𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏 • Vozes do Além

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Há meses

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Há meses...

ERA QUARTA-FEIRA. A chuva cai sem parar, alagando o extenso gramado da mansão Ravenscroft em Burlington. Os corvos, pobres criaturas, que antes buscavam refúgio nas árvores, agora deviam estar encharcados e tremendo de frio. A madrugada era arrepiante. Os postes de luz tinham queimado horas atrás por causa da tempestade, deixando a mansão em um tremendo breu de escuridão.

O caminho enlameado deixava a travessia escorregadia e perigosa, mas nada impediria Samara de sair dali. Uma mochila de couro desgastada estava em seus ombros. Ela estava com a mão direita direcionando um lanterna para frente e a outra estendida para trás, agarrada a sua filha para não a perder. A jovem estava ofegante, cansada pela corrida que a mãe a fizera ter.

Quase três da manhã. Blair não fazia ideia do que estava acontecendo. Quinze minutos atrás ainda estava em sua cama, em um sonho profundo e sem caos, quando de repente fora acordada com sua mãe a apressando para se vestir, que elas precisavam sair dali. Ela tentou obter respostas, perguntas sobre o que estaria acontecendo, mas sua mãe permaneceu calada.

Estamos fugindo. Blair tinha percebido isso, mas não entendia o motivo. Ela queria perguntar sobre onde estava o pai dela e por que ele não estava com elas. A chuva tornava o caminho difícil de ser prosseguido. Ela estava tentando manter o ritmo o melhor que conseguia, mas já tinha quase caído algumas vezes.

O SUV preto estacionado na frente do portão estava logo ali na frente. Samara praticamente empurrou a filha para dentro do veículo, batendo a porta e correndo da entrar no lado do motorista. Ela arremessou a mochila para o banco de trás, ligando o carro em seguida e apertando o controle para abrir o portão.

Blair chamou pela sua mãe mais uma vez, tentando arrancar uma resposta dela sobre o que ela estava fazendo. Ela nunca tinha visto sua mãe dirigir tão rápido e com pressa. Blair se agarrou ao cinto de segurança como se sua vida dependesse daquilo, com medo de escorregarem com as pistas molhadas ou de capotarem com as curvas fechadas e em alta velocidade.

— Será que pode me falar o que está acontecendo? — gritou Blair desesperada, o som alto das gotas d'água batendo contra o teto metálico a deixando enfurecida. — Mãe!

— Preciso que entenda que há coisas que eu não posso te contar, Mary — respondeu sua mãe, a voz embargada como se estivesse prestes a choras. — elo menos ainda não.

— Não pode me contar? — exclamou, irada. — Você me tirou da minha cama de madrugada e me fez entrar em um carro para ir Deus sabe onde. E nem o mínimo você pode fazer?

— Eu preciso que entenda o meu lado — exaltou-se Samanta, as narinas se abrindo com fúria. Um riso de escárnio saiu de seus lábios pálidos. — Fala em Deus, mas estamos fugindo do Diabo!

Ah, que ironia maléfica. Era impossível fugir do Diabo. Ele sempre estava a espreita, esperando o momento para atacar e dar-lhe o golpe fatal. E ali, no meio da pista molhada de asfalto, estava ele em sua mais monstruosa forma.

Bloody Mary ✹ 𝐓𝐲𝐥𝐞𝐫 𝐆𝐚𝐥𝐩𝐢𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora