𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐎𝐈𝐓𝐎

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Me virei, encontrando Kaan alguns passos de distância no corredor mal iluminado

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Me virei, encontrando Kaan alguns passos de distância no corredor mal iluminado. Fui obrigada a realizar uma silenciosa reverência, enquanto ele se aproximava.

Nunca tive algum contato íntimo com o general, sempre procurei me manter distante e escolhi não dar importância para seus olhares impertinentes, até aquele dia, quando foi impossível ignorá-lo.

Me mantive quieta, enquanto ouvia seus passos cada vez mais próximos, meus olhos fixos sobre o jardim externo que dava para ser observado pelo corredor.

— Espero que não se importe se eu a acompanhar.

— Como está a princesa? — Fui direta em minha pergunta, e a demora de uma resposta me obrigou a encará-lo.

— Doente.

"Doente"? Não. A princesa não estava doente, muito menos louca, tinha certeza daquilo.

Nunca, em toda sua vida, a princesa foi feliz, em nenhum momento sequer, e não existia alguém que a odiasse mais do que ela mesma. Por anos seu pai a fez acreditar que não era digna, que não era o suficiente, e que talvez fosse uma lunática, e Kaan, seu marido, fazia o mesmo.

Vez ou outra acabei presenciando algumas situações. Quando ele não se agradava de algo, gritava com ela, e não hesitava em mostrar seu pior lado. A vi tremer, se encolher como um animal acuado enquanto ele quebrava vasos caros, virava mesas e cadeiras, para que aquilo servisse como aviso de que em qualquer momento aquele vaso estilhaçado poderia ser ela.

Que tipo de pessoa não ficaria doente vivendo uma vida como aquela? Cheguei a pensar que por estar cercada de luxos e tantos paparicos estava bem, mas depois de anos, finalmente entendi que toda aquela riqueza não valia de nada, não quando a mesma não possuía paz. Não enquanto era refém de seu amor, aquele que batia, gritava e insistia em machucar.

E o pior de tudo, era saber que ela o amava, e o adorava como se fosse o seu deus. E naquele momento, ela estava mais uma vez quebrada, como o espelho do seu quarto, os vasos e as cadeiras que seu marido destruiu. Estava chorando, assustada, "em crises", como o médico costumava dizer.

— Sei o que você pensa de mim. — Se apoiou na parede ao meu lado. — Que sou o culpado disso.

O encarei, e preferi o silêncio, sabendo que não poderia dizer tudo o que realmente gostaria de dizer.

— Você não faz ideia do quanto é difícil. — Ele estava sério, o cigarro no meio dos seus dedos queimava ao ponto de acumular cinzas em sua ponta. — Ninguém faz.

O que levava a um homem como ele se sentir uma vítima?

Kaan tinha amantes na corte, incontáveis. Por isso, as damas debochavam de Shanti, e a chamavam de "A Esposa Louca", como se fosse algo para rir.

A Contadora de Histórias | LIVRO 1 E 2 [𝗘𝗠 𝗥𝗘𝗩𝗜𝗦𝗔̃𝗢]Onde histórias criam vida. Descubra agora