Capítulo 4

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Não foi muito difícil sair da base geral da SHIELD. Todos os agentes estavam ocupados demais procurando pelo Capitão América e pela Viúva Negra. E saber que sua ex-treinadora também estava sendo procurada, de alguma forma alegrou seu coração. Assim como ela, Romanoff sentia-se no vermelho com a sociedade, e estava na SHIELD justamente para balancear aquela dívida, por isso, a agente 09 sabia que a russa não estava envolvida com a morte de Fury e a traição da SHIELD.
Não perdeu a oportunidade de arrombar o armário da antiga treinadora e pegar as peças de roupas que estavam disponíveis ali. Bom, se Raven tinha que andar com os civis, pelo menos o estilo de Romanoff era melhor do que aquele que a SHIELD lhe ofereceu. Sem se importar que alguém chegasse no vestuário e a visse nua, Evanoff se despiu e começou a vestir-se com as roupas deixadas por Natasha. Uma calça jeans preta colada ao corpo com um cinto da mesma cor, botas coturnos de salto, uma blusa preta de alcinhas e solta, e por cima, uma jaqueta de couro bege claro. Deixou os cabelos soltos, agora começando a gostar daquele cumprimento. Rumou para a garagem principal da base e não teve dificuldade em pegar um carro, visto que todas as chaves ficavam perto da ignição. Carregava consigo apenas duas armas, um uniforme que deu sorte de roubar de alguma agente ali, e um celular. Não poderia sair com mais coisas sem que chamasse a atenção de algum agente ou superior.
Estacionou o carro na primeira cafeteria que encontrou, colocou novamente o par de óculos escuros sob seus olhos, escondendo a mais nova cor de sua íris, posicionou as duas pistolas na parte de trás de sua calça, sendo escondida pela jaqueta, e saiu do carro, sentando-se em uma mesinha do lado de fora do estabelecimento. Tirou o celular do bolso prestes a ligar para Romanoff quando notou a data que a tela do aparelho mostrava. Por alguns minutos só conseguiu encarar aquilo, absorvendo aos poucos a verdade de que passou um ano nas mãos da Hidra e não se lembrava. Ela demorou um ano para ser resgatada por Fury. Eles tiveram um ano para brincarem de cientistas malucos com seu corpo e sua mente. Raven automaticamente desceu sua mão até uma de suas coxas, passando os dedos por cima do jeans grosso, ela podia sentir, mesmo por debaixo daquele tecido, a cicatriz. Uma das, na verdade. Na base, enquanto vestia as roupas de Romanoff, Raven observou que seu corpo tinha algumas marcas de tortura que antes não existiam. Pensar na ideia de ter sido torturada e feita de brinquedo nas mãos da Hidra, fez seus pêlos eriçarem e um arrepio gelado subir por sua espinha. Suas mãos um pouco trêmulas agora, digitava o número que ela lembrava-se ser de Natasha, torcendo internamente para que a ruiva não tivesse o trocado. O número chamou sem parar até que caísse na caixa postal, bufou em frustração, sentindo-se por um momento idiota ao ligar para o número pessoal da mulher. Se a SHIELD estava atrás dela, era óbvio que estavam rastreando aquele número. Expirou cansada, se dando ao menos um minuto de folga. Eram muitas coisas para assimilar em um período tão curto de tempo. Primeiro, acordar naquela ala da SHIELD com o bilhete de Fury; Segundo, as bruscas mudanças em seu cabelo e olhos, e alguma coisa ali a fazia pensar de que aquela cor em seus cabelos não era resultado de tinta; Terceiro, a lembrança da luta que teve contra Brock Rumlow para escapar daquela base inimiga, bem como a memória do homem atirando em suas costelas em sua última missão da SHIELD; Quarto, descobrir que Alexander Pierce estava de alguma forma conectado a isso; e por último e extremamente doloroso, descobrir que Fury estava morto.
Se tinha mais coisas deixadas de lado, a garota não percebera. Aquelas cinco informações eram as únicas que rondavam seus pensamentos, quase a deixando tonta e enjoada. Passou a mão por seu cabelo, parando o movimento assim que observou, mais uma vez, aquela cor clara. Suspirou, só agora parando para pensar também que, em algum momento, as vozes de Hastings e Rumlow ecoaram dentro de sua mente, assim como foi capaz de sentir também a aura deles, junto com a de Alexander Pierce. Ela não tinha aquelas... Habilidades antes de ser capturada pelo inimigo. Antes disso, ela era só uma agente. Não qualquer agente. Uma das melhores. Mas ainda assim, apenas uma agente, com aptidão e capacidade de um ser humano qualquer. Logo, não era tão difícil assim descobrir quem eram os culpados. Difícil mesmo seria saber o que fizeram. Depositou o telefone em cima da mesa e observou o garçom atendendo outros clientes naquele espaço, bom, se foi capaz de ouvir a mente das pessoas na SHIELD, era capaz de ouvir a mente de todos. Na teoria ela deduziu ser aquilo, na prática, ela não tinha ideia de como fazer para acontecer de novo. Cravou seu olhar no garçom que limpava uma mesa agora vazia, cerrou os olhos e se concentrou na imagem do rapaz. Ficou assim por quase 2 minutos e nada aconteceu. Praguejou frustrada, não deveria ser complicado, quer dizer... Ela tinha feito isso, o quê... três vezes? Sim. Três vezes desde que acordara.
Respirou fundo novamente, tentando limpar a mente de todas as preocupações que lhe rodeavam. Se conseguiu fazer sem querer, conseguiria naquele momento. Fechou os olhos e se concentrou em ouvir os pensamentos do garçom. Abriu um grande sorriso e quase pulou de alegria ao escutar a primeira palavra ecoar dentro de sua cabeça.

