem culpa.

Me virei depressa para o olhar tentando engolir o choro.

— Ele não tem culpa? Ele mentiu para mim! Admita, Naruto! Eu nunca fui prioridade na vida do Sasuke. Nunca estive acima de nada. E Massachusetts não foi um incidente infeliz para mim. Foi uma libertação das mentiras do seu amigo... — a frase foi cortada por um soluço alto que veio do fundo da minha garganta. — Por favor. Vá embora.

Naruto ficou em silêncio e então caminhou até a janela. Quando pôs o segundo pé para fora, ele se virou na minha direção.

— Você sempre foi prioridade na vida do Sasuke. Você não percebeu, mas ele sim... a única infelicidade é que foi tarde demais.

E então pulou.

Primeiro ouvi o baque surdo do seu corpo caindo no chão e depois os passos ligeiros ficando cada vez mais distantes.

Me joguei na cama e afundei minha cara no travesseiro enquanto chorava compulsivamente. Misto de dor, raiva, saudade, solidão e amor.

Por Deus, eu o amava tanto. Mas não consigo fazer isso. Não consigo perdoá-lo. Seria como colocar um band-aid num buraco de um tiro.

(🌸)

Boa noite, florzinhas. Eu prometi a atualização uns dias atrás, mas eu não fazia ideia que o Enem seria dias depois. E estou trabalhando como um burrinho de carga nesses dias porque nem de ódio vive a autora aqui.
A próxima att com certeza virá ano que vem e sem uma data definida, mas vou me esforçar para ser o mais breve possível. Não tive tempo de revisar porque me senti em dívida com vocês e quis trazer o capítulo o quantos antes, então me perdoem pelos errinhos.
Vou logo desejando um ótimo feliz Natal e feliz ano novo para todos! Eu amo vocês.
Beijinhos e até a próxima.

DominateurWhere stories live. Discover now