Sofia
Como eu já havia previsto, minha vida tinha virado de cabeça para baixo desde que as gravações da terceira temporada de Figther haviam começado. Eu estava praticamente morando no set de filmagens e trabalhando para morrer. Quando tinha folga, queria ficar dentro de casa, assistindo filmes e dormindo o máximo que podia. Porém, em uma das minhas folgas, prometi a Lizzie que a ajudaria a escolher um vestido para um evento que ela iria na outra semana. Por isso, acabei estacionando em frente a academia do tio dela, esperando-a para que pudéssemos ir às compras. Eu nunca entendi as pessoas que amavam se exercitar e estavam na academia direto, mas minha amiga com certeza era uma dessas e não era porque ela tinha alguma neura com seu corpo ou coisa parecida, era porque ela, de fato, gostava da sensação de malhar.Assim que estacionei, enviei uma mensagem a ela, dizendo que havia chegado. Lizzie não me respondeu, o que me fez entender que ela ainda não tinha terminado. Aproveitei que provavelmente teria um tempinho e saí do carro, com a intenção de ir até uma lojinha de acessórios que ficava do lado da academia e que eu sempre queria ir, mas nunca tinha conseguido. Porém, antes que conseguisse chegar até meu destino, fui interrompida por uma mão tocando meu ombro.
- Sofia?! - Uma voz grossa perguntou, seguindo o toque, e eu franzi o cenho, tentando me lembrar de onde a conhecia.
- Eu mesma. - Respondi, me virando, e encontrei um homem me encarando com um leve sorriso no rosto. Ele tinha os cabelos em um tom de castanho misturado com ruivo, seus olhos eram escuros e a barba por fazer em seu rosto lhe dava um tom sério. Levei apenas alguns segundos para reconhecê-lo. - E você é o cara que saí por aí trombando em mulheres na academia? - Brinquei e ele riu, assentindo.
- Eu mesmo. Estou desde aquele dia tentando te reencontrar, mas você nunca mais apareceu aqui na academia.
- Me reencontrar? - Perguntei, confusa, e ele abriu um sorriso, assentindo novamente.
- Sim. Só um minuto. - O homem retirou a mochila das costas e só então eu percebi que ele usava roupas de ginástica e estava um pouco suado, o que indicava que havia terminado de malhar. Ele logo tirou uma sacola de dentro da bolsa e estendeu para mim, me deixando ainda mais confusa. - Para você.
- Para mim?
- É. Pode pegar, juro que não sou nenhum maluco que ficou te perseguindo e que agora vai te dar um presente muito estranho. - Brincou e foi a minha vez de rir.
Ele realmente não parecia me oferecer nenhum tipo de perigo e, além disso, estávamos no meio de uma rua movimentada, não tinha como acontecer nada de perigoso, tinha?! Peguei a sacola de sua mão, abrindo-a e encontrando uma garrafinha de água lá dentro, muito parecida com a que havia quebrado no dia que trombamos um no outro.
- Você me comprou uma garrafinha? - Perguntei, não conseguindo conter um pequeno sorriso.
- Comprei, mas se for um presente estranho, posso fingir que isso não aconteceu.
- Não, não é estranho, mas você não precisava ter feito isso.
- Precisava sim. Se eu não estivesse distraído, sua garrafinha estaria intacta até hoje. - Abri a boca para dizer que a culpa não tinha sido só dele, mas ele logo me interrompeu. - E nem adianta falar que também estava distraída. - Falou e eu ri, me rendendo.
- Não vou, então. Muito obrigada, isso foi extremamente gentil.
- Não é nada. Eu teria te entregado antes, mas não te vi mas nenhuma vez.
- É, não tem me sobrado muito tempo para malhar esses dias.
- É uma pena, seria ótimo poder te ver por aí mais vezes. - Ele disse, sorrindo de forma charmosa e eu franzi de leve o cenho, sem entender se ele estava flertando comigo ou não.
- Talvez a gente possa trombar de novo um no outro qualquer dia desses. - Brinquei e ele riu.
- Vai ser um prazer. - O celular dele vibrou e ele pegou o aparelho, olhando a tela por alguns segundos. - Eu preciso ir agora, mas foi bom te ver.
