No dia seguinte, quando amanheceu, tentei contar para os meus amigos tudo o que tinha acontecido durante o meu passeio noturno, porém, não tive tempo. As aulas nos tomaram boa parte do tempo e, durante as simulações dadas por Wendel foi impossível conversar. Ele nos levou para uma selva, onde tivemos que conversar e entender mutantes com poderes de animais. Encontramos com mutantes com genes de pantera, leão, macaco, cobra, morcego e entre outros. Depois disso, Wendel reservou os quinze minutos restantes da sua aula para nos apresentar experiências ou mutações que não deram certas. Seres humanoides, com rostos retorcidos ou alguma parte do corpo totalmente fora do normal.
No caminho para o refeitório, Sofia disse que ouviu uma menina dizer: "Aqueles bichos são de dar medo!". Com toda certeza estava se referindo aos seres humanoides que tínhamos visto no final da aula. Mariana era a única que estava calma, como se não tivesse acontecido nada. Ela disse que havia se acostumado com as simulações e conteúdos dados por Mateus, Wendel e Jhony. Ela também nos disse que existiam missões de verdades no acampamento, missões de recrutamento ou de algum problema mutante que pareça pelo estado. Mas só saíam em missões desse tipo quem possuía o posto de Alfa no acampamento. E para se conquistar um Alfa, exigia muito treinamento e conhecimento.
Sentamos à mesa, esperando o nosso almoço e Bruno chegou e sentou ao nosso lado, sem dizer uma única palavra. Sua fisionomia não mudara, como se nada o tivesse aborrecendo.
– Por que não veio para as aulas? – perguntei a ele.
– Não preciso – respondeu ele, seco. – Eu já sei usar os meus poderes, conheço tudo o que vocês estão aprendendo aqui no acampamento. Já vocês, sem querer ofender, ainda precisam de muito treinamento e conhecimento do nosso mundo para evoluir.
– Já sabemos usar os nossos poderes – retrucou Léon chateado. – Olha aqui – Ele amostrou a luz nas palmas de sua mão. – Está vendo?
Bruno assentiu, porém, não disse mais nada. Ele estava estranho.
– E onde você estava já que não precisa acompanhar as aulas? – perguntei.
– Fazendo algumas coisas - respondeu ele, sem ao menos olhar para gente. Ele olhava completamente para o vazio. – Coisas que não convém a vocês.
Não deu tempo de responder algo, porque o almoço chegou no exato momento em que ia respondê-lo.
O almoço foi rápido e sem graça. Bruno, depois de comer, não disse nada e saiu do refeitório. Fiquei olhando-o se distanciar, sabendo que ele escondia alguma coisa, e eu iria descobrir de qualquer forma o que era. Vinicius, o garoto mais sem graça de todo o acampamento, antes de sair do refeitório jogou um pouco de água no rosto de uma campista que passou por ele. Seus amigos idiotas, que sempre andavam com ele, riram e saíram do refeitório. Nasceu dentro de mim uma raiva e, controlando-me, segui para o lado de fora. A próxima aula seria de Mateus.
O sol tentou sair novamente, porém, fora impedido por mais nuvens pesadas de chuva. Mariana pediu para que a seguíssemos e, na metade do caminho, percebi que ela estava nos levando ao jardim que tinha visitado ontem durante o meu passeio noturno.
– Esse é o meu lugar preferido do acampamento – comentou Mariana sorrindo levemente. - É aqui que leio livros e penso sobre a minha vida.
– Conheci esse lugar ontem - eu disse tranquilamente. - Ele é mesmo muito bonito.
– Como assim? – perguntou-me Léon, olhando para mim totalmente confuso. – Como assim você conheceu ontem?
– Pensei que fosse a única que conhecesse esse jardim – falou Mariana franzindo a testa para mim. – Como descobriu o jardim?
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Thommy Jefferson e a Cidade das Sombras [LIVRO UM]
Adventure"P.S.: Cuidado com as Sombras" Thommy Jefferson é um adolescente de quinze anos que não sabe do segredo que sua família esconde e quando encontra esta mensagem deixada por sua mãe, é onde todo o mistério começa. Para começar, de forma muito suspeita...