Capítulo 2

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Fui para a faxina do Sr. Pedro que era sempre durante as segunda feiras. Isabela estava comigo e sem sintoma algum dos dentes. Ela estava se alimentando melhor também e aquilo me tranquilizava.

Cheguei ao apartamento e comecei pela cozinha que estava uma bagunça. Com certeza, ele recebeu pessoas em casa ontem.

Estava lavando os pratos tranquila, quando senti alguém se aproximar. Me virei com a faca na mão e o coração acelerado.

_Calma, Maria Liz, sou só eu. -falou um Pedro sonolento e com cara de sono. Ele vestia apenas uma samba canção e seu corpo atlético e alto me chamou a atenção. Perdi o fio da meada e fiquei paralisada com tamanha beleza. Não me levem a mal, mas eu só namorei uma vez na vida e tinha 15 anos apenas. Mal sabia beijar na boca e me deparo com aquilo tudo em minha frente.

_Me... me- desculpe. -falei apenas, sem conseguir raciocinar muita coisa.

_Por favor, baixe essa faca. Você já está me deixando nervoso. -pediu mais uma vez, olhando diretamente para a faca que estava em minhas mãos.

_Ai, meu Deus! Perdão! Por que eu sou assim, heim? -pensei alto demais.

_Eu não sei, mas não tem problema em ser um pouco precavida demais. Você achava estar sozinha com a pequena até agora. -falou suave e com um sorriso no canto dos lábios. Por que ele era tão lindo assim? Ao lado da loira azeda, eu não havia reparado em sua beleza simples.

_Me desculpe mais uma vez, Sr. Pedro. O senhor quer alguma coisa? -perguntei já colocando a faca no escorredor de pratos.

_Vim tomar café da manhã para ir trabalhar. Não consigo sair de casa sem um bom gole de café preto. -disse sentando na bancada.

_Ok. Vou passar um para o senhor agora mesmo. -disse sorrindo gentilmente.

_Obrigado. Por favor, é só Pedro. Você me faz sentir um ancião dessa forma.

_Desculpe! -disse sorrindo com a forma que ele falou. Pedro parecia ser um bom homem. Leve, simples e gentil. Como poderia estar com aquela megera?

_Lili, Lili –chamou-me a pequena, me tirando de meus pensamentos.

_Oi, amorzinho. O que houve?

_Auá, auá. -pediu, puxando minha bermuda.

_Aqui, pequena. -disse Pedro estendendo a mamadeira que estava em cima do balcão para a Bela.

_Obrigada. -falei, olhando para ele. Pelo amor de Deus! Esse homem não vai colocar uma roupa?

_São só vocês mesmo? -perguntou, enquanto observava a pequena tomar a água.

_Sim. Nossos pais morreram num acidente de carro e ficamos só nós duas. Mas eu dou conta sozinha. Não precisamos de mais ninguém. -falei rápido. Eu não suportava que me olhassem com pena.

_Percebo que sim, Maria Liz. Sinto muito! Quantos anos você tem? -perguntou.

_18, quase 19 anos. -achei a pergunta estranha, mas respondi de boa vontade.

_Não estuda? -ele parecia estar realmente curioso sobre mim.

_Não mais. Iniciei o curso de administração, mas tive que largar depois do ocorrido. Preciso trabalhar para nos sustentar. -disse colocando o seu café na xícara.

_Entendo. Uma pena isso ter acontecido com vocês. São tão novas...

_Coisas ruins acontecem o tempo todo e muitas vezes são para que venhamos a aprender algo. Eu tenho fé que tudo vai melhorar. Vou conseguir outro emprego e matricular a Bela numa boa creche. -falei já me arrependendo, pois havia falado demais para alguém que era só o meu patrão.

A História de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora