DO COLORIDO AO CINZA

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Miguel foi obrigada deixar Alice nua ainda com cheiro do sexo que acabaram de fazer. E pela primeira vez em duas semanas após a morte de dona Maria, ela reclamou e pediu que ele não fosse mais uma vez socorrer a Yara.

Ele não ouviu quando ela disse que já era mais de duas horas da manhã, que ele esteve com ela mais cedo, ele atendeu o novo chamado do seu telefone dando início a discussão entre eles.

Após pegá-la no bar bêbada, Miguel a levou para casa, seu antigo apartamento, deu banho, colocou ela na cama, contudo omitiu que mais uma vez a todo momento Yara queria lhe beijar, falando que o amava e se oferecia para ele completamente nua.

Retornou às seis da manhã do domingo e ao abrir a porta do seu quarto, não encontrou Alice onde deixou antes de sair. Constatou que ela estava no quarto com Danilo, em pé com a testa encostada na porta trancada, arrastou seu corpo de volta para sua cama, era a primeira vez que dormia sozinho depois de estarem juntos. Mesmo por poucas horas.

Passou o dia demonstrando que foi mais um gesto de humanidade e compaixão, até desligou o celular para provar o que estava falando, conseguiu o perdão de Alice e ajudou ela escolher o carro, um semi novo, já que ela não aceitou sua ajuda.

Uma semana em harmonia, conversou com Yara novamente sobre seus sentimentos, ela pediu desculpas e prometeu que não faria mais aquilo. Contudo foi chamado por uma vizinha dela explicando que ela havia tomado alguns comprimidos numa tentativa de suicídio.

- A semana passada ela estava bêbada e te ligaram. - Alice esbravejou, sentada nua enquanto Miguel separava suas roupas. - Hoje ela inventou um suicidio...

- Alice, você está se ouvindo, ninguém inventa um suicídio, Yara está sofrendo. Eu falei tudo que aconteceu quando levei ela para casa bêbada.

Ele entrou no banheiro com as roupas na mão e viu Alice coberta dos pés à cabeça pelo lençol.

- Volto assim que ela estiver bem - falou próximo a cama, tentando tirar o lençol da cabeça de Alice. - Volto a tempo de passamos o domingo juntos.

Ela não respondeu e para não inflamar mais sua raiva saiu. Passou a noite no hospital, após todas as medidas de socorro pela emergência, ela estava fora de perigo de morte.

A quantidade ingerida, causaria apenas um problema estomacal, no entanto Yara teve que ser sedada por causa do estado emocional fora de controle de não aceitação da morte de sua mãe.

Retornou mais de meio dia, entrou às pressas para falar com Alice, Miguel abriu a porta do seu quarto e não a encontrou, nem ouviu os gritos do Danilo, só o silêncio no apartamento. Tentou ligar para ela, porém não atendeu, recebeu uma mensagem da Solange pedindo para ele dar um tempo a sua amiga.

Miguel esperou até a noite, correu para a porta ao ouvir o barulho da fechadura.

- Meu anjo, papai está com saudades - falou colocando o filho em seus braços. - Alice...

Alice não o cumprimentou, passando direto para o quarto. Ele permaneceu na sala com Danilo para brincar, já que o filho estava pedindo atenção. Viu quando ela passou para a cozinha com os fones do celular. Tentou se aproximar, foi avisado para não fazer.

- Alice, vamos conversar! - Ele insistiu, falando mais alto, segurou seu braço. - Me deixe explicar.

Alice se desvencilhou do seu toque, puxando o braço, abriu o refrigerador e pegou verduras.

- Ela estava...

- Se vai falar como está sua esposa - falou enquanto pegava panelas. - , não quero saber.

- Minha esposa é você, estamos juntos, esqueceu?

Ela parou, tirou um dos fones e respondeu:

- Você é que esqueceu disso.

UMA NOITEOnde histórias criam vida. Descubra agora