- Foi legal te ver também, ainda mais que dessa vez eu não estava quase tomando um tombo. - O homem a minha frente gargalhou, provavelmente se lembrando da cara de assustada que eu fiz quando eu quase caí e ele me segurou no outro dia. - Muito obrigada pela garrafinha.
- Por nada. Nos vemos por aí. - Concordei e ele, então, acenou, se virando para sair e atendendo seu celular que havia continuado vibrando. - Ei, Han. Estou saindo da academia agora.
Assisti ele se afastar, ainda no celular e quando já não podia mais vê-lo, voltei minha atenção à garrafinha rosa em minha mão. Não conseguia acreditar que ele realmente tinha tirado tempo da sua vida para procurar uma garrafinha de água para uma mulher que era uma completa estranha, isso era tão gentil. Sem contar que ele era lindo e parecia ser cheio de humor. Se ele fosse dessa forma sempre, sua namorada - porque é óbvio que um cara desse tem alguém - devia ser uma mulher de muita sorte. Suspirei, balançando minha cabeça e afastando meus pensamentos quando percebi para que direção eles estavam indo. Aquele cara, que só então percebi que eu não fazia ideia do seu nome, podia ser o maior cavalheiro do mundo, mas eu não iria me interessar por ele.
- Ei! Tá fazendo o que olhando igual uma idiota para uma garrafinha, hein?! - Lizzie chamou minha atenção, me tirando dos meus pensamentos, e eu levantei meu olhar, encontrando minha amiga completamente suada me encarando.
- Até que enfim! Achei que ia ter que te esperar para sempre. - Reclamei e ela negou.
- Não não, dona Sofia, nada de mudar de assunto. Quem era aquele carinha que eu vi se afastando de você e por que você está encarando uma garrafa de água?
- Minha língua está coçando para responder "não te interessa, fofoqueira". - Respondi e minha amiga gargalhou alto, negando.
- Sua mãe te mata se você tratar a pessoa favorita dela assim. - Ela brincou e eu revirei os olhos, rindo. Minha mãe, de fato, a amava. - Não vai me contar mesmo?
- Meu Deus, Elizabeth! Não era ninguém, ok?! Era só um carinha que eu dei um encontrão aquele dia que fizemos aula de boxe e ele me comprou uma garrafinha nova, porque a minha quebrou.
- Mas isso já fez mais de um mês, não faz não? - Ela perguntou e eu tentei puxar da memória, assentindo quando constatei que fazia todo esse tempo já. - E ele te comprou uma garrafinha e guardou com ele até hoje?
- Sim.
- Ai, que fofo, Sof! Me apresenta ele.
- Primeiro, eu nem sei o nome dele. Segundo, ele só estava sendo gentil. Terceiro, você tem namorado, sossega.
- Você perguntou o nome dele? - Neguei com a cabeça e vi minha amiga com uma expressão "Você é burra, garota?" estampada na cara. - Não acredito nisso, Sofia. Ele é feio?
- Não, é bem bonitinho.
- Ok, não tem jeito com você mesmo. Queria ter visto o rosto dele para saber o que esse "bonitinho" significa e para ver se eu aprovo ele.
- Aprovar para quê, Lizzie? Já falei, ele só foi gentil de comprar uma garrafinha nova, porque a minha quebrou.
- Tudo bem, vou fingir que acredito. Agora, será que podemos ir logo? Tenho um vestido fabuloso para comprar.
- Como é que você vai experimentar roupa toda suada assim?
- Você vai experimentar para mim, porque acha que te convidei?
- Abusada. - Reclamei, brincando, e ela fez um coração com as mãos, enquanto caminhávamos na direção do carro.
Quando entrei no veículo, dei uma última olhada na garrafinha na minha mão antes de colocá-la no banco de trás. Talvez eu devesse ter perguntado o nome do rapaz, já que eu tinha certeza de que nunca mais o veria na vida.
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Esse tipo de amor...
RomanceSofia Duarte é uma atriz de sucesso. Ela não se lembra de uma época de sua vida que não tivesse certeza de que queria atuar. E agora, no topo de sua carreira , ela vive tudo o que sempre sonhou em viver. Mas se tem uma área em que Sofia não é bem-su...