          

"миссия"

Voltou a abrir os olhos, achando aquele pensamento confuso. A voz pronunciava em um russo perfeito a palavra "missão". O sorriso aberto em seu rosto perdeu força, fazendo sua boca fechar em uma linha reta e seu rosto expressar uma careta. Subitamente toda a aura de conforto e calmaria que aquela pequena cafeteria emanava para a mulher, fora bruscamente arrancada do seu peito. De repente seu interior estava gritando em agonia e ódio. Olhou ao redor do estabelecimento e tudo parecia normal, as pessoas continuavam conversando e comendo, os garçons continuavam servindo as mesas, alguns pedestres continuavam passando por aquela calçada. Tudo continuava normal.
Mas de onde estava vindo todo aquele ódio que esmagava seu peito e fazia seu interior tremer? Por um momento se amaldiçoou por tentar usar aquela habilidade.
Não havia espaço para felicidade, amor, alegria, paz...
Não havia espaço para questionamentos.
A única coisa presente era o vazio, a angústia e a missão.

"миссия"
"миссия"

Colocou a mão na cabeça ao ouvir mais alto aquela voz, impedindo-a de ter seus próprios pensamentos. Estava se aproximando, ela sentia cada vez mais forte e perto. Sua face estava comprimida em uma careta de dor com a pontada fina e intensa que sentia em suas têmporas. Levou seus olhos até a rua, não percebendo até aquele momento que a rua antes movimentada, estava parada, não passava nenhum veículo no local. Desconfiou daquilo assim que seu cérebro notou a falta dos carros transitando por ali. Grunhiu em dor, levando os dois braços ao seu peito quando, dessa vez, a solidão lhe atingiu. E então a raiva. A aversão. Hostilidade. Violência. Aquelas emoções faziam seu corpo arder. Queimar. Todas elas lhe atingindo com intensidade e ao mesmo tempo. Viu quando o garçom parou preocupado ao seu lado, lhe perguntando se estava tudo bem, mas antes de conseguir responder, ouviu de novo.

