Decreto

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Eu, na condição de poeta, decreto:
Esse poema é um país livre!
Seu território é essa página.
Não faz parte de nenhum estado.

Nessa monarquia, quem legisla, julga e executa é a língua portuguesa, e mais ninguém.
Não reconhecemos nenhuma autoridade externa.
Quando entramos, estamos submetidos a gramática livre, à rima e à falta de rima, à metáfora e a metonímia.

Aqui a imaginação foi liberta,
Segue apenas a obrigação de não dizer nunca o mesmo.
De não repetir nem a si.

Aqui se busca a verdade
Na luz e na sombra
No céu e no mar.

Aqui, todos entram de joelhos
mas saem honrados.
De tanto trabalho,
Decifrar os enigmas, os mistérios.
De tanto encontrar a chave escondida no cofre que não existe.

Ao deixar esse reino, com a língua afiada e a mente arejada, seja nosso embaixador.

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