"Peace" - Parte 4

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Oii 💛
Muitas teorias sobre o capítulo de hoje, todas erradas kkkk boa leitura 💛

Alerta de gatilho para crises de ansiedade❕

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Millie...

A casa em Malibu parecia diferente sem Sadie, como se depois de ter estado ali em sua presença tudo se tornasse vazio e solitário demais sem ela. Houve um tempo em que adorava aquele silêncio que só era interrompido pelo balanço das ondas do lado de fora, adorava caminhar pelos cômodos com a certeza de que não encontraria ninguém, adorava me sentar na cozinha e ver as horas se passando enquanto apreciava minha própria companhia. Mas agora nada disso parecia ter sentido, nada disso me agradava. Aquela casa precisava de Sadie, dos seus passos desacelerados nos corredores, da sua voz gritando por mim do quarto, da sua música favorita tocando na sala de estar, do cheiro de sua comida vindo da cozinha, dos seus olhos me perseguindo por toda a parte.

Naquela manhã, quando finalmente havia tomado coragem para lhe enviar uma mensagem depois de tantos dias, o que se passava em minha cabeça era que em poucas horas a teria comigo em nosso lugar. E então eu poderia finalmente lhe dar todas as explicações que merecia, e me aproveitar de cada segundo ao seu lado para esquecer o inferno que vivi durante todo aquele tempo de distância entre nós. Malibu nos traria alguma paz, merecíamos isso depois de tanto, ao menos para nos sentir em casa enquanto conversávamos sobre os vários assuntos que tínhamos a tratar.

Acho que acabou sendo ingenuidade da minha parte, esperar que largasse tudo e viesse me ver depois de semanas sem sequer lhe dar notícias. Mas ainda que fosse, lhe esperei acordada naquela sala até que a sexta-feira se tornasse sábado, segurando em mãos o celular na esperança de que me dissesse que estava a caminho, assistindo o amanhecer do sofá que assim como eu guardava seu lugar.

O sono eventualmente venceu minha teimosia, e então cedi a ele sentindo a decepção de saber que ela não viria se instalar, a noção de que nossos problemas eram ainda maiores que pensava me invadir. O que eu esperava afinal, que fosse mesmo manter a promessa de confiar em mim? Nem mesmo eu confiava. Não era sequer justo me sentir mal por sua ausência.

- Millie... - a voz branda, e um toque gentil em meus ombros me puxou aos poucos para a realidade. Foi um susto abrir os olhos sem ter a menor ideia se era mesmo real ou apenas um sonho, se horas haviam se passado desde a percepção de que estava adormecendo, ou apenas segundos - Millie, acorde, eu estou aqui!

- Sadie? O que... Meu Deus! - Me sentei rapidamente, espantada ao me dar conta de que ela estava mesmo bem ali diante dos meus olhos - eu dormi te esperando, te esperei a noite inteira... - me expliquei me recompondo como podia ao esfregar o rosto na intenção de me sentir um pouco mais em órbita, e então o meu primeiro impulso foi finalmente abraçá-la, mas a distância que acabou tomando naqueles poucos segundos me fez suspeitar de que não estava tão ansiosa por isso como euA certeza terrível de que mesmo que estivesse ali as coisas não iam bem se instalou em meu peito - pensei que não viria.

- Estou aqui... - Sadie respirou como quem tentava enjaular as próprias emoções, me encarando com firmeza como se pudesse mesmo me esconder o quão magoada estava - sou uma idiota por estar aqui, Mills?

- Não, você não é! Jamais! - Neguei mais que depressa, me pondo de pé em sua frente em segundos, tomando a iniciativa de abraçá-la, mas sendo impedida ao mesmo tempo quando a proximidade pareceu desencadear seu choro - Sadie... - ela me deu as costas, frustrada consigo mesma por desabar. Eu me odiava, mais do que a qualquer um. Desejava morrer antes de causá-la tanta dor - Eu sinto muito, meu amor! Muito!

- Não podia ter feito isso! - Desabafou em meio ao choro - eu não conseguia parar de pensar se estava bem, se...

- Eu sinto muito, Sads! - Repetia sem parar, porquê me desculpar era tudo que eu podia fazer. Não havia defesas para o fato de que lhe deixei por quase vinte dias sem notícias minhas, em meio a todo aquele caos, sozinha - eu me odeio tanto por tudo isso! Se você soubesse o quanto! - Ela voltou a me olhar, e como se meu desespero de alguma forma lhe trouxesse lucidez baixou finalmente a guarda permitindo nossa aproximação - não mereço que esteja aqui! - Suas mãos tomaram meu rosto, e as minhas seus antebraços, nossas testas se encostaram, e diante do seu toque, dos seus olhos marejados que encaravam os meus, eu pude finalmente respirar depois de todos aqueles dias. Nem mesmo sabia que era possível conseguir sorrir tão sinceramente enquanto sentia tanta dor, tanto medo, tanta raiva de mim mesma. Mas sentir seu amor era como pisar meus pés no céu. Nunca me considerei digna do céu - não mereço você!

Pouring Rain - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora