Capítulo 4 - Barbara Oliveira

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A saudade e a vontade de ter a Evelyn só aumentaram quando ela passou na academia para me dar um oi. Minha namorada tinha mesmo o dom de me deixar maluquinha por ela. Toda hora, me pegava distraída pensando nela e em um desses momentos, Luana me interrompeu:

-Barbara, está tudo bem?

-Han? - Por um momento, não entendi o que ela disse. -Ah, sim! Está tudo bem sim, só pensando... - respondi.

-Nunca te vi distraída assim, olhando para o nada. - Ela sorriu.

-É a saudade da Eve. - Só o fato de eu falar o nome da minha namorada já me fazia sorrir que nem boba. Era engraçado o que o amor estava fazendo comigo, logo eu que jurava que nunca me apaixonaria porque o amor só fazia sofrer. Tudo bem que eu estou prestes a sofrer por causa do amor, essa viagem da Evelyn já me deixava agoniada mesmo sem ter chegado.

Nunca pensei que ficaria seis meses longe dela, sem poder sentir seu cheiro, sem lhe tocar, beijar, nem fazer absolutamente nada com ela... definitivamente, nós precisaríamos de muitas chamadas de vídeo para aguentar a pressão da distância, se é que dá para me entender.

-Vocês são fofas, espero um dia encontrar uma mulher que me ame como vocês se amam. - Luana falou e sanou minha dúvida sobre sua sexualidade. Não que seja algo gentil de se fazer, mas eu e a Eve estávamos discutindo sobre a orientação sexual da Luana, ela era indecifrável, mas a Eve e seu sexto sentido sabiam que ela era do vale, enquanto eu tinha minhas dúvidas.

Não que fosse importante de fato, mas eu realmente ficava feliz por estar empregando uma mulher lésbica porque sempre acreditei que nós da comunidade LGBTQIA+ devemos nos apoiar em tudo que for possível.

-Obrigada! Espero que você encontre. - respondi e ela sorriu para mim, pedindo licença e se retirando para resolver algo na recepção.

Desde que inauguramos a academia, eu mesma abro e fecho todos os dias, mas estava pensando seriamente em deixar a Luana fechar sozinha naquele dia. A saudade da Eve estava enorme e eu sentia que seria impossível esperar até o horário de fechar. Eu podia simplesmente dar a minha última aula e ir embora, de quebra ainda faria uma surpresa para minha namorada, que nem imaginava que eu chegaria cedo.

Decidi que faria mesmo isso, seria bom porque também poderia me arrumar com calma e quem sabe descansar um pouco até o meu sogro chegar na minha casa para a ceia. Eu confesso que essa noite de Natal estava me deixando muito nervosa, nunca imaginei que passaria o meu primeiro Natal com a Evelyn acompanhada da minha mãe e do pai dela.

Claro que eu nunca deixaria minha mãe passar o Natal sozinha, mas pensei que de repente teríamos mais pessoas com a gente, como a Carol e a Melissa, mas elas também têm família e planejaram algo totalmente diferente. Quando minha mãe sugeriu que convidasse a Eve e o pai dela, nem pensei duas vezes porque tudo o que mais queria era estar com ela nessa data, mas depois comecei a pensar em como lidar com a presença do meu sogro.

Ele é uma pessoa legal, mas como quase nunca tínhamos uma oportunidade de conversar, eu ficava insegura e com medo de ele achar que eu não era boa o suficiente para a Evelyn ou qualquer coisa do tipo. Ela sempre me dizia que não tinha porque eu pensar isso, mas era involuntário, quando percebia, o pensamento já estava matutando na minha cabeça.

Resolvi deixar as minhas coisas prontas antes dos alunos chegarem para quando eu terminasse a aula, pudesse sair mais rapidamente, mas antes disso, achei mais prudente perguntar a Luana se ela se sentia segura de fechar a academia sozinha naquele dia, então caminhei até a recepção.

-Lu, estou pensando em sair um pouco mais cedo, logo após o fim da minha última aula...você se sentiria segura em fechar tudo sozinha?

-Claro! Estamos fechando juntas há um tempo, já peguei o jeito, você pode sair tranquila. - respondeu ela, solícita como sempre.

Nossas  Escolhas (Romance sáfico - continuação de Você me aceita?)Onde histórias criam vida. Descubra agora