Capítulo 14

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Christopher= Sabe o que eu quero? Que você lute por nós desde o primeiro instante, que não espere uma discussão para falar com a Cynthia. Quero que você fale isso no instante em que recebe a notícia! – aproximou-se dela. – Eu quero ser a sua prioridade! Eu e o Gustavo!

Dulce= E vocês são! – levou as mãos à cabeça e respirou cansada. – Vocês sempre são, eu não preciso repetir isso. E se toda vez que eu não responder no tempo que você pede, você brigar comigo, então você vai me matar.  – encaram-se. – Vai me matar, Christopher, porque eu não sou perfeita. Nenhum de nós pode ser.

Ela sentou-se na cama e deslizou as mãos pelo cabelo, acalmando-se pouco a pouco e normalizando a respiração. O marido sentou-se ao seu lado e mirou o guarda-roupa, conhecia bem aquela cena.

Christopher= O que você quer fazer? – não a olhou ao perguntar.

Dulce sentiu o frio percorrer a espinha, da última vez que sentaram-se na beirada da cama e miraram o guarda-roupa, terminaram concluindo que a melhor coisa a ser feita era enfrentar o divórcio. Ela não queria aquilo outra vez.

Não queria um divórcio, não queria separar-se dele, não queria nem mesmo uma discussão com ele.

Christopher= Dulce, o que você...

Dulce= Quero que você deixe de brigar comigo por 12 horas. – arfou. – Não estou pedindo uma vida perfeita, não estou pedindo nem um dia inteiro de perfeição, eu só estou pedindo que pelas próximas 12 horas você não brigue comigo. – olhou-o. – Será que nós conseguimos? Dá pra ficarmos até amanhã de manhã sem brigarmos? Com a consciência de que vamos dormir, sei lá, por umas oito horas. Não sobrará tanto tempo para discutir assim.

Christopher= Sabe o que eu quero? – encarou-a. – Que você deixe de ser irônica comigo. – levantou-se e seguiu até o banheiro.

Dulce= Isso é o oposto de não brigar! – disse alto, mas ele não falou nada.

Ela deixou o corpo cair para trás, fechou os olhos e, por alguns segundos, sentiu-se desesperada. Queria desabafar o quanto aquela situação era estressante, queria dizer que também estava ansiosa e agoniada por não ter a certeza de que o marido estaria ao seu lado, queria contar que o novo emprego lhe dava medo e que temia não ser tão capaz quanto todos pareciam desejar; queria dizer que a verdadeira paz morava apenas nos braços de Christopher.

Mas não disse nada. Abrir qualquer precedente de fraqueza seria o suficiente para que ele se cobrasse ainda mais, terminasse mais irritado pela distância, e aumentasse a briga que já era suficientemente grande.

Pensou que, se ela não cedesse, o marido não o faria. Se ela não ignorasse a discussão, não teriam paz nem mesmo pela próxima hora, muito menos até a manhã seguinte. Era melhor engolir os próprios sentimentos, não expressar o quanto se ofendera pela briga logo cedo, e com a pressão de que ele havia deixado a própria carreira por ela.

Seu coração não estava em paz, e seu orgulho lhe dizia que não deveria ceder, mas estava disposta a fazer o que fosse preciso para não permitir que o casamento afundasse por completo.

Secou o canto dos olhos, respirou fundo e levantou-se da cama, seguindo o mesmo caminho do marido.

Parou na porta do banheiro e o viu terminando de fazer a barba. Permaneceu parada, em pé e encarando a cena, até que ele terminasse tal tarefa. Esperou enquanto ele pacientemente limpava a pia. Assim que o diretor pegou a escova de dente, ela deu um passo à frente.

Christopher a olhou de soslaio, e ela tirou a escova de sua mão, deixando-a de lado para então abraçar o homem. Ficou na ponta dos pés para que pudesse aproximar os rostos e passou os braços pelo pescoço dele. Esperou até que ele cedesse e lhe rodeasse a cintura.

A Sósia - Volume IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora