[3] Música favorita

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AVISO: Esse capítulo terá cenas de violência física e psicologia contra criança, não leia se sentirem desconfortável!

"Eu fico louco, pois não é aqui onde eu quero estar
E a satisfação parece ser uma memória distante
E eu não consigo evitar, tudo que eu
Quero ouvi-la dizer é: Você é meu?" — R U Mine?

Soobin tinha uma irmã e um irmão, ambos bem mais velhos que ele e que já tinham saído de casa. Ele nunca foi próximo do seu irmão mais velho, os dois tinham personalidades tão distantes uma da outra que mal conseguiam manter uma conversa, já com sua irmã era o completo oposto, eles tinham muito incomum e se falavam com frequência até hoje. Ela era a única pessoa que Soobin gostava de falar da sua família, já o resto ele preferia manter o máximo de distância possível. 

Quando ele era criança, seus pais nunca estavam em casa, então quem cuidava de si era sua irmã já que seu irmão também nunca estava em casa. Naquela época por conta do trabalho estressante do seu pai, ele sempre o via bravo e aquilo o assustava. Naquele dia depois da escola, assim que virou para fechar a porta da sala, ele sentiu uma mão o puxando fortemente pelo capuz do seu casaco. Ele odiava quando seu pai o puxava pelas roupas, quando estava andando pela sua casa, Soobin sempre olhava para trás repetidamente com o medo do seu pai aparecer a qualquer momento e o surpreender pelas costas.

— Quantas vezes eu disse pra tirar aquela merda de bicicleta da frente de casa?  — a voz dura do seu pai ocupou todo o ambiente, ele tinha o avisado apenas uma vez sobre aquilo, e Soobin acabou esquecendo com sua memória curta. Ele tinha apenas sete anos na época e sua professora tinha falado sobre erros, que estava tudo bem errar e que aprendemos com nossos próprios erros, mas seu pai não pensava daquele jeito. 

Seu pai tirou o próprio cinto e bateu contra a mesa, fazendo um barulho tão alto que Soobin rapidamente se encolheu. 

— Fique de joelhos com as mãos na cabeça — mandou. Ele não conseguia controlar as lágrimas que desciam antecipadamente sem parar. 

Quando a sua pele começou a ser atingida pelo cinto de couro, Soobin tentou não pensar na dor, tentou não pensar se ele realmente merecia isso, a única coisa que ele tentou pensar era como sua professora estava errada e quanto ele a odiava por ter mentido. Sua mãe passou pela sala, encarando a cena por um tempo. Era nesses momentos que Soobin queria que sua mãe falasse consigo, que ela interferisse e o abraçasse, seus colegas de sala costumavam dizer que um abraço acolhedor de uma mãe era capaz de curar tudo. 

Soobin queria experimentar um dia o abraço da sua mãe, talvez, assim as feridas do seu coração fossem curadas. Mas como todas as vezes que aquilo acontecia, sua mãe apenas passou reto, sem ao menos falar algo. E Soobin chorou mais por aquilo, ele soluçava sem parar, e não era por causa dos roxos que se formavam pelo seu corpo, mas sim porque sua mãe o rejeitou mais uma vez. 

E mais uma vez ele se sentiu abandonado e vazio. 

— Vá para seu quarto! — mandou guardando o cinto. Soobin correu até seu quarto rapidamente, fechando a porta. Ele se deitou na cama encolhido, tentando de alguma forma parar de chorar. Seu pai costumava bater mais se ele chorava ou com mais força, então ele sempre fazia de tudo para tentar parar com aquela crise. 

Ele odiava como era fraco, como ele não conseguia parar de chorar e principalmente como ele desejava sem parar que seu pai morresse. Por que de alguma forma, aquela parecia a única forma de parar com aquela rotina de violência. Passaram uma hora e ele continuava deitado completamente encolhido, até que ouvi a porta sendo aberta que o fez tremer. 

— Olha bebê, o que seu pai deu pra você — a voz tranquila da sua mãe fez presente no quarto — Ele resolveu adiantar sua mesada, isso não é bom? — Soobin não queria olhar para ela, ele tinha medo de voltar a chorar. 

COMPLEXO || YEONBINWhere stories live. Discover now