Capítulo 4 - Separação

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  Esta pessoa era um homem e ignorou Gabriel, passou direto por ele e Gabriel, no momento em que o viu a menos de um metro de distância começou a se debater em raiva. O homem logo deu uma risada arrogante e controlada pois ele já sabia que o sujeito no chão era Gabriel e se dirigiu até Antônio que estava com os olhos arregalados enquanto o assistia se aproximar. Foi então que Gabriel pela primeira vez em 8 anos escutou novamente a sua voz. Uma voz masculina, rouca quase como a de um cachaceiro.

Enquanto andava e se aproximava de Antônio ele falava em tom arrogante gozando de Antônio.

— Eu não podia esperar mais. Eu estava lá, no topo do prédio assistindo tudo, acompanhando vocês enquanto seguiam pela jornada à sobrevivência de vocês e então... eu não consigo... foi muito engraçado, eu não consigo parar de rir — Como esse imbecil conseguiu quebrar a perna!? ~ Disse enquanto se inclinava para Antônio apoiando-se em seus joelhos e dando risadas.

— Tudo o que você tinha que fazer, era atuar como amigo deles! Tudo! Era só agir como uma pessoa normal e fazer amizade! E você foi lá, se envolveu em uma briga e quebrou a porra da perna! não é possível... E esse idiotas ainda acreditaram em você com essa merda de atuação.

Após rir de Antônio por algum tempo, de repente parou como se tivesse perdido a graça da piada.


Agora já chega. ~ Disse sério após se erguer novamente.

Antônio — Por favor... tenha miseric—

E de repente, sem aviso, sem qualquer sinal de que o faria, antes mesmo de Antônio terminar sua frase, ele pressiona o gatilho de sua pistola.

— Você matou um de meus homens, assassino filho da puta.

...Quando ouvi a voz deste homem, tudo... tudo o que havia entre 2036 e hoje deixou de existir, e como se tudo aquilo tivesse ocorrido ontem, as memórias, as emoções que senti naqueles dias, todas vinham a tona, sem qualquer força contrária...

Então ele se vira para Gabriel e vem em sua direção. Gabriel começa a se debater e forçar-se a se erguer em uma explosão de fúria.

Gabriel — Eu vou te matar! Eu vou te matar! Seu filho da puta! Eu vou te matar! Desgraçado! Eu vou te matar! Tchevrog, eu vou te matar! Eu vou te matar seu desgraçado! ~ Gritava irado.

...Tchevrog... este era seu nome. Não existe nome no mundo que eu odiasse tanto quanto eu odiava este. Era o homem mais digno de ser chamado de vilão que eu conheci em toda minha vida. Um homem que estava sempre armado, usando roupas militares e uma máscara de gás avançada semelhante a que eu ganhei de meu tio William...

Tchevrog — Olha só, parece um cão rosnando. Vamos logo, solte-o. Vamos ver do que você pode fazer agora garoto!

...Então o homem que me imobilizava enfim me soltou.

Aquele foi um momento em que eu não pensava em mais nada se não matá-lo. Eu havia perdido minha arma, o homem que me imobilizou havia retirado de mim.

Eu tentava usar tudo o que eu sabia sobre combate corpo-a-corpo, mas não importasse o que eu fizesse, eu não conseguia acertá-lo. Não importava quantas vezes, não importava a forma ou a técnica, eu nunca o acertava, assim como no passado...

Enquanto Gabriel desferia socos, Tchevrog se esquivava como numa brincadeira com uma criança enquanto zombava de sua dificuldade em acertá-lo. Até que quando se cansou da brincadeira deu seu primeiro golpe. No rosto, então se esquivou de um soco mau coordenado e em seguida deu outro entre seu diafragma. Diante de Gabriel curvado em dor, um poderoso soco de direita em seu rosto. Gabriel já não conseguia sequer dar um soco, mas Tchevrog continuou a socá-lo. No rosto, no estômago, nas costelas... E quando viu Gabriel tentando se reerguer, uma joelhada que o fez cair no chão.

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