"миссия"
"Убить девушку"

一 Matar a garota. 一 Sussurrou, repetindo a última frase que ecoaram em sua mente. Ignorando o homem ao seu lado, Evanoff lentamente girou sua cabeça, de forma que conseguisse olhar para trás, e ainda sentada, mirando seus olhos para o fim da avenida parada, ela o viu. Ele andava devagar e com destreza até seu encontro. Calçava uma bota militar de coturno, que ia até metade de sua canela, e mais acima, joelheiras de proteção. Vestia uma calça preta, com alguns bolsos espalhados por ela, mas Raven notou que em um dos bolsos perto de sua coxa esquerda, era possível ver o cabo de um canivete, enquanto sua coxa direita possuía um coldre com uma pistola. Ao redor de sua cintura, um cinto grosso com alguns compartimentos de cada lado. Seu tronco era coberto por um colete preto de couro com algumas amarrações ao redor, era de mangas compridas, mas que só cobria seu braço direito, já que o braço esquerdo estava amostra. O rosto do homem estava protegido por uma máscara que partia do seu pescoço, vindo de dentro do colete, e ia até seu nariz. Ele carregava uma metralhadora modificada, com a ponta da arma sendo a de um fuzil, estava apontada para cima, e caminhava lentamente em sua direção, o vento balançando os cabelos que batiam em seus olhos, cobrindo parcialmente o que restava do rosto em amostra. Já tinha ouvido as histórias, mas a maioria dos grupos de espionagem não acreditava em sua existência. Raven era uma das que achavam que ele era um mito, uma lenda... Um fantasma. Naquele momento, lembrou-se de uma conversa que teve com Natasha Romanoff, em que a ruiva lhe contara que em uma missão, ao escoltar um engenheiro nuclear para fora do Irã, alguém atirou no engenheiro através dela. Raven arfou ao se dar conta de quem era. Do que era. O braço biônico de metal não deixava espaço para dúvidas. 一 Soldado Invernal.

