°CAPÍTULO 7°

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"Se tornar a mudança é por si só um grande desafio" — L.Silco


Encaro a geladeira vazia em minha frente e percebo que esqueci de comprar mantimentos essenciais para me alimentar nessa noite. Suspiro, totalmente exausta da mudança e das longas horas gastas organizando cada coisa no devido lugar. Olho para o relógio e vejo que já passou das dez da noite, e que não teria nenhum mercado aberto a essa hora.

Parecendo perceber a situação em que estava, o serzinho dentro de mim se remexe em um claro protesto contra mim.

— Também estou com fome, mas não tem nada aberto agora — digo acariciando minha barriga e recebo um chute em resposta.

"Se vira mama" provavelmente ele diria algo desse tipo.

Depois de muito ponderar sobre o que fazer e receber outro chute, me lembro do que Dante havia falado aquela tarde, que poderia pedir ajuda se precisasse.

E preciso de uma agora ou receberei mais chutes.

Pego as chaves de casa e saio apressada em direção à casa do lado, espero que ele ainda esteja acordado a essa hora.

Bato algumas vezes na porta, mas sem resposta. Quando estou prestes a voltar para casa para tentar achar algum lugar aberto, a porta se abre revelando um Dante sem camisa, com uma toalha amarrada na cintura e com o cabelo ainda com espuma.

Meus olhos vagueiam por todo o seu peitoral gravando cada detalhe e desço o olhar encarando seu abdômen sarado.

— Meus olhos ficam aqui em cima — diz se divertindo com a situação.

Desvio rapidamente o olhar, percebendo que estava o comendo com os olhos.

Minha cota para homens já deu!

Pigarreio tentando recuperar o resto de dignidade que tenho e fixo o olhar em seu rosto.

— Desculpe por te interromper, e-eu esqueci que não tinha nada para comer em casa — sinto meu rosto esquentar ao gaguejar no meio da frase.

Dante mostra sua carreira de dentes brancos em um sorriso perfeito, percebendo minha falta de jeito.

— Pode entrar, tem lasanha no forno — ele abre espaço para mim e por um segundo hesito em minha decisão de entrar, mas ao escutar a palavra "lasanha", minha boca encheu d'água.

Respiro fundo, tentando controlar a aceleração do meu coração, e fico entre o batente e ele ao passar pela porta, meu ombro acaba roçando em seu peitoral.

Malditos hormônios!

Ainda um pouco constrangida, adentro a casa e sou recebida por um calor reconfortante vindo do forno. O aroma tentador da lasanha me envolve, dissipando um pouco da tensão que sentia.

— Lasanha soa maravilhoso, obrigada, Dante. Desculpe novamente por aparecer assim tão tarde.

— Sem problemas, só vou terminar de me lavar e venho comer com você — ele some pelo corredor e a aproveito a oportunidade para voltar a respirar normalmente.

Olho ao redor da casa de Dante e fico surpresa ao perceber o quão impecavelmente limpa está para um homem que mora sozinho. Cada superfície parece polida e sem poeira, e não há vestígios de bagunça ou desordem. É um contraste marcante em relação à minha própria casa, onde a desorganização parece reinar soberana.

Os móveis, todos em tonalidades escuras, conferem à sala uma atmosfera sóbria e elegante. As paredes, pintadas em tons profundos e sombrios, contrastam com a luz suave que emana das poucas lâmpadas espalhadas pela sala. É um ambiente meio sombrio, por assim dizer, mas estranhamente aconchegante.

Observo os detalhes cuidadosamente escolhidos que adornam o espaço: uma estante repleta de livros, uma pintura intrigante na parede, algumas plantas delicadamente dispostas em vasos. Cada objeto parece ter sido selecionado com cuidado e atenção, criando uma sensação de harmonia e equilíbrio no ambiente.

Antes que eu possa observar com mais atenção, ele volta agora vestindo uma blusa azul de manga e calça cinza de moletom, com os cabelos um pouco mais escuro por estarem molhados ainda.

Negarei até a morte o quanto essa visão dele me atraiu bastante.

Saio dos meus devaneios assim que ele tira a lasanha do forno e começa a cortá-la em fatias generosas

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Saio dos meus devaneios assim que ele tira a lasanha do forno e começa a cortá-la em fatias generosas. Me sento na banqueta da bancada observando suas mãos habilidosas, movendo-se com destreza no processo de servir nossos pratos.

— Espero que goste. É uma receita da minha mãe — comenta, entregando-me um prato com um meio sorriso.

Agradeço, e ataco o pedaço de lasanha sem nenhuma cerimônia.

O sabor da lasanha é simplesmente divino, a combinação de queijos, molho de tomate e a massa macia me fazem fechar os olhos em deleite. A cada garfada, sinto meu bebê mexer de alegria por estar comendo algo gostoso.

Enquanto saboreio cada pedaço, percebo que a cozinha está tomada por um clima acolhedor e reconfortante. O aroma delicioso que se espalha pelo ar, a luz suave que ilumina o ambiente e a presença dele ao meu lado, embora tenhamos começado de um mal jeito, estar ao seu lado não me deixa desconfortável.

Após terminar meu prato, olho para ele com um sorriso no rosto.

— Sua mãe realmente tem talento para cozinhar, essa lasanha estava incrível — digo me sentido saciada — Comer isso me deu vontade de tomar uma taça de vinho de cereja.

Ele franze a testa em resposta, silenciosamente dizendo que não posso beber.

— Falei que deu vontade, não que vou beber — reviro os olhos em divertimento — Mas algumas cerejas não cairiam mal agora — divago enquanto recolho o prato e o lavo, logo o deixando no escorredor.

— Ainda não estamos na época que cerejas — responde com a voz rouca.

— Eu sei, enfim, obrigado por nos alimentar tão bem e eu te devo uma — digo sorrindo em agradecimento — Agora que esse serzinho parou de me chutar, posso ter uma boa noite de sono — acaricio minha barriga por cima da blusa, ainda sorrindo.

Dante permanece em silêncio só me encarando com uma sombra em seus olhos, como se isso fosse algo nostálgico. Antes que me intrometa em algo que não é da minha conta, o agradeço novamente e volto para casa, desejando um bom banho e uma cama quentinha para me deitar.

Foi um longo dia, mas começo a sentir algo como a felicidade de novo.

Isso é um bom preságio, não é?

Pessoal não se esqueçam de votar e compartilhar a história.

Até mais, xoxo!

O caminho até vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora