Estou destruída.
Meus olhos provavelmente estão vermelhos e inchados, e minha camisa molhada de lágrimas. Estou suada e fedendo a álcool. Ainda não me recuperei totalmente quando a campainha toca.
Eu penso em ignorar. Na verdade, eu vou ignorar. Não estou com cabeça para atender, muito menos em condições de falar com alguém.
Penso nas possibilidades de quem pode ser – Ben ou Emília – e as descarto. Ben está viajando, e mesmo que fosse ele, ele tem a chave, assim como Emília.
Como a campainha não para de tocar, eu resolvo ir até lá. Me arrumo o máximo que consigo para ficar aceitável. Desamasso a camisa e prendo meus cachos. Só não sei como vou parecer que estou normal; deve estar explícito que eu estava enchendo a cara.
Enquanto sigo até a porta a campainha toca freneticamente. Começo a ficar irritada. Quem essa pessoa acha que é?
Quando abro a porta, há um rapaz bonito parado na frente. Seu olho esquerdo está meio vermelho, como se tivesse levado um soco. Ele se veste casualmente, e tem duas pastas de documentos nas mãos.
– Boa noite – ele fala. – Peço desculpas pela hora e pela persistência, mas é que realmente precisava falar com você.
– Pode falar o quer – digo.
– Podemos entrar? – ele pede.
– Eu nem sei quem você é... – eu começo, mas sou interrompida por ele. Ele simplesmente passa por mim e adentra minha casa.
– É realmente urgente. – ele diz enquanto segue para a sala.
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Cuidado com o que chama de Amor
Short StoryUm filho. Tudo que Ellie queria era um filho. Destruída pelo aniversário do dia em que viu sua felicidade indo embora, Ellie se culpa por ser quase infértil. Sua maior dor é não poder dar um filho ao seu amado marido, Ben. Alternando entre o present...