Assim que reconheceu seu opositor, não restavam dúvidas para Raven de que ela era o alvo. Todo seu corpo estremecia em ansiedade, medo e violência, e a mulher não sabia em qual dessas sensações se concentrar. Decidiu por fim que o medo seria um ótimo combustível para que fizesse de tudo para sair viva dali. Sua mente trabalhou rápido tentando formular um plano de fuga com maior probabilidade de sucesso. Sim, fuga. Raven sabia que a opção mais segura ali seria fugir. Evitaria uma luta corpo a corpo com o homem a qualquer custo. Não deixaria que ele chegasse muito perto, estava apenas com duas pistolas, sem colete a prova de balas e não teria tempo de trocar a roupa de civil pelo uniforme da SHIELD. Se bem que a mulher tinha a leve impressão que nem o uniforme mais confortável e rígido a faria ganhar uma luta corpo a corpo com o soldado. Desconfiada e esforçando-se para não parecer que estava prestes a atacar, puxou lentamente o celular da mesa, guardando-o no seu bolso, pegou a chave do carro e segurou fortemente com uma das mãos, a outra se direcionou até a pistola escondida em suas costas, quando sentiu sua mão encaixar perfeitamente a arma, num movimento rápido tirou a pistola a segurando com as duas mãos, os dois braços esticados de frente ao seu peito, saiu da cadeira agachada e girou de frente para a direção do soldado. Seu joelho direito estava encostado no chão, lhe dando mais apoio e segurança na hora que apertou o gatilho pela primeira vez. O impulso fez com que seu corpo forçasse um pouco para trás e a chave presa em sua mão gerou um atrito com o metal da arma. Não poderia esperar que ele a atacasse primeiro, naquele cenário, sua melhor vantagem era pegá-lo de surpresa e aproveitar a distância que tinham um do outro. Ele ainda estava longe, mas não o bastante. Escutou quando as pessoas que estavam ali saíram correndo ao vê-la disparando a arma, mas não se importou, na verdade até ficou grata. Quanto menos pessoas estivessem ali, menos civis seriam machucados. O tiro infelizmente acertou no braço de metal do soldado. Raven viu quando a força do impacto da bala fez com que o ombro esquerdo do homem tombasse um pouco para trás, fazendo-o parar de andar por um momento. Ele voltou a sua postura ereta quase que no mesmo instante, como se o tiro de uma pistola não fosse o suficiente para lhe causar algum dano. O soldado maneou a cabeça, à procura de onde o ataque partira, e ao localizar seu alvo agachado com uma pistola apontada em sua direção, puxou o ar com muito mais força para dentro de seus pulmões. O ódio dominava todo seu corpo, sua visão estava focada nela. Era sua missão. Tinha que matá-la. Destravou o pino de sua metralhadora colocando a munição e soltando o encaixe, mirou onde a loira estava, apertando o gatilho logo em seguida. Era o corpo de uma metralhadora, acoplado com um fuzil. Lógico que um disparo daquela arma causaria um estrago enorme. Ao ver os movimentos do homem, Raven correu em direção ao meio da rua, tendo seu corpo jogado um pouco para frente quando a explosão atingiu a pequena cafeteria que estava. Embolou em uma cambalhota e se posicionou entre um carro estacionado, tirou a outra pistola de suas costas e agora atirava as duas ao mesmo tempo, uma em cada mão. Passou rapidamente o olhar pelo ambiente à procura do veículo da SHIELD que estava e o encontrou a poucos metros de distância. Quando a munição das duas pistolas acabaram, a mulher se levantou e correu apressadamente e sem olhar para trás, até chegar ao carro da SHIELD. Um pouco afobada, abriu a porta e entrou no veículo. Acionou a chave na ignição e partiu assim que o ronco do motor soou.
Os passos do soldado que antes eram contidos mudaram bruscamente para largos e apressados, esforçando-se o máximo para romper a distância entre eles. Ao notar que a mulher agora estava em um carro, parou bruscamente de andar e mirou a arma em direção a ele, recarregando-a com a munição e atirando em seguida.
Raven estava tentando colocar o cinto de segurança ao mesmo tempo que olhava para a avenida e tentava ligar a inteligência artificial que estava vinculada ao veículo para pedir por reforços. Contudo, antes de virar a esquina, olhou pelo retrovisor buscando pelo soldado. Não teve muito tempo para tomar qualquer atitude a partir disso. Ela olhou pelo retrovisor e encontrou o homem parado no meio da rua, perto do estabelecimento que havia atacado, e a arma dele agora apontava para frente. No segundo em que percebeu que ele iria atirar, atacou urgentemente o cinto e segurou vigorosamente o volante. O grande impacto veio em menos de dois segundos. O carro voou e ao cair no chão capotou três vezes, parando no meio da esquina. Raven estava de cabeça para baixo quando tomou de volta a consciência. Respirava com certa dificuldade devido ao aperto daquela fita de couro em seu tórax e pescoço, um zumbido alto e constante se fazia presente aos seus ouvidos. Tossiu ao se engasgar com a própria saliva e franziu a testa sentindo quando uma fina e quente linha de sangue escorria do seu nariz e ia direto até a raiz de seu cabelo. O cinto a prendia no banco do motorista e ela chegou a pensar que se não tivesse o colocado a tempo, provavelmente agora estaria morta. Com muita dificuldade e sentindo todo seu corpo doer com o movimento, ela se forçou a olhar para trás. Ele estava vindo. Tentou tirar o cinto, mas