Capítulo Vinte e Um

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Aidan Denver

Elizabeth entrou no carro esboçando um sorriso.

— Bom dia, filho! — ela se inclinou e beijou minha bochecha, quando voltou para a o seu lugar no banco do carona, arregalei os olhos ao notar o novo visual.

— Cortou o cabelo? — perguntei vendo as mechas loiras mais curtas, estilo Chanel? Acho que é esse o nome do corte. Além do cabelo curto, ela usava um vestido mídi vermelho e um salto nude, uma maquiagem leve ressalta os olhos azuis e as finas linhas de expressão ficam um pouco mais aparente quando sorri para mim.

— Gostou? — pergunta passando a mão pelo cabelo. — Confesso que estou estranhando um pouco, mas tinha tanto tempo que usava cabelo longo que quis mudar.

— Gostei sim, combinou contigo. — Elizabeth parecia ter rejuvenescido alguns anos com o novo corte de cabelo, ela parecia diferente também, o tempo que passou fora fez bem à ela, apesar de não ter sido fácil para mim, fico feliz em vê-la feliz. — Cheia de mudanças...

Ela deu um sorriso constrangido, mas eu não disse com o intuito de a recriminar, pelo contrário, estou feliz por ela estar se permitindo mudanças. A ida para uma nova casa, o corte de cabelo, a maquiagem leve diferente das que tinha o costume de usar. A mulher na minha frente, mostrava uma nova versão de minha mãe, uma que parecia muito mais independente e se afastando da criação rígida da sua mãe.

— Espero que as ache positivas. — comentou olhando o movimento da rua. Desviei o olhar para ela, sempre preocupada com a opinião dos outros, porém desde a sua viagem/sumiço algo parecia estar mudando, ela parecia mudada e disposta a fazer coisas diferentes, Elizabeth não tinha mais um marido e eu estou com quase vinte e três anos, ela não tem que e não deve viver mais para nenhum de nós dois.

— Eu acho, estou gostando da sua nova versão. — o seu sorriso dessa vez não foi constrangido, nem encabulado, foi aberto e agradecido.

Ela escolheu uma música e fomos ouvindo enquanto dirigia a cafeteria para tomar café, trânsito não era dos mais intensos, por isso não demoramos muito para chegar. A cafeteria não era nada parecida com as que ficavam próximas à Universidade ou ao meu apartamento. Dois andares, estilo clássico misturado com o moderno, o lugar é bonito, mas um café aqui, só o café, deveria custar uns vinte dólares, por isso esperava que Elizabeth pagasse hoje porque com vinte dólares eu podia beber um café, comer um pedaço de torta e ainda sobraria troco se fossemos no Isla.

— Como descobriu esse lugar? — perguntei, o estabelecimento com toda a certeza é novo, já que passei aqui na frente há algumas semanas e não lembro de tê-lo visto.

— Vim aqui ontem com Joseph. — respondeu enquanto o garçom se aproximava.

— Bom dia, Senhora! — ele lançou um olhar desconfiado para mim, encarando meu jeans escuro e camiseta branca simples, bem diferente dos engravatados sentados nas mesas. Ele foi rápido em me avaliar dos pés à cabeça, queria saber qual o problema de pessoas que trabalham em lugares caros, eles, na maioria das vezes, se achavam no direito de julgar que não estava vestido de maneira "apropriada". — Mesa para dois?

— Sim, por favor.

— Por aqui. — respondeu a acompanhando e o deixando para trás. Esperava que ele não desse em cima da minha mãe bem na minha frente, não queria lidar com uma situação constrangedora logo de manhã. Chegamos na mesa indicada, ela ficava próxima à uma janela e quando fui me aproximar para puxar a cadeira para minha mãe, o garçom foi mais rápido.

— Obrigada. — Elizabeth agradeceu com um sorriso e o garçom sorriu de volta adquirindo um tom avermelhado nas bochechas e logo se retirou afirmando que logo traria o cardápio. — O que foi, Aidan? Está com uma cara estranha.

Não Conte a Nossa Verdade - Livro II [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora