dezoito.

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Cansativo era pouco pra essa semana.

Comecei a arrumar minha bolsa pós jogo sabendo que teria trabalho pra caralho amanhã, já que metade do time estava sentindo algo.

O jogo tinha sido no Macara então daqui, graças a Deus era cada um pra sua casa, apesar dos moleques estarem agitando Vitrine.

- Acho que amanhã teremos trabalho, né? - Alex apareceu, com a mochila nas contas. Lá vem o chatão.

- Infelizmente. - Dei um sorrisinho.

- Bem vinda a fase normal do Flamengo, minha menina. 2019 foi luxo. - Pois o gato teria que batalhar pra me estressar hoje.

- Realmente, mas daremos um jeito, né? Já passamos por fase pior, você que é ancião da casa, sabe mais que eu. - Pisquei.

- Com toda certeza. Apesar que pra vocês tá tranquilo, né? Já já isso não será mais preocupação de vocês.

- São meus pacientes, então sempre serão minha preocupação.

- Sim, claro. Mas por enquanto, né? Depois de Agosto é outra vida.

- Ué. - Ri fraco. - Como assim?

- Do Gerson assinando com o Olympique, ué. Vocês vão em Agosto, não é? - Mas que porra? Meu celular vibrou e eu olhei, disfarçando a cara de taxo que tinha ficado.

- Alex, surgiu uma urgência aqui, vou ter que ir, tá? Amanhã conversamos sobre as lesões. - Ele assentiu, se despedindo enquanto eu ia pro estacionamento, puta da cara. Respirei fundo e me aproximei dele e do Matheuzinho.

- Pois não, querido? - Me aproximei deles.

- Vai negar a carona pra um negrão bonito, prô? - Gerson disse.

- Só se ele pagar a carona com um beijo. - Ele riu.

- Até dois, nega. - Beijos minha mão.

- Ih solteiro não tem um minuto de paz, né? Caralho cara. - Matheuzinho entrou no carro emburrado, enquanto eu ria e entrava também.

Fiz gracinha com Gerson mas ainda estava brava, enquanto os dois tagarelavam mais que a tia da cobra.

Deixamos Matheuzinho em casa e logo chegamos na nossa.

- Na minha conta hoje? - Perguntou.

- Sim senhor. Vou tomando banho. - Ele assentiu, me olhando enquanto eu subia.

Todo pós jogo era um parto pros dois dormirem, adrenalina ficava lá no alto, principalmente quando ganhávamos, que era o caso hoje.

Tomei banho, coloquei um pijama quente e desci, vendo ele tirar com duas sacolas de comida japonesa, cantarolando enquanto colocava as potes na mesa de centro.

- A animação do homem.

- Hoje eu tô mermo, motivo nenhum.

- Certeza?

- Eu tenho ué.

- 100%? Nada que não tenha me contado... Sei lá? - Ele semicerrou os olhos, sentando do meu lado, mas um pouco distante, suspirando.

- Quem te contou?

- É o que menos importa, né? Você que não foi.

- Preta, eu ia contar...

- Na hora do voo?

- Na minha cabeça não fazia sentido te sobrecarregar com algo que nem tenho certeza se vou querer.

- Gerson, se chegou até mim é porque outras pessoas estão sabendo. Se outras pessoas, além da diretoria, estão sabendo, é porque você ta mais pro sim do que pro não, né?

Melanina II | Gerson Santos Onde histórias criam vida. Descubra agora