a trava de segurança estava emperrada. Apertou de novo, não obtendo o resultado que desejava. Conseguia sentir o choro preso em sua garganta crescendo ao mesmo tempo que sua visão embaçava com as lágrimas. Olhou novamente para trás. Ele estava perto. O sangue fazia o caminho contrário ao seu corpo devido a posição que se encontrava, iniciando uma pressão em sua cabeça que a deixava tonta. Passou os olhos ao redor de onde estava, a lataria do carro estava toda amassada. O parabrisa estava um pouco quebrado e os vidros das portas estavam rachados. Fechou os olhos com força. Estava ficando difícil pensar. Pendeu seus braços, pesados e doloridos, para cima, tocando agora o que seria o teto do veículo, e esperou. Não tinha mais o que fazer. A pressão cada vez mais intensa e latejante ao redor de sua cabeça dificultava seu raciocínio. Esperou até que o soldado viesse ao seu encontro e acabasse logo com aquilo. Continuou com os olhos fechados e gemeu em um espasmo de dor que fez sua mão tremer, no segundo seguinte seus dedos tocaram em algo pontudo e que lhe tirou um fiapo de sangue. Com muita dificuldade olhou para cima, encontrando ali um pedaço do vidro do parabrisa. Se não estivesse tão tonta, machucada e cansada, poderia até ter aberto um sorriso aliviado, mas o tempo estava passando e cada segundo perdido lhe dava gradativamente a certeza de sua morte.
Envolveu o pedaço de vidro em suas mãos, não se importando com o corte que ele provavelmente lhe causaria, forçou suas pernas para cima e as apoiou também no teto do carro. Com esforço voltou sua mão para o cinto e agora começou a serrar com força o pedaço de couro. Quando sentiu o aperto em seu tórax afrouxar, a agente largou o objeto e sustentou com dificuldade o peso do seu corpo enquanto suas pernas a impulsionaram para frente, atingindo em cheio o parabrisa. O impacto fez com que o vidro minimamente saísse do lugar, mas a brecha ainda era pequena demais para que conseguisse passar. Escutou quando os passos do soldado agora bateram forte no chão e juntando toda a força que lhe restava, chutou mais uma vez o vidro, agora o lançando para a rua. Todo o parabrisa caiu, e o barulho do impacto só fora abafado pelo som estridente do soldado invernal tentando arrancar a porta com seu braço biônico. Jamais desejaria continuar ali para ver o que aconteceria depois que o moreno arrancasse aquela porta. Por isso, ao notar novamente o esforço do homem, Raven se esganiçou pelo parabrisa e saiu correndo, virando a esquina. Ao olhar para trás, antes de perder a visão daquela cena, ela viu quando o soldado invernal puxou a porta do veículo e a jogou do outro lado da rua, como se fosse feita de papel. Não esperou para que ele a procurasse ou percebesse que já não se encontrava mais ali. Correu freneticamente até parar em uma rua movimentada. Seu nariz sangrava. Sua mão sangrava. Seu rosto estava sujo de poeira e sangue seco. Seu cabelo estava emaranhado e bagunçado. Sua roupa, antes preta, agora estava rasgada e suja. Tinha um corte na lateral do seu antebraço que estava coberto pela jaqueta de couro, mas isso não impedia que o líquido quente e vermelho escorresse e fosse pingando em direção ao chão. Assustou-se quando um carro buzinou as suas costas e virou em um pulo. A senhora que dirigia o veículo a observou e preocupada com a situação da loira, saiu do carro para socorrê-la. Assim que Raven viu a oportunidade, tirou a única pistola que continuou atrás da calça e apontou em direção a mulher. Estava sem munições, mas pelo olhar assustado da mulher a sua frente, aquela ameaça muda havia surtido efeito. A mulher colocou as mãos para cima, em sinal de rendição. Raven se dirigiu até ela e apalpou seus bolsos encontrando um celular. Puxou o aparelho para si e murmurando um "eu sinto muito por isso", atingiu a nuca da senhora com a lateral da pistola. A mulher caiu desacordada no mesmo segundo. Evanoff suspirou cansada, tombando o próprio corpo para dentro do carro, o acelerando logo em seguida. Não se importava com os cortes abertos em seu corpo. Estava viva. Havia sobrevivido há um ataque do Soldado Invernal, era tudo o que importava.
Quando sentiu que sua cabeça estava ficando cada vez mais zonza, a impossibilitando de continuar dirigindo. Se viu obrigada a parar. Assim como cada parte do seu corpo, a cabeça doía. O ar entrava de maneira rarefeita para seus pulmões. Sentia que iria desmaiar a qualquer momento. Forçou o tronco para o lado e pegou o aparelho celular o observando, digitou uma sequência de números muito antiga, quase não tendo esperança de continuar ativa, porém, era tudo o que tinha naquele momento. Esperou pacientemente até o último toque e ao cair na caixa postal levou o celular rente ao vidro e começou a batucar os dedos ali, fazendo com que o contato de seus dedos trêmulos com o vidro produzisse uma sequência específica de som. O destinatário da mensagem iria entendê-la. Bom, ao menos era isso que Raven esperava. Desligou a ligação e deixou o aparelho grudado ao seu tronco. Suspirou exausta e aos poucos foi sentindo seus olhos pesarem. Tombou a cabeça para trás, obrigando-se a continuar em alerta. Se tudo saísse como planejado, aquele celular tocaria nos próximos minutos. Mas estava tão difícil se manter acordada.

Dark Mind Program: Agent 09 | Steve Rogers & Bucky BarnesWo Geschichten leben. Entdecke jetzt