<Cap 104 - When Midnight Comes>

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(...Chegamos ao fim da primeira temporada filhotes. Esse capitulo é apenas o Mew narrando o dia do aniversario de Gulf, vocês já sabem oq acontece a única diferença é que Mew quem vai contar oq realmente aconteceu...)

O sino do Instituto começou a soar o pulso alto e profundo do ápice da noite.

Mew repousou sua faca. Era um pequeno canivete, com cabo de osso, que Boat lhe dera de presente quando se tornaram parabatai. Ele o usava constantemente, e o cabo estava gasto e liso pela pressão dos seus dedos.

- Meia-noite - ele disse. Podia sentir Gulf ao seu lado, sentado entre as sobras do piquenique, a respiração suave no ar frio e com aroma de folhas da estufa. Ele não estava olhando para Gulf, mas para a frente, para os botões brilhantes e fechados da planta medianox. Não sabia ao certo por que não queria olhar para Gulf. Lembrou-se da primeira vez em que viu a flor brotar, sentado em um banco de pedra naquela estufa com Boat e Mild, um de cada lado, e os dedos de Hodge no caule da flor. O tutor os acordara quase à meia-noite para mostrar-lhes a maravilha, uma planta que normalmente só nascia em Idris, e Mew se lembrou do próprio fôlego lhe abandonando no ar invernal daquela hora da noite ao ver algo tão surpreendente e lindo.

Boat e Mild não se impressionaram tanto quanto ele com a beleza. Mild se entediou assim que descobriu que a flor só tinha aplicações medicinais, e não letais, e Boat - nunca um notívago - tinha caído no sono com a cabeça no ombro do irmão. Mew estava preocupado mesmo agora, enquanto os sinos soavam, que Gulf tivesse reação semelhante: interesse, ou até agrado, mas não encantamento. Ele queria que Gulf se sentisse como ele em relação a medianox, apesar de não saber explicar por que.

Um ruído escapou dos lábios de Gulf, um suave "ah!". A flor estava desabrochando: abrindo como o nascimento de uma estrela, toda brilhante em polens e pétalas de ouro branco.

- Elas florescem toda noite?

Uma onda de alívio passou por Mew. Seus olhos verdes brilhavam, fixos na flor. Gulf estava flexionando os dedos inconscientemente, do jeito que Mew aprendera que Gulf fazia quando queria ter uma caneta ou lápis para capturar alguma imagem diante de si. Às vezes ele gostaria de ver o mundo como Gulf: uma tela a ser capturada em tinta, giz e aquarela. E às vezes quando Gulf olhava para ele daquele jeito, como se estives se desmontando-o, pedaços e fragmentos a serem separados e pinta dos ou esboçados, uma análise praticamente sem emoção, ele quase enrubescia; uma sensação tão estranha que ele quase não reconhecia Mew Suppasit não ruborizava.

-Só à meia-noite. Feliz aniversário, Gulf Kanawut - disse ele, e sua boca se curvou em um sorriso. - Tenho uma coisa para você. - Ele se mexeu um pouco para alcançar o bolso, mas achou que Gulf não notou. Quando colocou a pedra de luz enfeitiçada em sua mão, ele teve consciência do quão pequenos eram os seus dedos sob os de Gulf; delicados, porém fortes, calejados por horas segurando lápis e pincéis. Os calos fizeram cócegas nas pontas de seus dedos. Ele ficou imaginando se o contato com a sua pele acelerava o pulso de Gulf, como acontecia com ele, quando o tocava.

Aparentemente não, porque Gulf se afastou, a expressão demonstrava apenas curiosidade.

- Hum. Sabe, quando a maioria das garotas diz que quer uma pedra grande, elas não querem dizer, você sabe, literalmente uma pedra grande - explicou Gulf.

Ele sorriu sem querer. O que era completamente estranho; normalmente só Boat ou Mild conseguiam extrair sorrisos dele. Ele sabia que Gulf era corajoso desde que o conheceu entrar naquela sala atrás de Mild, desarmado e sem preparo requeria o tipo de coragem que ele normalmente não associava a mundanos, mas o fato de que Gulf o ferir ainda o surpreendia. 

- Não é uma pedra, exatamente. Todos os Caçadores de Sombras têm uma pedra com símbolos enfeitiçados. Vai te trazer luz mesmo nas sombras mais escuras deste mundo e de outros. - Essas eram as mesmas palavras que seu pai havia lhe dito ao dar sua primeira pedra Marcada "Que outros mundos? - perguntou lace, mas seu pai apenas riu. "Há mais mundos a um suspiro deste do que há grãos de areia na praia" - respondeu ele. As vezes Mew ficava imaginando se havia outros Mew nesses mundos, e, se sim, se os pais deles estariam vivos ou mortos. Ficou imaginando se aquelas versões dele eram felizes, ou tristes, e se pensavam nele.

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