10.Meu quarto se transforma na nova sede do "clube das almas fugitivas"

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P.o.v.Stella di Angelo

Nunca pensei que diria isso novamente, mas eu sinto falta do silêncio e de estar sozinha.

Desde a morte dos meus pais a ideia de estar sozinha no silêncio me apavorava. O silêncio trazia pensamentos e os pensamentos traziam lembranças e sentimentos ruins.

Mas naquele momento repensei minhas opções.Meu quarto estava um caos. Em um primeiro momento pensei que estava sonhando, mas não, eu não estava. Aquilo tudo realmente estava acontecendo. Cerca de trinta fantasmas conversavam, discutiam, se lamentável e alguns até choravam. É você não ouviu errado, FANTASMAS!Você deve estar imaginando a minha reação quando acordei e me vi em uma reunião do clube das almas fugitivas do submundo.

Se a transformação medonha do ex-vice-diretor do meu colégio em um mostro metade leão e metade humano, o evento com os esqueletos e todas as outras coisas que ocorreram na última semana ainda não tivessem me convencido aquilo com certeza me convenceu: ou deuses e criaturas mitológicas eram reais ou eu estava completamente maluca.
Sendo coisa da minha cabeça ou não, um homem/fantasma gorducho se aproximou de mim.

-Senhorita di Angelo, certo?–O homem perguntou.

-Quem é você? - Perguntei.

-Ah, claro! Que falta de educação a minha!–Ele disse fazendo uma reverência em seguida–Sou Minos, É um prazer!

-Minos?– De onde conheço esse nome?– Stella di Angelo, é um prazer.

-É uma pena que tenho que acabar com esta festa.- Ele lamentou olhando ao redor.

-Sinto muito, mas o que está acontecendo?

-Algumas almas fugitivas resolveram que seria uma ótima ideia se reunir aqui.

-Por quê?

-Provavelmente sentiram sua energia.- Ele respondeu com indiferença.

-Do que você está falando?- Foi tarde demais.Antes mesmo que eu acabasse de falar o fantasma desapareceu.

Por meio as conversas paralelas dos fantasmas pude ouvir uma batida na porta do quarto.

-Stella?–A voz de Alabaster veio por trás da porta.

-Entre!–Respondi.

O garoto obedeceu e abriu a porta do quarto.Aparentemente ele não reparou em nenhum dos fantasmas que estavam dentro do quarto, apenas franziu o cenho quando atravessou uma mulher com cerca de quarenta anos que parecia ter saído da idade vitoriana. Alabaster olhou ao redor.

-Tudo bem?– perguntei mantendo o meu melhor tom de naturalidade.

Ele sacudiu levemente a cabeça como se quisesse espantar um pensamento.

-Não se preocupe.

-Tudo bem.–Mantive minha falsa tranquilidade.

-Ainda está de pijama?- Ele observou.Eu responderia algo, mas o garoto não me deu tempo sequer para falar- Vista-se e arrume-se!Volto em uma hora. Você tomara o café da manhã hoje juntamente dos outros.

-Então finalmente resolveram me tirar desse cativeiro?– Perguntei sarcástica indicando com as mãos o quarto ao meu redor.

O garoto me lançou um olhar que poderia querer dizer: "Sinto muito por estar passando por isso", "Sabe que posso te matar?" ou "Acredite estamos fazendo o melhor para todos, mesmo que não pareça" ou os três. Virou-se para a porta novamente e saiu.

Suspirei e em meio a aglomeração de almas fugitivas, entrei no banheiro do quarto e me tranquei lá. Vesti um moletom preto, prendi meus cabelos em um coque baixo. Encarei minha figura no espelho, minha pele estava mais pálida que o habitual, as marcas escuras embaixo dos meus olhos insinuavam que eu não dormia há anos.

Di Angelo | A maldição de AtlasOnde histórias criam vida. Descubra agora