— Espera, você dividi o apartamento com ela e ainda não se pegaram?

— Não.

— A Maybank, conta outra. Vindo de você eu duvido.

— Não fico com ninguém a meses cara.

— Por quê?

— É complicado.

— E a Hannah?

— Sem condições, mimada, chata e não faz meu tipo.

— Você gosta das teimosas e difíceis não é? Ela era fácil demais.

— Cala a boca moleque, posso ir? O filho de papai fudeu com meu carro, não vou poder competir com ele.

— Pode, sei que não vai ao pronto-socorro então já fiz os curativos, você cortou o supercílio novamente mas vai ficar bem, não se preocupe.

— Vai se ferrar.

— Também gosto de você Maybank. Afinal, Maybank é mesmo seu sobrenome?

— Sim. - Respondo colocando meu casaco.

— Canadense?

— Meu pai é, minha mãe tem dupla cidadania, metade Canadense, metade Estadunidense.

— Daora.

— Valeu pelo atendimento exclusivo. Preciso ir pra casa.

— Você não vai beber, sempre quando diz isso bebe até me ligar me perguntando sobre carros.

— Isso foi sem querer, eu estava estressado.

— Quando estou estressado acabo na cama de alguém.

— Você só tem dezessete anos, deveria estar estudando.

— Pois é, mas olha onde eu estou, em um negócio clandestino de corridas ilegais. Viva!

— Valeu pela ajuda cara, vá pra casa.

— Quê? Eu vou pra uma boate com o patrão, ele vai bancar tudo.

— Juízo.

— Digo isso a você também.

— Valeu.

Pego minhas coisas no armário e saio em direção ao meu carro, passo em um restaurante e compro algo que irá suprir minha fome, assim que chego ao prédio vejo o porteiro dormindo na cadeira, dou risada ao ouvir ele roncar.

São duas da manhã, é óbvio que ele está dormindo, só os loucos estão acordados agora.

Com a mão que seguro o pacote do McDonald's aperto o número do andar e com a outra seguro o copo grande de refrigerante.

Enquanto via os números subindo pensava quando eu vou sair dessa vida, não é um conto de fadas mas também não é um quebra-cabeças. Pode ser perigoso mas a grana vem fácil, e eu já estou acostumado com isso.

As portas se abrem e pego a chave da porta, abro a mesma encontrando a TV ligada mas Kiara não está na sala e nem na cozinha.

Ouço passos vindos do corredor e meus olhos se perdem ao ver Kiara vestida com um pijama de seda rosa, por alguns segundos fico a vendo se aproximar e só quando toca meu rosto com as mãos vejo que analiza o corte no meu supercílio.

— Mais um Maybank?

— Foi só um corte. Trouxe comida.

— Eu vi mas estou preocupada com isso aqui. - Aponta pro supercílio cortado.

— Não foi nada, foi só uma batida leve.

— Batida?

— Meu carro quase capotou por causa de um idiota.

— Meu deus, você está bem?

— Sim, estou. Está com fome?

— Você age assim? Como se nada tivesse acontecido?

— Qual é Kie, eu já fiz isso dezenas de vezes.

— Meu deus, você é um maluco mesmo.

— Ninguém é perfeito. Pegue, trouxe batatas fritas e sorvete.

— Como você sabe que eu gosto de comer batatas com sorvete?

— Crescemos juntos esqueceu?

— Valeu.

— O quê você estava assistindo?

— Na realidade eu só estava deitada no sofá, pensando na minha vida, que últimamente está um caos.

— Ótimo, pois estava fazendo o mesmo.

— Sobre as corridas?

— Sim, eu penso em parar mas o dinheiro é bom, a quantia é alta e só preciso fazer isso em alguns dias da semana.

— Mas a sua vida não está a cima do dinheiro?

— Eu preciso pagar esse lugar, me sustentar e já que não deu certo na
Forma legal, Vamos da outra.

— Como assim?

— Eu já tentei correr profissionalmente, com patrocinador e tudo mais.

— E o quê aconteceu?

— Obstáculos, pessoas invejsas, traiçoeiras e ruins me impediram de continuar.

— Quem?

— A principal delas foi meu pai, ele não queria e fez de tudo pra que não conseguisse.

— Por quê?

— Por superioridade, pra todos saberem quem manda. Ele manda e os ouros obedecem.

— Quê babaca.

— Totalmente. Ele não se importa comigo, ele se importa com a imagem dele.

— Mas você pode correr atrás dos seus sonhos, ainda não é tarde demais.

— Julgando pelo meu histórico, acho que não dá mais tempo. Não patrocinariam um cara que corre ilegalmente.

— Não diga isso, confie em você.

— Eu não tenho ninguém que confie em mim, e eu vou confiar em mim mesmo?

— Eu confio em você.

— Está falando isso só pra não me deixar tão pra baixo.

— Não, não estou. Confio em você e se precisar, estou aqui pra ouvir o que tem a dizer.

— Valeu.

— Então, topa um filme pra acompanhar a ingestão dessas besteiras? — Questiona ao levantar
o saco do Fast-food pro alto.

— Topo, o filme fica por sua conta.

— Logo pra mim? Que estou a meia hora tentando escolher um filme decente.

— Ok, eu ajudo a escolher.

Nós dois damos risada.

Stupid Love - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora