• OITO •

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CAPÍTULO OITO
as habilidades que possuímos

"𝑳𝒖𝒕𝒂𝒓 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆́ 𝒃𝒐𝒎, 𝒎𝒂𝒔 𝒔𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒕𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒒𝒖𝒆 𝒍𝒖𝒕𝒂𝒓, 𝒗𝒆𝒏𝒄̧𝒂."

No outro dia, quando acordou cercada dos olhares curiosos dos muitos alunos, Mercury correu para tomar banho sem que mais um grupo de garotas a enchesse de mais alguma pergunta

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No outro dia, quando acordou cercada dos olhares curiosos dos muitos alunos, Mercury correu para tomar banho sem que mais um grupo de garotas a enchesse de mais alguma pergunta. Ela fez de tudo para que saísse ilesa de chamar atenção, mas nada funcionou, visto que aparentemente nada de muito novo acontecia naquela escola e sua chegada fomentou mais e mais comentários. Helio lhe contou que seu irmão costumava ser bastante popular quando ainda estudava e talvez isso tivesse atiçado a curiosidade dos estudantes, ocorrendo totalmente o contrário do que Dumbledore pediu, mesmo que já não estivesse mais sob o controle dela.

Seu Salão Comunal já estava vazio quando ela saiu correndo para conseguir tomar um café da manhã descente. É claro que ela sabia o caminho de cor, e é claro que caminhar por aqueles corredores e escadas já estava lhe dando nos nervos, afinal de contas ela deveria estar formada e fugir o mais rápido possível daquela escola. Infelizmente, Mercury já havia perdido o controle de toda sua vida e mesmo que tentasse fugir, não conseguiria chegar onde desejava. Cansou-se de xingar todos os seus ancestrais por não lhe deixar um manual de como resolver o probleminha da viagem no tempo.

O Grande Salão estava, como em seu tempo, lotado. Apenas alguns professores ainda faziam a refeição, enquanto uma quantia absurda de alunos comiam, brincavam, brigavam e cometiam todos os tipos de verbos imagináveis. Engoliu em seco, sua garganta doendo apenas em pensar na possibilidade de se sentar em alguma daquelas mesas bagunçadas e cheias de crianças. Olhou para os dois lados, então para frente e de longe viu uma mão acenar em sua direção do meio dos muitos corvinos. Audrey Akshay veio caminhando até ela, como se a estivesse salvando daqueles pensamentos de voltar para seu dormitório e só comer na hora do almoço. Sua barriga roncou tão alto.

— Ei, Mercury! — a garota cumprimentou. — Precisa de ajuda? Você parece meio perdida.

Mercury assentiu, mesmo que soubesse exatamente a mesa em que deveria sentar.

— Venha comigo, a sua mesa é aquela... — e apontou.

Lá, na mesa da Sonserina, Regulus Black a observava com seus olhos azuis cerrados como os de um gato arisco. Ele não havia falado com a garota desde a noite em que ela fugiu antes de mais alguma pergunta, acompanhada pelo irmão. Ao menos depois daquele breve contato finalmente descobriu o nome dela, da garota que assombrou seus pensamentos desde o segundo que caiu em seus braços... mas foi no momento em que ela falou, mencionando a cor de seus olhos como se estivesse mesmerizada com algo tão comum que o garoto sentiu uma fisgada em seu peito. E quando a viu banhada pela luz amarelada da lareira, sozinha como sempre parecia estar, Regulus viu um reflexo de seus próprios desejos.

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Ele observou a garota com nome de elemento químico se sentar distante, mas perto o suficiente para que pudesse bisbilhotar sua conversa com a Chefe dos Monitores.

— Vai melhorar. — Audrey disse.

Mercury franziu o cenho, encarando a garota que se sentou ao seu lado como se os sonserinos não fossem cobrinhas mal educadas que em breve a fariam se levantar.

— O que?

Audrey empurrou alguns bolinhos em sua direção, esperando que Mercury comesse e matasse a fome.

— Toda vez que a vejo você parece mais assustada. — sussurrou. — Você ainda não fez amigos, só tem seu irmãozinho e chegou depois do início das aulas... sei que você deve estar se sentido perdida.

Audrey não fazia ideia do quanto, pensou.

— Só quero que saiba que as coisas vão melhorar. — completou. — E que eu... eu...

Os olhos da garota já não estavam mais em si, o que fez Mercury ficar ainda mais confusa e olhar para trás também. Engoliu mais um bolinho antes de Audrey aparentemente surtar.

— Ah, merda!

No outro lado da mesa, onde Regulus e seus amigos estavam, um garoto vestido com um uniforme de quadribol da grifinória praticamente usava o taco de batedor para agredir alguém. Seu cabelo loiro escuro estava penteado absurdamente bem e intacto mesmo após o treino, ele então colocou uma das pernas em cima do banco e se aproximou mais dos três garotos que permaneciam com o rosto inabalável.

— Por que não faz o seu trabalho ávido de Monitor e impede que seus capangas preguem essas peças idiotas no meu time, Black?

Audrey já estava de pé.

— Ou você vai fazer o que, Monarch? Os meus amigos não fizeram nada além do que os seus fizeram com o meu time.

Regulus o encarou de volta, não havia ódio presente em sua face. Na verdade, não havia nenhuma emoção da qual ela pudesse traduzir.

— Precisaram colocar explosivos no campo para se sentirem melhores... — fora Barty quem falou, em um tom de deboche. — Estão com tanto medo assim de perder pra gente no próximo jogo?

— Eu não tenho medo de três projetinhos de Comensais da Morte.

— MILETO! JÁ CHEGA! — Audrey berrou.

Ela correu até ele, tentando afastá-lo dos três garotos.

— Do que foi que você nos chamou? — o garoto loiro perguntou em um tom alto.

— Disso mesmo que você ouviu, Rosier. — respondeu. — Eu não tenho medo de nenhum de vocês.

— Milo, cale a boca! — ela continuou. — Venha logo...

— Vamos ver se no campo você é tão corajoso assim, Monarch. — Regulus debochou.

Antes que o garoto voasse sob a mesa e causasse algum grande estrago nos sonserinos, Mercury se levantou em um pulo numa velocidade que parecia  ultrapassar a luz e ergueu sua varinha na direção do grifinório irritado. Não precisou gritar seu feitiço para que ele praticamente viajasse por suas veias como plasma em um ritmo ligeiro e passasse pelo cerne da varinha, então chegando em seu alvo e o fazendo paralisar igual uma árvore que caía aos poucos, sendo segurado por uma Akshay de olhos muito arregalados, assim como os dos alunos próximos. Se o que Mercury Clement queria era não chamar atenção, pela primeira vez não conseguiu. Todos os olhos estavam nela, até mesmo os dele.

Enquanto o grifinório paralisado estava sendo levado às pressas para fora do Grande Salão, Mercury passou pelos três outros garotos que fizeram parte da briga e por muita sorte não se machucaram também. Seu olhar viajou por entre os três, primeiro o loiro Rosier, depois Barty que mantinha aquele rosto impecável mas com um sorriso travesso e então Regulus. Aquela personalidade definitivamente não combinava com o que ela havia imaginado quando encontrou seus olhos tristes pela primeira vez. Desviou seu olhar para o caminho que Audrey havia feito e deixou para trás o que não lhe deveria encher a cabeça.

OUTSIDER • regulus blackOnde histórias criam vida. Descubra agora